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sexta-feira, 29 março, 2024

Energia: em água, terra e ar

Pandemia acelera transição para alternativas mais limpas

O consumo de energia no país voltou aos níveis pré-pandemia, principalmente impulsionado pelos setores da indústria voltados à exportação. O dado faz parte dos resultados da Eletrobras, referentes ao terceiro trimestre do ano, que apontam lucro líquido de R$ 96 milhões, inferior aos R$ 716 milhões do mesmo período do ano passado e foram divulgados.

A apresentação dos números foi feita em teleconferência realizada em 12 de novembro de 2020, aos acionistas da estatal, pelo presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior.
Segundo ele, a economia brasileira vinha em um processo de retomada do crescimento, mas sofreu uma parada brusca por conta da pandemia, a partir de março. Quanto maior a atividade econômica, maior o consumo de energia.

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“Há duas razões para o processo de retomada. A primeira delas é, de fato, a economia. O ponto mais baixo (no consumo de energia) foi em maio, com redução de 26%, e nós já estamos com 4% operando acima. Isto significa um retorno importante das atividades. O Brasil vinha em uma perspectiva de crescimento, vinha ganhando velocidade, e teve uma brecada forte. Agora está tendo uma saída forte, com responsabilidade”, disse o presidente da estatal.

No entanto, há estudos de que a demanda mundial de energia deve fechar o ano com queda de 6%, recuo sete vezes maior do que o atingido durante a crise financeira de 2009, aponta análise da empresa de contabilidade e auditoria PwC, com base em dados da Agência Internacional de Energia para 2020 (IEA). Isso representa o maior choque no consumo já visto nos últimos 70 anos.

 

 

O ano será encerrado com diminuição de 20% nos investimentos em energia, segundo estudo Futuro da Indústria de Óleo & Gás. E como fator principal dessa redução, está a recessão global, que, por sua vez, se relaciona às restrições decorrentes da pandemia de covid-19, como limitação de atividades econômicas e circulação de pessoas.

A PwC destaca uma desestabilização em todos os níveis do setor de energia, do suprimento à produção de combustíveis e avalia que haverá consequências tanto para a segurança energética como para a adoção de fontes de energia limpa. Um dos prognósticos é de que a energia nuclear seja a menos afetada pelas medidas de quarentena.

O que se prevê é uma pausa na transição energética em consequência da falta de recursos para viabilizá-la. E o processo avançando novamente à medida que os países se recuperarem economicamente.

O Sol em destaque

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o impacto da pandemia nas distribuidoras de energia elétrica, desde a adoção de medidas de isolamento social, é estimado em mais de R$4,6 bilhões, até outubro deste ano, principalmente em consequência da inadimplência.
O governo vem estruturando um empréstimo para socorrer o setor elétrico. O valor estimado para operação é de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões, com custos que deverão ser divididos entre consumidores e empresas. Fato é que a conta de energia pode ficar até 20% mais cara, o que deverá alavancar ainda mais a procura por energia fotovoltaica, cujo investimento no Brasil já ultrapassou a marca de R$ 15 bilhões.

Além de garantir uma economia que pode chegar a 95% na conta de luz, a produção de energia solar possibilita controle de gastos por meio do sistema de payback (tempo de retorno do investimento), gerado entre o quarto e sexto anos, após a implantação e garantindo economia por mais de 10 anos.

No Espírito Santo, apenas 1,9% da energia produzida deriva desse tipo de fonte, correspondendo a 36,9 Megawatts (MW). Assim, ocupa o 14º lugar no ranking de estados brasileiros que mais investem em energia solar. Aponta o levantamento da Aneel/Absolar, deste ano. Com incidência solar em praticamente todos os meses do ano, o Estado possui uma potencialidade significativa ainda a ser explorada.

Energia: em água, terra e ar
Vem pelo ar: O sistema eólico produz eletricidade de forma limpa, sem emitir gases poluentes na atmosfera – Foto: João Ramos/Ascom SDE

ES: Rota Estratégica

“Petróleo e Gás Natural” foi apontado como um dos 17 setores portadores de futuro para o Espírito Santo. E, diante dessa relevância para a economia capixaba, 75 especialistas da cadeia de P&G construíram uma agenda de trabalho em prol do desenvolvimento da área: a Rota Estratégica de Petróleo e Gás Natural, que faz parte do projeto Indústria 2035, da Findes.

O planejamento considerou as especificidades dos segmentos do petróleo, do gás natural e da cadeia de fornecedores; as diretrizes do Novo Mercado de Gás; e o contexto da crise econômica e sanitária e no pós-pandemia da Covid-19.

Também foram analisadas as diversas discussões que impactam essa atividade, como licenciamento ambiental, mudanças regulatórias necessárias e aumento do fator de recuperação. E o resultado desse trabalho gerou 256 ações de curto, médio e longo prazo, algumas delas elaboradas especificamente com a finalidade de agir em resposta aos impactos causados pela crise da Covid-19 no setor.

 

Algumas dessas ações, inclui o apoio do Governo do Estado, tais como criação dos fundos oriundos do acordo de unificação dos campos de exploração do Parque das Baleias, além dos Fundos Soberano e o de Obras e Infraestrutura Estratégica para o Desenvolvimento do Espírito Santo.

“O Governo do Estado, pensando a longo prazo, criou os dois fundos de unificação. Parte dos recursos do Fundo Soberano vai para uma poupança e a outra parte é investido em indústrias e projetos estruturantes para o desenvolvimento do Espírito Santo”, explicou Marcos Kneip, secretário de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo.
“Entende-se que esses setores serão fundamentais para a retomada econômica em nível nacional após a pandemia.

É importante destacar também que o Brasil será um dos cinco maiores produtores e exportadores de petróleo nos próximos dez anos e o Estado do Espírito Santo tem um grande potencial para a produção de petróleo e gás natural e de atração de investimentos para esse setor, seja em infraestrutura de escoamento, de refino ou de infraestrutura de distribuição de combustíveis”, afirmou José Mauro Ferreira, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.

Na primeira semana de dezembro, a Petrobras anunciou que os investimentos no Espirito Santo terão foco no pré-sal e o gasoduto que realiza o transporte de gases até a Bahia poderá ser vendido.

Energia Eólica

O sistema eólico produz eletricidade de forma limpa, sem emitir gases poluentes na atmosfera. No entanto, depende de fatores meteorológicos para funcionar. Por isso, é importante que o sistema opere interligado com diferentes fontes de energia. Isso porque é necessário compensar uma possível falta de vento ou cobrir aumentos na demanda.
Os municípios de Presidente Kennedy e Marataízes, no litoral sul, apresentam vocação para usinas eólicas (dezenas até centenas de Megawatts). São as áreas com menores custos de interligação ao sistema elétrico.

 

A petroleira norueguesa Equinor (antiga Statoil) quer ampliar suas atividades no Estado. A empresa, que já possui blocos de exploração de petróleo no Espirito Santo, pretende usar o mar capixaba também para gerar energia limpa, a partir de ventos, na região de Itapemirim, no litoral Sul.

A Equinor está licenciando um parque eólico offshore (no mar) no Estado e outro no norte do Rio de Janeiro, com capacidade de 2 gigawatts (GW) cada, totalizando 4 GW, segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Trata-se do maior projeto de energia eólica já apresentado a órgãos ambientais no país.

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