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sexta-feira, 19 abril, 2024

Novo Ensino Médio entra em vigor este ano

Aumento de carga horária, divisão do currículo em duas partes, mudanças em material didático e foco na formação de um aluno protagonista são algumas das mudanças previstas

Por Leulittanna Eller Inoch

Mudanças significativas na educação batem à porta com a entrada em vigor neste ano do chamado Novo Ensino Médio. O termo aluno protagonista – citado 46 vezes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é o conjunto de orientações para reelaboração dos currículos das escolas do Brasil – explica as principais mudanças que serão implantadas nesse segmento.

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De acordo com o diretor pedagógico do Centro Educacional Leonardo Da Vinci, Mário Broetto, a principal novidade é que o aluno será trazido para o centro do pensar a educação. “Até aqui, o modelo era o professor conduzindo o aluno. Essa lógica será invertida. O aluno precisará ser protagonista; aquele que não espera, mas vai em busca. Isso impacta os métodos de ensino, pois a sala de aula tradicional favorece o passivo, e os projetos e as metodologias colaborativas, o ativo. E também implica em estimular a autonomia. Um aluno que chega assim no Ensino Superior ou no mercado de trabalho não vai só copiar os modelos, mas sedimentá-los e construir novos degraus de conhecimento. É isso que se deseja”, explica.

Na prática o currículo do Novo Ensino Médio será dividido em duas partes: uma formação geral básica, que terá conteúdos menores em quantidade e profundidade em relação ao que acontece atualmente; e os itinerários formativos, que se organizam em quatro eixos estruturantes: Investigação Científica, Processos Criativos, Mediação e Intervenção Sociocultural, e Empreendedorismo.

“Um estudante interessado em engenharia, por exemplo, terá uma visão de física mais profunda e aplicada. Isso significa que ele será mais conhecedor de algumas áreas e nem tanto de outras. Também será possível que outro tenha uma conversa de alto nível sobre política, mas não se destaque tanto em matemática”, exemplifica.

É nesse ponto que os principais questionamentos podem surgir, supõe o diretor pedagógico. “São mudanças radicais. Todos nós fomos formados no modelo antigo que priorizava os conteúdos. Éramos obrigados a saber todas as capitais do mundo, por exemplo. Por isso, num primeiro momento, pode haver a percepção de que a escola ficou mais fácil. Contudo, entendidos os objetivos, as mudanças de paradigmas serão positivas, apesar de desafiadoras”, desabafa.

O primeiro desafio é o aumento da carga horária do Ensino Médio, que passa de 800 para mil horas anuais, sendo 60% de formação básica e 40% de itinerários formativos até o final do Ensino Médio. “No Leonardo Da Vinci, como só temos a modalidade integral, já oferecemos em torno de 1.500 horas anuais. Mas na maioria das instituições, serão necessárias ampliações”, orienta.

Com a missão de carga horária vencida, outras surgem, como o fim da listagem de conteúdos obrigatórios. O principal cuidado, para o diretor, será no sentido de não trabalhar de forma fragmentada. “No Novo Ensino Médio, não existem as disciplinas de química, física e biologia, mas de Ciências da Natureza. Isso pressupõe que elas se entrelacem. Podemos permanecer com os nomes das matérias originais, mas temos que garantir que elas se comuniquem, que haja interdisciplinaridade. Não temos no Brasil professores de Ciências da Natureza, temos de química, física e biologia. Isso exige um intenso processo de formação, que já iniciamos, para capacitá-los a aglutinar em prol da integralidade do processo, derrubando qualquer barreira de que uma matéria é mais importante que a outra”, comenta.

Fundamentais no processo de educação, mudam também os materiais didáticos. “Para trabalhar nessa nova perspectiva, adotaremos já em 2021 na 1ª série apostilas do sistema de ensino que integramos, as do PH. Elas já foram escritas seguindo a lógica do Novo Ensino Médio, aglutinando de forma harmoniosa as ciências”, detalha.

Enem 2023

Todas essas mudanças culminam com a alteração em 2023 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mário explica que no Da Vinci, em 2021 as 1as séries serão o primeiro grupo a aderir ao Novo Ensino Médio. Em 2022, serão contempladas as 1as e 2as series, e em 2023, todas, já que o Enem 2023 já contemplará as mudanças e será dividido em dois para contemplar as duas áreas do novo currículo.

Otimista, o diretor vê como positivas as mudanças, mas ressalta que a mobilização é grande. “Não tem sido simples, o processo de formação das equipes técnicas e docentes é semanal e intenso, mas tudo culminará com a formação de um novo e mais preparado aluno egresso do Ensino Médio para as demandas do mundo contemporâneo”, finaliza.

 

 

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