Estamos cada vez mais convertidos ao mundo digital. Com o Metaverso, estaremos passando a viver divididos entre o mundo real e o virtual
Por Pablo Alencar
Peter Diamandis é um dos nomes mais respeitados quando se pensa em tecnologia e inovação. Ele é fundador e diretor da Singularity University, um dos ícones do Vale do Silício, a meca da inovação no mundo.
Diamandis é uma referência no pensamento exponencial, que estabeleceu uma nova ordem nos mercados que impacta diretamente a forma como vivemos.
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Nossos pais e avós viveram em um mundo linear. Nós estamos vivendo a passagem para um mundo exponencial, seus benefícios e também os seus problemas.
Se você melhorar, qualquer coisa que seja, 1% a cada dia, ao final de um ano estará 37x melhor. Isso é crescimento exponencial.
Para explicar o crescimento exponencial, Diamondis criou o “Modelo dos 6D´s”. Foi baseado nesse conceito que surgiram empresas como Uber, Netflix, Waze e todo o universo de startups.
A primeira etapa do crescimento exponencial é a Digitalização. Foi assim com os filmes, que antes precisavam ser retirados fisicamente em uma locadora. Agora você assiste sem ter que sair de casa através da tecnologia de streaming, que “digitalizou” as fitas de videocassete (nossa, quanto tempo!!!) e os DVDs.
Assim como nos negócios, estamos cada vez mais convertidos ao mundo digital. Com o Metaverso, estaremos nós mesmos sendo digitalizados e passando a viver divididos, por enquanto, entre o mundo real e o virtual.
Como falei no início desse texto, até mesmo os problemas estão sendo digitalizados.
Pouco tempo atrás, quando um carro parava de funcionar, as pessoas desciam para empurrar para ver se pegava “no tranco”. Agora, talvez um comando CTRL+ALT+DEL resolva o problema.
Boa parte da nossa vida já está dentro dos nossos celulares: contas de banco, e-mail, fotografias, arquivos de senhas, músicas e com isso a tecnologia nos presentou com um novo time de crime: o cibernético.
Em 2021, segundo a consultoria alemã Roland Berger, o Brasil foi o 5º país com mais crimes cibernéticos. Foram 88,5 bilhões (você leu certo, BILHÕES) de tentativas de ataques. Um aumento de 950% em relação a 2020.
Os tipos de golpes variam muito, bem como o seu alvo, alcançando tanto o cidadão (você) quanto grandes empresas.
A principal ameaça para as empresas em 2022 são os Ramsomwares, aplicativos que sequestram dados eletrônicos.
O Ransomware usa criptografia, mantendo arquivos e sistemas reféns. Teoricamente, quando a vítima paga o valor do resgate, ela recebe a chave de descriptografia, liberando os arquivos ou sistemas bloqueados.
No ano passado, a brasileira JBS (dona das marcas Seara e Friboi, entre outras) sofreu um ataque nas suas filiais nos Estados Unidos e Austrália. Para recuperar os dados, teve que pagar um resgate de US$ 11 milhões.
Já nos casos das pessoas físicas, o principal alvo atualmente é o celular. E não é por acaso. Impulsionada pela pandemia do COVID, em 2021, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), 67% das transações bancárias no Brasil se dão por meio digital. Os tipos de ataques variam, mas a origem é quase sempre a mesma: a instalação no seu celular de um aplicativo para exploração remota capaz de burlar até mesmo os sistemas de biometria, como reconhecimento facial ou impressão digital, dos aplicativos dos bancos.
Vivemos novos tempos, digitalizados e altamente conectados, e com isso chegam novos problemas. O ponto mais importante é o compartilhamento de conhecimento sobre os possíveis riscos e as melhores forma de evitá-los.
Algumas dicas bem simples, mas muito importantes para atuar de forma preventiva:
1 – Baixe somente aplicativos das lojas oficiais (GooglePlay para celulares Android) e AppStore (para celulares com o IOS);
2 – Não faça download de arquivos no seu aplicativo de e-mail de fontes não confiáveis;
3 – Não mantenha o e-mail de recuperação de senhas no seu celular;
4 – Use o reconhecimento biométrico apenas para o desbloqueio do aparelho. Não habilite o recurso para acesso a aplicativos bancários;
5 – Instale um antivírus no seu celular.
Além das medidas de prevenção, um bom seguro pode ser um grande aliado. O seguro contra ataques cibernéticos (Cyber Risks) para as empresas já é uma realidade no Brasil, sendo inclusive a modalidade de seguro que mais cresce.
Já a proteção para pessoas físicas ainda encontra-se limitada ao roubo ou quebra do aparelho, sem nenhuma proteção para o sequestro de dados ou o acesso às suas contas bancárias por terceiros. A Susep, órgão que regula o mercado de seguros, estudo em breve lançar esse tipo de proteção.
Atualmente são 8.000.000.000.000 (oito trilhões) de ataques cibernéticos por dia em todo o mundo, que atingem 90 mil pessoas e empresas a cada segundo. Só em 2021, a estimativa é que esses golpes custem cerca de US$ 6 trilhões à economia global.
A questão não é SE você será uma vítima, mas sim QUANDO isso vai acontecer.
Foco na prevenção.
Pablo Alencar, sócio e Head da Valor. Planejador Financeiro CFP®, Administrador de Empresas, Corretor de Seguros, Business Certificate pela University of California, MBA em Gestão de Negócios Internacionais pela FGV e xBA Xponetial Business Administration pela Startse e Nova School Portugal.