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quarta-feira, 1 maio, 2024

Investimento chinês no Brasil caiu 78% em 2022

Valor chegou a US$ 1,3 bilhão e atingiu menor patamar em 13 anos

Por Anderson Neto

O volume de investimentos chineses no Brasil despencou 78% em 2022 em relação ao ano anterior. O valor chegou a US$ 1,3 bilhão, o menor patamar registrado em 13 anos, de acordo com estudo publicado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) na última terça-feira (29), que destacou redução dos projetos que envolvem grandes volumes de recursos.

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De 2021 para 2022, o Brasil saiu do topo da lista de destinos que mais receberam investimentos chineses no mundo para a 9ª posição, aponta o relatório. Também houve uma piora na taxa de efetivação dos empreendimentos chineses, em um ano em que o investimento total da China no exterior registrou alta, ainda que modesta.

O documento, elaborado pelo diretor de Conteúdo e Pesquisa do CEBC, Tulio Cariello, destaca que a diminuição dos fluxos chineses para o país ocorreu em meio a um forte crescimento dos investimentos estrangeiros como um todo no Brasil, que saltaram 95% no ano e alcançaram US$ 90,6 bilhões, segundo o Banco Central – o maior nível em dez anos.

O relatório afirma que a retração observada nos aportes chineses não necessariamente reflete um desinteresse da China em investir no país, sendo resultado da não efetivação de algumas poucas iniciativas nas áreas de mineração e energia que representavam grande volume de recursos.

Em 2022, o volume de investimentos chineses anunciado foi de US$ 4,7 bilhões, mas apenas 27% foi de fato realizado. No ano anterior, a totalidade dos US$ 5,9 bilhões anunciados acabou confirmada.

 “A diferença de valor entre projetos anunciados e confirmados é explicada pelo fato de alguns investimentos particularmente intensivos em capital necessitarem de uma série de licenças para o início de suas operações, o que eventualmente pode adiar sua execução”, afirma o estudo.

Como exemplo, foi citado um investimento de US$ 2,1 bilhões anunciado em 2022 pela companhia Honbridge e que não foi efetivado no mesmo ano em razão da necessidade de obtenção de licença ambiental prévia para mineração.

Cariello afirmou que a queda percentual também é explicada pelo que chamou de uma distorção na base comparativa interanual, já que em 2021 houve dois projetos na área de petróleo que somaram quase US$ 5 bilhões e levaram o setor a responder por 85% dos aportes chineses no Brasil naquele ano.

O pico de investimentos chineses no Brasil foi registrado em 2010, com a entrada de US$ 13 bilhões. De 2007, início da série do CEBC, até 2009 os fluxos ficavam abaixo de US$ 500 milhões. Em 2019, o valor foi de US$ 5,6 bilhões e, em 2020, com a pandemia, o fluxo caiu a US$ 1,9 bilhão.

O documento argumenta que, apesar da queda do valor investido, o número de projetos anunciados no país chegou a 40 no ano passado, segundo maior da série, atrás apenas das 41 iniciativas observadas em 2018.

Indicadores apontando desaceleração da economia chinesa, em meio a crises recentes de grandes empresas imobiliárias do país, têm gerado preocupação entre autoridades de diversos países, incluindo Brasil, por receio de o gigante asiático estar perdendo a capacidade de crescer de maneira sustentada e robusta.

Volume global cresceu

Enquanto o volume de recursos direcionados ao Brasil caiu, os investimentos chineses no mundo apresentaram uma alta moderada, de 2,8% no ano passado, a US$ 116,8 bilhões, de acordo com dados oficiais do governo chinês coletados pelo autor do estudo.

O documento cita cenário internacional desafiador, sobretudo a partir de 2020, com o acirramento da disputa entre Estados Unidos e China, a pandemia de Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia.

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