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quinta-feira, 2 maio, 2024

Eleições, “novos” governantes e a racionalidade na área ambiental – Parte II

Diante da gravidade da questão ambiental e suas consequências é a hora, dos novos governantes incorporarem o meio ambiente em suas agendas

Por Luiz Fernando Schettino

Em tempos de eleições, quase sempre a maioria dos candidatos constrói seus discursos eleitorais em cima dos temas que mais despertam o interesse na população, entre os quais entra sempre a proteção ambiental. Porém, na prática, a inclusão da questão do meio ambiente na agenda eleitoral ainda tem sido, em grande parte das vezes, apenas para o marketing do período eleitoral, não significando real prioridade para a gestão após as eleições. Muitas vezes, por causa de demandas e urgências de outras áreas como saúde, educação, segurança, moradias, estradas e por aí vai. Alguns governantes têm a percepção de que meio ambiente é importante, no entanto, para implementar uma agenda ambiental, é necessário enfrentar interesses muitas vezes poderosos e mudar hábitos culturais, o que nem sempre é tarefa fácil para os governantes e, assim, muitos preferem não o fazer, a não ser aqueles que de fato têm um compromisso com a causa e com o futuro e não apenas com as futuras eleições.

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Outro agravante, que também contribui para que os discursos eleitorais não sejam depois transformados em práticas socioambientais consistentes, é que a própria sociedade não cobra e nem sempre colabora como devia para esse fim, pois o momento da história atual está extremamente ligado ao consumismo. Razão pela qual muitas pessoas não querem mudar hábitos, outras não querem diminuir ganhos financeiros a troco de permitir melhor qualidade de vida para um maior número de pessoas no presente e no futuro; o que leva certos setores, especialmente os mais influentes, a reagirem contra ações que firam seus interesses imediatos, o que inibe, em muitos casos, iniciativas necessárias de construção de sustentabilidade por muitos gestores e agentes políticos.

Adotar o meio ambiente nos discursos eleitorais já é um fator importante, mas transformar esses discursos em atos de gestão é fundamental para um futuro melhor para todos. E, para tal, os novos governantes que tiverem, de fato, preocupação ambiental, como muitos sabidamente o possuem, devem, após eleitos, de imediato colocar em prática seus programas e ações, visando a busca de soluções reais para os problemas concretos da população, geralmente conhecidos por todos, cujas soluções são há muito reivindicadas. Como exemplo, realizar efetivamente: educação ambiental formal e não formal; coleta seletiva do lixo, com a adequada separação do que não for possível reciclar; implantar saneamento básico; incentivar via mecanismos creditícios e fiscais o uso de inovações tecnológicas e de energias renováveis; combater efetivamente os desmatamentos e as atividades de mineração ilegais; realizar de fato fiscalização tanto do uso da terra como da ocupação de reservas legais e de áreas de preservação permanente e/ou de riscos; trabalhar a proteção da biodiversidade terrestre e marinha; monitorar e fiscalizar para a melhoria da qualidade do ar, da proteção de nascentes, córregos e rios; implantar mais áreas verdes – Praças, parques e reservas e suas manutenções –, importantes instrumentos tanto para o lazer quanto para trabalhos educativos ambientais. Além disso tudo, é fundamental colocar na direção de instituições que atuam na área ambiental pessoas realmente capacitadas e comprometidas com a questão ambiental, e não fazer dessas funções moedas políticas, seja de que natureza for, como muitas vezes vem sendo feito.

Enfim, diante da gravidade da questão ambiental e suas consequências, é a hora dos novos governantes, independente de matizes políticas ou partidárias, incorporarem estes e outros pontos importantes sobre meio ambiente em suas agendas, para elaboração de políticas e ações que levem a uma gestão ambiental eficaz, que permita, de fato, a construção e a consolidação de um modelo sustentável de desenvolvimento. Modelo no qual um modo responsável, com base no conhecimento científico e nas leis, se estabeleça e se possa trabalhar a proteção ambiental de forma efetiva; ações estas que a sociedade, com certeza, se convocada, vai colaborar para o sucesso de políticas de desenvolvimento sustentável, o que trará não somente mais qualidade de vida, mas que ajudará a manter o desenvolvimento socioeconômico, com indicadores positivos. Isso trará, com certeza, reconhecimento e apoio da população aos gestores que assim procederem e será assegurada a proteção da natureza.

Luiz Fernando Schettino é Engenheiro Florestal/Advogado, Professor Universitário, Mestre e Doutor em Ciência Florestal, Ex-Secretário Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo – SEAMA e Ex-Diretor Geral da Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado do Espírito Santo – ASPE.

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