Esse gerenciamento requer habilidades específicas que não são ensinadas durante a formação médica, e impacta em todos os ramos, inclusive na fidelização do paciente
Por Jaiara Simoes
A excelência de um médico é associada à habilidade de diagnosticar, tratar e cuidar dos pacientes. O gerenciamento da profissão requer habilidades específicas que não são ensinadas durante a formação médica e, é fundamental reconhecer as limitações para garantir o sucesso do negócio e o bem-estar de pacientes a longo prazo, com uma gestão eficiente.
Questões como finanças, contratação de pessoal, jurídico preventivo, marketing e conformidade das leis e resoluções éticas são apenas algumas das muitas responsabilidades a se enfrentar diariamente. A gestão impacta em todos os ramos da atuação, inclusive na fidelização do paciente.
Como ponto de partida, ao pensar em abrir uma clínica com parceiros, jamais o médico deve deixar de fazer um contrato de sociedade. Esse documento não é o mesmo de abertura do CNPJ e requer maior atenção. Além disso, vejo dificuldades na precificação dos serviços. A falta de compreensão sobre como estabelecer preços justos pode levar a déficits financeiros. O resultado disso é a retirada de investimentos do próprio bolso do médico, limitando a capacidade de expansão e melhorias.
Podemos falar, ainda, na ausência de contratos com parceiros e fornecedores. O primeiro pode trazer consequências jurídicas se não for delimitada as responsabilidades de cada um. O segundo, pode levar a falta de suprimentos essenciais e de suporte técnico necessário para manter a clínica funcionando, o que pode influenciar na sobrevivência da clínica e no fluxo de atendimento.
Um ponto essencial mas esquecido são os documentos que asseguram o dever de informar, como o termo de consentimento. Bem estruturado e específico para cada procedimento/tratamento, ele pode mitigar condenações médicas altas e, o mais importante, traz segurança ao paciente em ver que o médico se preocupa com o paciente além da técnica.
Some-se a tudo isso, frequentemente subestimada na gestão eficiente de clínicas médicas é o treinamento da secretária e equipe. A secretária, em especial, desempenha um papel vital não apenas no atendimento ao paciente, mas também na conversão de leads. A falta de capacitação adequada pode resultar em alta rotatividade, porém, um bom treinamento contribui para uma experiência positiva e fidelização, além de transmitir autoridade e confiança aos pacientes.
Em vez de tentar fazer tudo sozinho, os médicos deveriam considerar a terceirização de serviços de gestão para profissionais especializados e qualificados para garantir que a clínica seja administrada de forma eficiente e profissional. Quando o médico, sem conhecimento, incorpora toda a responsabilidade pela gestão da clínica, ele compromete a qualidade dos serviços oferecidos e pode até mesmo afetar a saúde mental e o bem-estar pessoal.
Ao delegar tarefas de gestão para especialistas eles podem se concentrar no que fazem de melhor: cuidar de seus pacientes. Isso não apenas melhora a qualidade dos serviços prestados, mas também permite que os médicos alcancem maior satisfação em sua vida.
Jaiara Simoes é advogada, empresária, palestrante e mentora de advogados.