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sábado, 27 abril, 2024

Ecossistema de Inovação: O ES a Caminho do Futuro

Incubadoras, aceleradoras, hubs e o aporte financeiro têm garantido uma nova consciência empresarial: as pontes criadas que unem os esforços e compartilham os resultados

Por Juba Paixão e Luciene Araujo

A inovação está escrevendo as novas regras do “funcionamento do mundo”. Todos os dias, novas conexões se formam, outras se fortalecem, e passam a desenhar o amanhã. Os atores do ecossistema de inovação do Estado se movimentam no sentido de criar condições para que as ações estratégicas atinjam os seus objetivos em um curto espaço de tempo.

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Não só as migrações das empresas tradicionais para empresas de alta tecnologia estão em pauta, mas a formação de novos profissionais para o setor de tecnologia e inovação é uma das principais ações alinhada com todos os atores do ambiente inovador: Governo, mercado e academia. Os resultados são animadores e apontam para um caminho sólido para transformar o Estado em um dos mais competitivos do Brasil e do mundo.

Hoje, o Brasil ocupa a 57ª colocação no Índice Global de Inovação (IGI) entre 132 países e, apesar de cinco posições acima do ranking de 2020, essa colocação ainda é considerada ruim. Isso porque o país está 10 colocações abaixo da obtida em 2011, quando chegou a sua melhor marca.

Gráfico_índice_inovação_ESBrasilA boa notícia é que mais de 71% das empresas consideram a inovação muito importante ou importante e 61% já possuem pessoas dedicadas somente a isso, segundo pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), por meio da Mobilização Empresarial para a Inovação. O estudo aponta ainda que 45% delas possuem orçamento específico para sistematização de pesquisas e projetos para novas soluções.

Mas, e o Espírito Santo, como está nesse contexto? Os agentes que movem esse ecossistema – governo, empresa e sociedade – estão em sinergia? Qual a força dos hubs capixabas de inovação? Para entender melhor esse cenário e saber o que podemos esperar para os próximos anos, a ES Brasil conversou com profissionais que se destacam nesse movimento.

Algumas startups têm se destacado bastante em soluções e ultrapassado cada vez mais fronteiras” – Daniel Arrais, investidor anjo, empresário do setor de TI, co-founder de startups.

Quando o assunto é ecossistema de inovação, falamos da criação de uma ambiência favorável para que ela aconteça. E isso implica em cada membro da sociedade, desse ambiente, entender o seu papel e atuar de uma forma efetiva, para que as coisas se concretizem de uma maneira alinhada, com diretrizes estabelecidas.

Os casos de sucesso de ambientes e ecossistemas de inovação no Brasil e ao redor do mundo nos mostram que é essencial estabelecer diretrizes conjuntas. E conexões importantes mostram que os agentes de inovação no Espírito Santo já entenderam isso.

Na avaliação da gerente executiva de Inovação e Tecnologia do Senai ES e Sesi ES, Juliana Gavini, há um benefício muito grande no Espírito Santo, que é a existência da Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI). Uma organização composta por várias empresas e instituições conjuntas, representando os pilares do nosso ecossistema, como academia, Governo, empresas e instituições, que atuam dentro dessa temática, discutindo, modelando estratégias e trabalhando em prol de metas estabelecidas. 

“Para que toda essa engrenagem se conecte da forma correta e gere os frutos esperados é preciso vencer um grande desafio: formar competência. Estamos falando de 40 mil profissionais em 10 anos” – Luciano Raizer, Especialista em indústria 4.0 e presidente da Fest.

Inovação_hub_empresarial_laboratórioE nesse contexto, existem três grandes metas, propostas para serem atingidas em 10 anos, que são fundamentais para o direcionamento das ações do ecossistema no Espírito Santo. “Atingir 1.000 startups em 10 anos, e a nossa realidade hoje é de aproximadamente, entre 120 e 130 startups (esse número é flexível, podendo variar); estar entre os cinco estados mais inovadores do Brasil e ter 20% de empresas ligadas à tecnologia e inovação entre as duzentas maiores do Estado. São metas de 10 anos, que representam estratégias construídas pela própria sociedade, e isso é um benefício para o nosso ecossistema, o que mostra como essa relação está cada vez mais rica, orgânica e funcional”, detalha Gavini.

Conexões

Na relação entre empresas e academia há exemplos claros de funcionalidade. “Temos o caso da Lume Robotics, startup que nasceu na Ufes, e dizemos que é um spin-off acadêmica, ou seja, foi criada dentro de um grupo de pesquisa e se transformou em um negócio para começar a aplicar suas soluções tecnológicas para situações práticas e reais dentro das empresas”, enumera Gavini.

A Lume desenvolveu, no Programa de Empreendedorismo Industrial do Findeslab, com a Vale, um sistema de monitoramento remoto de oficinas de manutenção de locomotivas, case que foi selecionado para o Congresso Brasileiro de Inovação, em 2021. A startup faz parte do grupo de pesquisa da Universidade responsável pelo desenvolvimento do carro autônomo, sendo referência no contexto de maturidade de carros autônomos no mundo.

Nesse contexto, a Universidade Vila Velha fez um movimento muito interessante de surgimento de projetos inovadores para a participação do programa Centelha que, como o nome traduz, é o start para o processo de inovação. Muitos projetos têm como base desafios reais das empresas e da sociedade. Juliana Gavini destaca que universidade teve uma atuação “muito forte de mobilização de alunos para a formação de grupos para empreender em prol da temática, o que resultou em uma participação ativa no programa. Essa atuação, fez o Espírito Santo virar referência nacional de adesão e de atuação dentro do programa Centelha”.   

“A relação entre academia, governo e mercado se estreitou de forma significativa, com diversas iniciativas em conjunto. E essas conexões permitiram a estruturação de uma agenda estratégica” – Emílio Barbosa, diretor presidente da Action- Associação Capixaba de Tecnologia

Na atuação do poder público vale a pena citar o engajamento do Governo na temática inovação. Nos últimos anos, identificamos uma mudança no entendimento de que a inovação é o caminho para o desenvolvimento do Espírito Santo e da economia. De uma forma muito rica, é possível perceber, além do Governo do Estado, algumas prefeituras atuando em prol do desenvolvimento desses ecossistemas locais, e também de uma atuação mais robusta e posicionamento do Espírito Santo no tema inovação.

Inovação_hub_empresarial_findes_fachadaHá também uma política de alto impacto, que é a escolha do Governo no direcionamento do recurso do Fundo Soberano em negócios de base tecnológica, com alto potencial de crescimento, ou seja, são startups de alto impacto com capacidade de escalabilidade e geração de retorno para esse próprio fundo.

E a Prefeitura de Colatina também está mobilizando ativamente as empresas para a operação de um programa de inovação aberta, conectando desafios de empresas com startups, para o desenvolvimento de projetos em parceria com Findeslab. “Neste caso, o Findeslab está levando o seu programa de inovação aberta para o interior, para Colatina, mobilizado fortemente pela prefeitura”, descreve Juliana Gavini.

A relação entre academia, governo e mercado se estreou de forma significativa, com diversas iniciativas em conjunto. Há muitos anos a Fapes faz um trabalho interessante de conexão, mas a MCI (Movimentação Capixaba de Inovação) também estruturou conexões e permitiu que diversos agentes estruturassem uma agenda estratégica”, reitera o Emílio Barbosa, diretor presidente da Action – Associação Capixaba de Tecnologia.

Os casos de sucesso de ambientes e ecossistemas de inovação no Brasil e ao redor do mundo nos mostram que é essencial estabelecer diretrizes conjuntas.

Emílio enumera diversas instituições públicas e privadas, acadêmicas e financeiras, envolvidas nesse ecossistema. Ifes, Ufes, Multivix, UVV, Faesa, Fucape e UCL, várias delas com seus próprios hubs de inovação, trazendo iniciativas aos seus alunos e conectando essas iniciativas com o mercado e até mesmo outras universidades.

“Dentro dessas iniciativas podemos citar a própria Action, quando a gente apresentou ao Ifes o problema da falta de programadores, e a partir dessa demanda, o Instituto criou o curso de programação de software”, exemplifica Barbosa.

O Base27 é mais um dos agentes do ecossistema de inovação que busca impulsionar a inovação. “O Base27 está criando uma Comunidade formada por mantenedores, patrocinadores, parceiros, startups por meio de ações, projetos sociais, programa de capacitação, inovação aberta e conexão com as universidades. Juntos já somamos mais de 100 empresas”, diz Máyra Belem, diretora de Marketing e relacionamento do hub.

Inovação_hub_empresarial_findesEla destaca que está havendo uma ressignificação na maneira como pessoas e negócios se conectam criando mais valor aos envolvidos. “Dessa forma, teremos uma economia mais diversificada e potencial, como o Espírito Santo precisa e merece. Estamos nos unindo a outros movimentos e, em pouco tempo, o Base 27 estará representado em outras regiões do estado”, garante a diretora.

Algumas startups têm se destacado bastante em soluções e ultrapassado cada vez mais fronteiras. “Entre elas podemos citar: PicPay (que hoje está com sua sede fiscal em São Paulo), Wine, Mogai, Dersales, Zaruc, Lume Robotics e Ludo Thinking”, diz Daniel Arrais, investidor anjo, empresário do setor de TI, co-founder de startups. Mais um exemplo é o App V1, da Viação Águia Branca que também oferece um serviço diferenciado, no atendimento da demanda de transporte de passageiros, que já está sendo utilizados em outros estados. 

Investidores e Recursos

Todo esse movimento levou os investidores a entender melhor as oportunidades e a evolução da ambiência de inovação no Estado. “E o aporte de recursos era um fator importante que faltava em nosso ecossistema de inovação, pois as soluções ficavam sempre na dependência das startups conseguirem recursos necessários para produção naquela determinada solução”, aponta Emílio Barbosa, diretor presidente da Action, hub de inovação que realizou a Infoshow.

O MCI agrega atores, mas não é uma personalidade jurídica. O que existe hoje no Estado é o Funcitec, um fundo de apoio à pesquisa e inovação, formado por valores coletados por meio do Compete-ES. “O Governo quando assina o contrato do Compete, com atacadistas e distribuidores, um percentual da alíquota definida nesses contratos de competitividade vem para o fundo. E esse valor hoje está próximo dos R$ 100 milhões”, explica Daniel.

Já a Action, este ano, firmou uma parceria com o Ifes criando dois programas: Programe-se e Reprograme-se. Para eles, foram destinados R$ 5 milhões, por meio de uma emenda parlamentar federal; e o Governo do Estado aportou mais R% 5 milhões para que, em 2023, alunos da rede pública estadual (ensino médio) também possam participar dos cursos, da mesma forma que os alunos do Ifes.

Hoje, o Brasil ocupa a 57ª colocação no Índice Global de Inovação (IGI) entre 132 países e, apesar de cinco posições acima do ranking de 2020, essa colocação ainda é considerada ruim.

Ainda não há no Estado aportes internacionais, mas sim fundos de investimentos nacionais que vêm apostando em algumas empresas capixabas. “Eu mesmo tive uma startup que foi comprada em outubro do ano passado por um grupo internacional. O Funsis acabou de aportar em cinco empresas no Brasil, sendo duas delas capixabas”, conta Daniel Arrais

A Infoshow esteve presente na 15ª edição da Mec Show, que teve a participação de mais de 250 grandes, médias e pequenas empresas nacionais e internacionais. Nos três dias de feira, foram mais de 15.200 visitantes.

Inovação_hub_empresarial_findesO Sebrae tem um olhar especial e dedicado para esse movimento. Está no nosso DNA, não só por obrigação legal, mas porque é importante apoiar o empreendedorismo na sociedade. É ele que vai possibilitar o desenvolvimento de qualquer região. Apoiamos os nossos parceiros, como a Act!on, para interagir com todos os atores, inclusive os públicos, para melhorar o ambiente de negócios”,  destacou Luiz Toniato, diretor do Sebrae, durante o evento.

O Siccob também participa do ecossistema de inovação por meio de  patrocínios a espaços e eventos que efetivamente entregam metodologia de desenvolvimento de startups e projetos inovadores.  “Apoiamos empreendedores através de liberação de crédito e customizações de soluções, contribuindo para que os processos sejam acelerados e as ideias sejam colocadas em prática, ajudando a fomentar a inovação no Estado”, disse o diretor-executivo do Sicoob ES, Nailson Dalla Bernadina.

“Existem três grandes metas para serem atingidas em 10 anos. Atingir 1.000 startups em 10 anos, estar entre os cinco estados mais inovadores do Brasil e ter 20% de empresas ligadas à tecnologia e inovação entre as duzentas maiores do Estado”. – Juliana Gavini, gerente executiva de Inovação e Tecnologia do Senai ES e Sesi ES.

Além disso, a cooperativa conta com casos próprios de inovação, como os espaços Ângulo Hub, na sede da instituição, e Café Hall, situado no térreo do prédio da Findes. Esses ambientes promovem conexão com outros atores e propiciaram desenvolvimento de produtos, como o Faça Acontecer, ampliando a oferta de crédito para estudantes do ensino superior e técnico.

E o Sicoob também é fomentador da cooperativa de plataforma Ciclos, por meio da qual são oferecidos serviços de telefonia, soluções em saúde complementar e energia fotovoltaica com geração distribuída e usinas compartilhadas para os participantes do projeto.

Desde 2019, o Banestes tem desenvolvido ações de inovação, inicialmente com foco na cultura corporativa e, depois, se expandindo às conexões externas, por meio de parcerias com diferentes laboratórios. Mas, foi a partir de 2021 que as estratégias de inovação ganharam força com o lançamento de desafios próprios do banco, no Programa Findeslab de Empreendedorismo Industrial que, por consequência, trouxe novas parcerias de cooperação para o banco, hoje em execução com as startups Gaio e Takeat.

71% das empresas consideram a inovação muito importante ou importante e 61% já possuem pessoas dedicadas somente a isso, segundo pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria)

E no ecossistema de Inovação, o Banestes mantém ainda parceria com o Base 27, e com a Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), associação que contribui para ampliar a rede de conexões com empresas e startups de todo o Brasil.

Entre os resultados gerados a partir de soluções entregues em 2021, relacionadas à expansão dos serviços digitais que facilitam o dia a dia dos clientes, se destaca o Sistema de Aprovações Digitais com 130 mil aprovações no primeiro semestre de 2022.

Mais recente, em julho deste ano, a instituição lançou seu próprio laboratório de inovação. “O Baneshub, que terá uma sede física, com instalações na Enseada do Sua, em Vitória, com capacidade para cerca de 70 pessoas trabalharem em diferentes projetos de inovação e também com espaço para realização de eventos, treinamentos, pílulas de inovação, dinâmicas, dentre outras atividades. Nós temos trabalhado em prol do fortalecimento da cultura de inovação, e o lançamento do Baneshub é fruto do trabalho de diversas pessoas e equipes que se conectaram, desde 2019, ao desafio proposto”, pontoou o presidente do Banestes, José Amarildo Casagrande.

Procura-se

Para que toda essa engrenagem se conecte da forma correta e gere os frutos esperados é preciso vencer um grande desafio: formar competência. Hoje, o mercado está em falta de desenvolvedores, analistas e cientistas de dados, e programadores. “Não temos pessoas que lidam com produtos, com processos, jovens qualificação que chamo de densidade tecnológica”, aponta Raizer.

E se hoje o mercado já sente a falta desses profissionais, o cenário que vem sendo construído vai demandar um volume muito grande de talentos capazes de produzirem inovação.  “Se a expectativa é de que a gente saia de 100 para 1000 empresas, estamos falando de um volume 10 vezes maior de startups e, se considerarmos que cada projeto demanda pelo menos quatro pessoas, estamos falando de ter de formar 40 mil pessoas em 10 anos. Portanto, 4.000 profissionais da área por ano”, alerta o especialista.

Você sabe o que é a Lei do Bem?

A Lei 11.196/05, conhecida como a Lei do Bem, garante concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. O governo federal utiliza esse mecanismo para incentivar investimentos em inovação, aproximar empresas e universidades

Confira as vantagens:

  • Dedução do valor investido em PD&I que pode chegar ate 34% no IRPJ ou CSLL;
  • Reddução de 50% no IPI na compra de maquinas e equipamentos destinados à PD&I;
  • Depreciação integral e amortização acelerada dos bens vinculados nas atividades de PD&I;
  • Redução a zero do IRRF incidente sobre remessas do exterior para manutenção de marcas, patentes e cultivares.

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