Para Oded Grajew, Vitória é uma capital que serve de exemplo.
Oded é empresário com atuação no terceiro setor e em 2012 atravessou o País em busca de candidatos que se comprometessem com a causa ambiental. Sem deixar de lado o seu espírito empreendedor, o ex-presidente da Grow Jogos e Brinquedos e da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) atuou no programa Global Compact, idealizado pelo ex-presidente da ONU Kofi Annan com foco no meio ambiente, trabalho e direitos humanos, e, atualmente, é membro do programa Cidades Sustentáveis.
– Como tem caminhado o programa Cidades Sustentáveis?
O Programa Cidades Sustentáveis (PCS) tem o objetivo de sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que as cidades brasileiras se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente sustentável. O PCS oferece aos gestores públicos municipais uma agenda completa de sustentabilidade urbana. Em 2012, durante o período pré-eleitoral, o programa foi complementado por uma campanha que tentou sensibilizar os eleitores a escolher a sustentabilidade como critério de voto e os candidatos a adotar a agenda da sustentabilidade. Mais de 200 prefeitos eleitos em 2012 são signatários. Isto significa que mais de 30% da população do País está sendo administrada a partir das diretrizes propostas pelo PCS. E os prefeitos ainda podem aderir à iniciativa até o final de 2013.
– No Espírito Santo, os prefeitos de Vitória, Cariacica e Mantenópolis já se comprometeram com o programa. Qual a avaliação que o Sr. faz?
Trata-se de uma revolução na política brasileira. Neste sentido, já alcançamos resultados significativos. O fato de Vitória, uma capital brasileira, estar entre os signatários é um fator de enorme importância.
– A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determinava que até agosto de 2012 as cidades deveriam ter se adequado às novas exigências. Isto aconteceu?
A questão dos resíduos é um dos grandes entraves no Brasil. Empresas, governos, cidadãos, todos estão envolvidos e têm sua parcela de responsabilidade. A PNRS, aprovada em 2010, é um avanço e vem obrigando os municípios a investirem em planejamento e responsabilidade com a destinação do lixo. Lançamos o Guia para a implantação da PNRS nos municípios brasileiros de forma efetiva e inclusiva. O material deverá incentivar e municiar os municípios a começarem a colocá-la em prática.
– O tema sustentabilidade foi bastante comentado nas campanhas eleitorais. O Sr. acredita que, depois de cinco meses, os prefeitos eleitos dão sinais de que vão fazer valer o que disseram ou não passou de discurso de palanque?
Acredito que sim. O caminho é inevitável, não há outro. É uma questão de sobrevivência, sobrevivência política inclusive. Estamos avançando muito.
– No mês de abril, o Programa Cidades Sustentáveis assinou uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente. O que as cidades podem esperar desta parceria?
A parceria, que não envolve nenhum tipo de transferência de recursos, prevê que parte da metodologia do Programa Cidades Sustentáveis seja adaptada ao Brasil+20, um programa nacional de apoio aos municípios para adotarem a sustentabilidade na gestão. O objetivo final é elaborar, de forma participativa, a Política Nacional de Sustentabilidade Urbana, a partir da Leitura Coletiva do ambiente nas cidades. E isso só se dá de forma plena quando há parcerias, como esta que estamos firmando agora.