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sábado, 27 abril, 2024

O futuro do saneamento passa pela tecnologia

O desafio do saneamento do Brasil pode ter um facilitador: as tecnologias. Mas investir é fundamental

Por Robson Maia

Assim como em todas as áreas da sociedade, a tecnologia se apresenta como uma grande aliada no avanço e aperfeiçoamento do saneamento básico no Brasil. As inovações utilizadas nessas atividades desempenham um papel fundamental na promoção da saúde pública, na conservação do meio ambiente e no desenvolvimento sustentável das comunidades.

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Desde a aceleração nos processos de obtenção da água potável segura até a gestão adequada de resíduos, a utilização de aparatos tecnológicos passou a ocupar uma posição estratégica no debate em torno da necessidade de universalização do saneamento no país.

Hoje, recursos como a “Internet das Coisas” (ou IoT, na sigla em inglês, Internet of Things), por exemplo, está entre as tecnologias utilizadas para aumentar a eficiência dos serviços de saneamento básico. Na plataforma, que conta com sofisticados sensores online, clientes consultam dados sobre consumo e enviam informações instantâneas a uma central.

O resultado é eficaz: medição de água mais precisa e em tempo real, além de identificar possíveis desperdícios. Em entrevista ao portal G1, Samuel Lee, vice-presidente de Vendas e Marketing da Itron (empresa que fornece essa tecnologia) os departamentos que adotaram a tecnologia observam os resultados na prática.

Algumas dessas tecnologias podem aprimorar a gestão de recursos e acelerar processos, como destaca o engenheiro ambiental Luiz Fernando Schettino, que é Mestre e Doutor em Ciência Florestal.

“As operações que ocorrem em ETAs e ETEs, para suas maiores eficiências e menores custos, dependem do uso de tecnologias adequadas, entre as quais de um bom sistema de gestão e informação; ou seja, de ferramentas de tecnologia da informação e o uso de Inteligência Artificial que, juntamente com equipamentos diversos, sensores e medidores de concentração e/ou parâmetros de qualidade, possibilitam melhor gestão, menores custos e mais eficiência”, apontou o ex-professor da Universidade Federal do Espírito Santo.

Outra tecnologia revolucionária pode solucionar um gargalo na etapa de filtração, que concentra boa parte do processo nas ETAs. Em anos anteriores, era comum que essa fase do tratamento de água fosse realizada com grandes filtros de areia. Hoje, observa-se um movimento para a operação com membranas. Apesar do alto custo de implantação, essa tecnologia reduz a área de ocupação, ou seja, o espaço físico, para a implementação de novas ETAs e permite sua instalação em locais onde antes era inviável.

“O grande desafio é reduzir ou eliminar o déficit de saneamento básico, notadamente no que se refere à melhoria dos indicadores dos serviços de água, esgotamento sanitário e coleta e tratamento de lixo ofertados à população. Investindo em tecnologias, a capacidade operacional e a quantidade de estações pode ser expandida. E, repito, investir não é gasto, pois é com isso que vai ser possível contemplar os números desejados”, disse Schettino.

“Sabemos que o uso das melhores tecnologias traz redução de custos a longo prazo. Vale lembrar que a adoção dessas ferramentas abre a possibilidade de uma maior gestão e controle das operações, chegando em locais que por muito tempo era quase impossível. Isso sem contar a proteção ao meio ambiente e os benefícios para a sociedade, seja na indústria, nos meios urbanos e rural, turismo, saúde, educação”, destacou o engenheiro ambiental.

Startups: a engrenagem da tecnologia de inovação

Em constante expansão no mercado brasileiro, as startups despontam no saneamento como um setor fundamental para o avanço de tecnologias de inovação e aprimoramento de recursos.

Um exemplo é a startup Ajusta Água, que oferta a automatização da atualização cadastral, em situação similar à Itron. Por meio de um sistema de georreferenciamento, a plataforma desenvolvida identifica padrões e características recorrentes de consumo de água, o que permite apontar possíveis inconsistências cadastrais e, consequentemente, reduzir os índices de perdas de água.

A ferramenta, desenvolvida em solo brasileiro, é fruto da parceria entre as inovadoras Mariana Nahas e Marina Schuh, e contou também com o apoio da BRK, empresa privada de saneamento básico presente em mais de 100 municípios brasileiros, como Cachoeiro de Itapemirim, região sul do Espírito Santo.

A companhia auxiliou as fundadoras em todas as fases do desenvolvimento do negócio e ajudou a transformar o que era apenas uma metodologia em uma empresa em uma iniciativa com potencial de atender companhias de saneamento de todo o país.

“Tivemos um grande apoio da BRK, a empresa abriu as portas para nos auxiliar e nos apoiou em todas as etapas da estruturação da startup. Desde o início, nossa missão era criar uma solução capaz de otimizar o processo de atualização cadastral, pois sabemos das dificuldades enfrentadas pelas pessoas que precisam fazer esse serviço presencialmente, com a checagem individual de endereços”, explicou Nahas em entrevista ao website da BRK.

Já a startup capixaba Zero Esgoto apresenta uma inovação que pode ser determinante em questões ambientais. A tecnologia desenvolvida pela empresa, que nasceu em Irupi, região sul do Espírito Santo, consegue tratar o esgoto e devolver ao meio ambiente como água limpa em um intervalo de apenas seis horas.

O trabalho desenvolvido gerou reconhecimento internacional à empresa, que hoje possui grandes parceiros, como a Vale, em 13 estados brasileiros. Em outubro de 2022, a Zero Esgoto participou de um evento em Singapura, na Ásia, em um encontro que reuniu as principais tecnologias de inovação mundial.

“Essa biotecnologia parece mágica, mas é simplesmente ciência. Ela transforma literalmente o esgoto, as fezes, o cabelo e as unhas em água classe dois. É um blend de bactérias que degrada esse esgoto, transformando-o, através de hidrólise, em água tratada e limpa para ser devolvida para a natureza”, explicou o acelerador da startup, Célio Sathler, em entrevista na ocasião.

Esta matéria foi originalmente publicada na Revista ESBrasil – setembro/2023. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi originalmente escrita.

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