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sexta-feira, 26 abril, 2024

Inflação: 05 motivos que pressionam o índice no ES e no Brasil

Economista capixaba explica como e porquê alguns fatores estão provocando o aumento da inflação e a alta dos preços

Por Amanda Amaral

Que a inflação faz os preços subirem e aperta o orçamento, não é novidade. Porém, quais os fatores que influenciam este índice? A ES Brasil conversou com o membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Vaner Corrêa, sobre os problemas inflacionários de hoje no Espírito Santo e no Brasil.

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O especialista listou os 5 motivos de maior destaque: a pandemia; o valor dos barris de petróleo; crise hídrica; problemas com as safras de grãos; e o período eleitoral.

Vale ressaltar que, em 2021, a inflação alcançou 10,06%, o maior nível do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde 2015. Mas a expectativa é de que ela caia pela metade em 2022, segundo Correia. “Essa inflação partiu de julho de 2021 e começou a enfraquecer com tendência a fechar em torno de 5% esse ano”, comentou.

Pandemia em 2021 e 2022

Houve grande impacto em setores como o de serviços e o da indústria durante o período da pandemia, em 2020 e 2021. Corrêa destaca que, com a vacinação, a demanda voltou a se restabelecer e a economia a se recuperar, porém algumas cadeias produtivas ainda não estavam completamente restauradas.

“Os setores começaram a ter pungência, mas também vieram as consequências. Entre elas, a demanda global que foi muito grande, com a economia ainda se recuperando. Em junho de 2020, o Índice Geral de Preços do Mercado, o IGPM, começa a crescer e a contaminar o IPCA, em setembro de 2020. Fechamos 2021 com uma inflação de 10,6%. No mesmo período, os EUA fecharam com 7% e a Europa com 5%, algo inédito”, explicou Corrêa.

Alta das Commodities

Em sua análise, ele complementa: “Isso também influenciou as commodities, principalmente o petróleo. O preço dos barris aumentou muito com relação à 2020, e isso traz impactos no Brasil por conta do aumento dos preços dos combustíveis. O transporte no nosso país é essencialmente rodoviário”, afirmou.

O problema é discutido pelo Governo Federal e os estados. Na tentativa de segurar o preço, o Espírito Santo, mais 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, aprovaram a manutenção do congelamento do Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF) dos combustíveis por mais 60 dias.

Crise Hídrica e Safra de Grãos

A crise hídrica e os problemas com as safras de milho, cana-de-açúcar e até de café encareceram estes produtos e seus derivados. Usado na alimentação de gado, o milho teve impacto no preço da carne. A redução da colheita de cana afetou o preço da gasolina.
“Tivemos pressões inflacionárias de todos os lados, 2021 começou com a Taxa Selic ainda bem baixa, mas o Governo foi aumentando, porque aumentando os juros, você desacelera o consumo. Além disso, com o aumento do dólar, a nossa moeda se deprecia e a gente traz a inflação de fora para o Brasil”, comentou o economista.

Inflação: 05 motivos que pressionam o índice no ES e no Brasil
O economista lembrou dos problemas relacionados à crise hídrica e a safra de grãos. Foto: Vagner Corrêa

 Eleições 2022

Além disso, cabe ressaltar que estão previstas eleições majoritárias este ano no Brasil, um cenário que causa muitas incertezas. Até este período, segundo Corrêa, o mercado financeiro tende a ficar instável.

“Com incertezas, o investidor estrangeiro fecha a mão. Além das questões políticas, você tem as pressões em cima do orçamento público nacional, tem aumento de precatório, contratação de servidores públicos, entre outras situações. Isso desiquilibra as contas públicas, porque o Estado precisa emitir mais títulos”, explica.

Taxa de Juros

No último relatório Focus, do Banco Central, as projeções do mercado financeiro para a inflação em 2022 foram elevadas novamente, desta vez para 5,38%. Porém, a meta está projetada para 3,50%, com tolerância de 2,0% a 5,0%. Ou seja, o documento indica que novamente o índice deve fechar o ano acima do planejado pelo Governo Federal.

“Subir a taxa de juros para conter a inflação pode ser um remédio amargo, caso os limites dessa medida sejam ultrapassados, mas como temos hoje um Banco Central independente, isso fica mais fácil de se controlar”, disse Corrêa.

O Comitê de Política Monetária (Copom) deu início a primeira reunião de 2022 para definir a taxa básica de juros, a Selic, nesta terça-feira (01). Pela primeira vez em cinco anos, os juros deverão atingir os dois dígitos. Com a alta da inflação, a previsão das instituições financeiras é de que a Selic deve subir de 9,25% para 10,75%.

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