A faixa etária que teve o maior avanço no índice de desemprego desde 2015 foi aquela entre 50 e 59 anos.
Segundo o Estado de São Paulo, o número de pessoas desempregadas há mais de dois anos dobrou de 2015 para cá, com o prolongamento da crise econômica.
De acordo com dados do IBGE, esse grupo já soma quase 3 milhões de pessoas sem emprego fixo e com baixa perspectiva de se recolocar no mercado de trabalho.
Para esses trabalhadores, a busca pelo emprego virou uma corrida contra o relógio, já que quanto mais tempo fora do mercado, maior a dificuldade para retornar.
A situação é mais complicada entre os profissionais com idade entre 18 e 24 anos e 30 e 39 anos.
Só nessas duas faixas, o número de pessoas sem emprego há mais de dois anos soma 1,5 milhão.
“Em geral, essas pessoas têm menos qualificação. Com o passar do tempo, não conseguem mais entrar no mercado de trabalho”, afirma o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo ele, esses profissionais vão começar a sentir ainda mais esse efeito quando a economia voltar a crescer e demandar mão de obra.
Além de enfrentar o preconceito das empresas em relação ao tempo sem um emprego fixo, também podem sofrer com as mudanças tecnológicas.
Para Barbosa, esse grupo vai merecer atenção especial, caso contrário a crise atual terá efeitos permanentes em sua empregabilidade.
Se para os jovens a situação é complicada, entre os mais velhos chega a ser dramática. Embora não represente o maior número de pessoas sem trabalho há mais de dois anos, a faixa etária que teve o maior avanço no índice de desemprego desde 2015 foi aquela entre 50 e 59 anos.
Esse grupo cresceu 140% e passou a somar 248 mil pessoas. “Uma característica dessa crise é exatamente o fato de que vários chefes de família estão perdendo o emprego”, afirma o economista Renan De Pieri, professor do Insper. “São pessoas mais experientes e que ganham mais.”
TECNOLOGIA
Uma delas é a rapidez das mudanças tecnológicas na economia. “Se um profissional que está na ativa já sente a mudança de tecnologia, imagine uma pessoa que fica dois, três ou quatro anos desempregado”, alerta Barbosa.
FLEXIBILIDADE
Segundo o diretor executivo da empresa de recrutamento Michael Page, Ricardo Basaglia, depois de uma crise os empregos não voltam com as mesmas características, o que exige dos candidatos maior flexibilidade para se adequar às novas funções.
Num primeiro momento, diz ele, o trabalhador se mostra resistente a mudanças e à redução da remuneração. Mas com o passar do tempo e o afastamento do mercado, ele começa a ser mais flexível.
“Nesse momento, ele terá de responder ao empregador por que está há tanto tempo fora do mercado de trabalho.”