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quarta-feira, 8 maio, 2024

Especialista em tricologia fala sobre o uso de Minoxidil oral no tratamento da calvície

Fármaco utilizado inicialmente para controle da pressão arterial tem sido uma nova arma contra a queda de cabelo

Por Paula Bourguignon

A busca por soluções para amenizar a queda de cabelo ou para encontrar respostas efetivas para evitar calvície ganhou um novo e importante personagem nos últimos tempos: o remédio Minoxidil, administrado por via oral.

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Utilizado ainda de forma off-label, o que significa que é prescrito para tratamentos diferentes dos que são indicados na bula, o Minoxidil tem conquistado bons resultados, quando administrado da forma adequada, com acompanhamento médico, e associado a outros tratamentos.
Na dermatologia, o uso de medicamentos off-label é mais comum porque, em muitos tratamentos, é possível avaliar a resposta de forma mais rápida.

Especialista em Tricologia – especialidade que cuida da saúde dos cabelos e do couro cabeludo, a dermatologista Mirela Bertolini tira dúvidas sobre a medicação que ganha mais adeptos a cada dia e esclarece sobre seus limites, potencialidades e riscos.

O uso do medicamento como tratamento para crescimento de cabelo foi descoberto por acidente há décadas. Pílulas de Minoxidil em altas doses estavam sendo usadas para tratar a pressão alta, mas os pacientes frequentemente notavam que a medicação estimulava o crescimento de pelos em todo o corpo.

Então, seu fabricante desenvolveu uma loção de Minoxidil para ser usada como tratamento contra a calvície, aprovada em 1988 para uso em homens e, em 1992, para ser administrada por mulheres. Hoje, o Minoxidil para o uso tópico é um medicamento genérico e oferecido por mais de uma marca.

“A diferença é que, até então, o medicamento era usado de forma tópica, com aplicação direta no couro cabeludo. Agora, ele é administrado de forma oral, manipulado em doses baixas, por meio de comprimidos. E os resultados são bastante positivos. Ele tem como pilar principal a função de aumentar a vascularização ao redor do bulbo capilar e, com isso, é possível promover um aumento do cabelo em fase anágena, que é a fase que o cabelo fica durante anos sem cair, aumentando o fio em espessura e comprimento. Por isso, a sensação que o paciente tem é que o cabelo está mais volumoso, porque realmente o fio fica mais espesso, dando mais volume”, explicou a dermatologista.

A especialista também alertou para os efeitos colaterais. “Um efeito colateral muito relatado é a queda capilar após o início do uso do Minoxidil. O paciente tem uma queda inicial, mas logo o fio cresce mais robusto e com mais volume. Alguns pacientes também podem se queixar de tontura, mas isso é raro, lembrando que a dose para tratar calvície é muito baixa. Só como referência, a dose do medicamento para tratamento anti-hipertensivo é de 40 a 50 mg. Na dermatologia, usamos dose de 0,25 a 1,25 mg, bem menor”, disse Mirela Bertolini.

Apesar disso, é fundamental ressaltar que nenhum medicamento deve ser utilizado sem prescrição médica. Nesse caso, menos ainda. É preciso de uma avaliação prévia das peculiaridades de cada indivíduo. Pode ser recomendada, por exemplo, uma consulta a um cardiologista, dependendo das condições clínicas do paciente. Além disso, o tricologista, especialista responsável pela saúde dos cabelos e do couro cabeludo, é o profissional capacitado para estudar, inicialmente, as causas da queda de cabelo, definindo o melhor tratamento para cada caso.

Muitas doenças podem causar a queda de cabelo. O que se percebe, no entanto, é que as pessoas buscam soluções rápidas e nem sempre dão a devida atenção ao processo de diagnóstico.

A questão é que o diagnóstico bem feito é fundamental para a obtenção de resultados no tratamento. Cada doença é uma, cada pessoa é uma e a calvície pode ser multifatorial. Ou seja, o primeiro passo é sempre procurar um bom dermatologista ou tricologista. Identificar a causa da queda de cabelo é uma etapa importante para o sucesso de qualquer tratamento. Não adianta pular etapas. 

“O uso tópico exige mais disciplina, paciência e cuidado. É preciso que o medicamento seja absorvido pelo couro cabeludo. O que se percebe é que muitas pessoas deixam de usar antes da hora, principalmente as mulheres que não gostam de deixar a substância no cabelo. Outra questão é que o minoxidil deve ser convertido em forma ativa pelas enzimas que podem ou não estar presentes em quantidades suficientes nas raízes do cabelo. Quando o medicamento é tomado por via oral, essa conversão em forma ativa acontece automaticamente”, concluiu a dermatologista.

As principais causas da queda de cabelo são:

Excesso de estresse: Uma das principais causas de queda de cabelo é o excesso de estresse, tanto físico como mental. Isso acontece porque o choque do estresse, após um acidente de trânsito ou após o diagnóstico de uma doença grave, por exemplo, pode trocar o ciclo dos fios do cabelo, fazendo-os cair.

Excesso de vitamina A ou B: Embora seja relativamente raro, a presença excessiva de vitaminas A ou do complexo B no corpo pode contribuir para a queda de cabelo. Esta situação é mais frequente em pessoas que estão tomando suplementos com algum destes tipos de vitaminas por muito tempo.

Gravidez: A queda de cabelo é relativamente comum em mulheres após o parto, não só devido às alterações hormonais que continuam a acontecer no organismo, mas também pelo estresse do parto. Geralmente, esta queda de cabelo surge nos primeiros 3 meses após o parto e pode durar até 2 meses.

Alterações hormonais: Assim como durante ou após a gravidez, as alterações hormonais são uma importante causa de queda de cabelo e podem acontecer em vários momentos da vida, especialmente durante a adolescência. Além disso, mulheres que trocam de pílula ou que começam um novo método anticoncepcional hormonal também podem apresentar queda de cabelo temporária.

Uso de antidepressivos e outros remédios: Algumas classes de medicamentos, como os antidepressivos, os anticoagulantes ou os remédios para pressão alta podem ter o efeito colateral de contribuir para a queda de cabelo, especialmente no início do tratamento ou quando já estão sendo utilizados por muito tempo. Outros remédios que podem ter este tipo de efeito incluem o metotrexato, o lítio e o ibuprofeno, por exemplo.

Anemia: Além de cansaço excessivo e palidez, a anemia também pode causar a queda de cabelo, já que os fios recebem menos sangue, nutrientes e oxigênio, tornando-se mais fracos e quebradiços. Geralmente, a anemia é causada pela falta de ferro, mas também pode surgir por outros fatores, como a diminuição de vitamina B12 no organismo.

Hipotireoidismo: O hipotireoidismo acontece quando a tireoide não está funcionando corretamente e, por isso, existem vários tipos de hormônios que não são produzidos corretamente ou em quantidade suficiente. Alguns desses hormônios são muito importantes para o metabolismo e crescimento dos fios de cabelo e, por isso, quando estão em falta podem ser a causa da queda de cabelo.

COVID-19: A queda de cabelo pode também estar relacionada com a COVID-19. Nestes casos, a perde cabelo normalmente é notada na linha frontal da cabeça, quando se passa a mão pelo cabelo ou se penteia, e acontece algumas semanas a 3 meses após a infecção, podendo durar até 9 meses, em alguns casos.

Como evitar a queda de cabelo

Cuidar do couro cabeludo: brilho, restauração, definição de cachos. Pode reparar como a gente sempre vai atrás somente do cuidado com os fios. Identificar a necessidade do couro cabeludo e buscar soluções adequadas é essencial para evitar a queda de cabelo.

Ter uma dieta balanceada: como dito anteriormente, a saúde do cabelo depende de ter nutrientes adequados, com quantidade suficiente de vitaminas, proteínas e minerais.

Manter hábitos saudáveis: como a pele e as unhas, o cabelo é reflexo do bom ou mau funcionamento do organismo, por isso, pratique exercícios regularmente e evite cigarros e a ingestão de bebidas alcoólicas.

Tenha boas noites de sono: poucas horas de sono ou noites mal dormidas são responsáveis por desequilíbrios hormonais no organismo que, por sua vez, podem causar a queda de cabelo.

Invista em momentos de lazer: já que o estresse é um dos fatores causadores da queda de cabelo, relaxar é fundamental para evitar o problema.

Evite remédios caseiros ou automedicação: mesmo polivitamínicos, aparentemente inofensivos, podem ocasionar queda dos fios.

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