Especialista fala das causas, problemas, diagnóstico e tratamento da obesidade
Por Rafael Goulart
Na trincheira contra a epidemia de obesidade que acomete boa parte do ocidente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 04 de março como o “Dia Mundial da Obesidade”.
De acordo com a instituição, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo estão obesas e o número continua a aumentar atingindo adultos, cerca de 650 milhões, adolescentes, 340 milhões e até crianças, 39 milhões. A projeção é que até 2035, 25% da população mundial esteja obesa.
A OMS alerta que a obesidade afeta a maioria dos sistemas do corpo, interferindo no funcionamento de vários órgãos, como o coração, fígado, rins e do sistema reprodutivo. Essas alterações podem levar a uma série doenças nãos transmissíveis: diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e várias formas de câncer, além de afetar a saúde mental das pessoas.
A pessoa que está obesa também entra no grupo de “pessoas com comorbidades”, o que significa que quando doentes por outras causas, como a Covid-19 ou Dengue por exemplo, há um risco maior de complicações.
Ainda de acordo com a OMS, a obesidade é o segundo fator de risco evitável para o desenvolvimento de cânceres, ficando apenas atrás do tabagismo. A organização estima que cerca de 30% dos cânceres estão relacionados a obesidade.
“Além de uma série de outras doenças, a obesidade está associada ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, como o de mama, o de colón, de ovário, endométrio e esôfago”, ressaltou a médica oncologista Virgínia Altoé Sessa.
Mas quando saber a hora de procurar um médico? O que causa e quais problemas podem estar associados com a obesidade? Confira a entrevista com a médica endocrinologista Gisele Lorenzoni.
Entrevista
ES Brasil – Por que a obesidade é considerada doença?
Dra. Gisele Lorenzoni – A obesidade é uma doença crônica. Ela é considerada uma doença por múltiplos fatores, como social, genético, metabólico, psicológico e ambiental. Ou seja, não é apenas comer excesso, ou não praticar atividades físicas, não ter uma alimentação saudável, são vários fatores que juntos podem causar a obesidade, e ela pode desencadear outras doenças no organismo, devido ao acúmulo de gordura no corpo.
O que causa?
Muitos afirmam que a obesidade parte de uma questão da força de vontade do indivíduo em controlar alimentação, fazer dietas – da sua responsabilidade social – mediante uma indústria de alimentos e bebidas processados que colaboram com o sobrepeso.
Como tratar?
Buscar uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e cuidar do bem-estar, da saúde mental como um todo, e em último caso, como medicação, e cirurgia.
Quando é hora de procurar um médico?
Com a medição do IMC já constatando grau 1, pode procurar um médico, mas o caso grave, o de grau 3 é imprescindível a procura do médico para auxiliá-lo no tratamento. O paciente obeso sabe quando dores e dificuldades o afetam e que é chegada a hora de auxílio médico.
Como é feito o diagnóstico?
Pela medição do IMC (Índice de Massa Corporal).
Toda pessoa com sobrepeso precisa necessariamente atingir o IMC padrão?
Sim, o IMC . Na verdade, o IMC é uma estimativa do peso ideal da pessoa em relação à sua altura e ajuda a classificar o grau de obesidade que o paciente tem. O IMC ele serve para ter uma ideia se seu peso está correto, em relação a sua altura e para classificar a pessoa em baixo peso, peso normal, sobrepeso e obesidade. Também definir os níveis de obesidade que essa pessoa encontra, se está obesidade grau 1, 2 ou 3.
Há alguma atualização sobre as relações do IMC?
Não. O que a classe médica vem realizando desde o ano passado é uma nova medida justamente pelo IMC não medir a massa muscular, gordura e estrutura óssea do paciente. Assim, criou-se um cálculo onde se mede a proporção de cintura-estatura, que vai direto ao ponto ao detectar a gordura da barriga. Mede-se o tamanho da cintura que tem ser menor que a metade da altura.
Quais os maiores riscos da obesidade?
A obesidade é um grande problema de saúde e que deve ser tratado como uma doença crônica, associada a principais causas de morte, como doenças cardíacas, derrame cerebral, diabetes
Qual a relação com outras doenças?
O excesso de gordura corporal pode causar uma maior probabilidade de doenças cardíacas, AVC (acidente vascular cerebral), diabetes, apneia do sono, osteoartrite, cânceres e transtornos psiquiátricos. Os órgãos atingidos vão desde coração, fígado, pâncreas, pulmões, cérebro, até articulações.