Mortes violentas contra as mulheres tiveram uma redução de 25,1%, percentual inferior à média geral que engloba todos os gêneros
Por KebimTamanini
O índice de homicídios no Espírito Santo reduziu de 47,1 em 2011 para 30,4 homicídios por 100 mil habitantes em 2021, uma variação de 35,5% ao longo de uma década. Durante esse período, dados oficiais do Atlas da Violência de 2023, divulgados nesta terça-feira (05/12) pelo Ipea em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, registraram o assassinato de 15.501 pessoas.
Pela série histórica do Atlas da Violência, o menor índice deste período no Espírito Santo foi em 2019, com 1.043 registros de assassinatos. Paralelamente, o oposto ocorreu em 2011, com 47,1 homicídios por 100 mil habitantes, evidenciando o pior ano com 1.672 casos.
Os números capixabas são mais positivos que a taxa de homicídios no Brasil, que diminuiu 18,3% entre 2011 e 2021, enquanto no Espírito Santo houve uma redução de 35,5%, período em que dados oficiais registraram o assassinato de 616.095 pessoas em todo o país.
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes (2011-2021)
| Ano | Taxa | N° de assassinatos |
|---|---|---|
| 2011 | 47,1 | 1.672 |
| 2012 | 46,6 | 1.667 |
| 2013 | 42,2 | 1.622 |
| 2014 | 41,4 | 1.609 |
| 2015 | 36,9 | 1.450 |
| 2016 | 32,0 | 1.270 |
| 2017 | 37,9 | 1.521 |
| 2018 | 29,3 | 1.165 |
| 2019 | 26,0 | 1.043 |
| 2020 | 30,2 | 1.229 |
| 2021 | 30,4 | 1.253 |
| Total | 15.501 |
Fontes: GEAD/Copis/DPE/IBGE e SIM/CGIAE/ SVSA/MS
Para o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, os dados do Ipea vão até 2021, e este ano os números do Espírito Santo indicam uma taxa de homicídios abaixo de 30 por 100.000 habitantes, revelando que os registros são ainda menores.
“É um trabalho conquistado ao longo dos últimos anos, e um dos principais fatores que contribuíram para essa redução foi o programa ‘Estado Presente’. Esta é uma política pública de segurança que combina ações de prevenção à violência, como o Centro de Referência da Juventude (CRJ) e o programa de qualificação profissional nas áreas mais afetadas pela violência”, explica Lira ao ser questionado sobre as medidas adotadas pelo Estado para essa redução nos últimos tempos.
Pablo Lira destaca ainda que há um conjunto de ações sociais e de infraestrutura, incluindo cursos nas áreas de cultura e esporte, através do CRJ. “Isso, combinado com repressão qualificada, resultou no maior investimento em segurança pública no Espírito Santo nos últimos anos, incluindo concursos públicos, valorização dos profissionais de segurança pública e investimento em tecnologia e inteligência policial”, salienta.
Homicídios de mulheres
Os dados de homicídios de mulheres no Espírito Santo também apresentaram uma redução, de acordo com o Atlas da Violência. Na última década, entre 2011 e 2021, aproximadamente 1.460 mulheres foram assassinadas no estado.
Houve uma queda de 35,5% na taxa geral de homicídios (incluindo homens e mulheres) entre 2011 e 2021 no ES. No caso específico das mulheres, no mesmo período, a redução foi de 25,1%. Entretanto, em relação ao período mais recente, entre 2020 e 2021, a taxa geral de homicídios teve um aumento de 2%, enquanto os homicídios de mulheres registraram um crescimento de 23,8%.
O diretor-presidente do IJSN enfatiza a diminuição nas taxas de homicídios entre o gênero feminino, mas ressalta a necessidade de cautela, pois os desafios persistem, especialmente na redução da violência contra as mulheres, onde a cultura patriarcal ainda está presente. “Ainda há um número elevado de homicídios, incluindo feminicídios, e as taxas são mais altas entre a população negra e em áreas periféricas”, afirmou Pablo Lira.
Uma análise detalhada revela dados sobre a segurança das mulheres no estado. O relatório aponta um crescimento de 12,8% na taxa de homicídios para mulheres negras entre os anos de 2020 e 2021, mas no levantamento dos dez anos houve uma redução de 15,4%.
