Além disso, os resultados destacaram um aumento nos níveis de glicose, triglicerídeos, circunferência da cintura e pressão arterial
Por Kebim Tamanini
Enquanto muitos de nós dormem tranquilamente durante a noite, há setores profissionais que não conhecem o repouso noturno. Da área da saúde à segurança pública e até mesmo aos espaços de alimentação que operam 24 horas por dia, existe uma força invisível de trabalhadores que mantém a sociedade funcionando enquanto o mundo descansa. No entanto, uma questão persiste: o trabalho noturno faz bem para a saúde?
Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mergulhou nessa questão, revelando descobertas preocupantes sobre os efeitos do trabalho noturno no organismo humano. O desalinhamento do ciclo circadiano, o ritmo biológico dos seres humanos, emerge como um dos principais vilões desse cenário, impactando negativamente o metabolismo e aumentando o risco de condições como obesidade e diabetes.
“Verificamos uma alteração nos genes relacionados ao estresse do retículo endoplasmático, uma organela crucial nas células, induzida pela mudança nos padrões de sono dos trabalhadores”, relata o cientista biomédico da FMRP, Rafael Ferraz Bannitz. Essa alteração, segundo ele, pode comprometer as reações fisiológicas responsáveis pela proteção contra agentes oxidantes, acarretando efeitos adversos como o envelhecimento precoce.
Os resultados do estudo também destacam um aumento preocupante nos níveis de glicose, triglicerídeos, circunferência da cintura e pressão arterial entre os trabalhadores hospitalares noturnos, quando comparados aos seus colegas diurnos.
A pesquisa foi realizada com base em uma amostra de 20 trabalhadores diurnos e 20 noturnos, submetidos a uma jornada de trabalho de 12 horas por 36 horas de descanso, por pelo menos cinco anos em um hospital de Ribeirão Preto, apontando para um cenário alarmante.