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domingo, 28 abril, 2024

Economia do Espírito Santo cresce 2,6% no 3º trim

O crescimento da economia do Espírito Santo foi influenciado pelo desempenho dos setores de agricultura (11,3%) e serviços (5%)

Por Amanda Amaral

A economia do Espírito Santo cresceu nos primeiros nove meses de 2022. A atividade econômica do Estado registrou elevação de 2,6% entre janeiro e setembro, se comparada ao mesmo período do ano passado. O bom desempenho foi influenciado pelos resultados positivos da agropecuária (11,3%) e o setor de serviços (5%). Já a indústria geral retraiu 4,6%.

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Os dados fazem parte do Indicador de Atividade Econômica (IAE) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), compilados pelo Observatório da Indústria, divulgados nesta quarta-feira (14/12),  na sede da entidade, em Vitória.

Inflação e desemprego

A economia capixaba também contou com bons indicadores ao longo do ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplos ao Consumidor (IPCA) registrou queda ao longo de 12 meses e reduziu para 7,2% ao final do terceiro trimestre. No Estado, a inflação, no acumulado em 12 meses, passou de 11,94%, no primeiro trimestre do ano, para 7,07%, no terceiro trimestre.

A taxa de desocupação do Brasil caiu 2,4 pontos percentuais em comparação ao 1º trimestre do ano, ficando em 8,7% no 3º trimestre. No Espírito Santo, o nível de desemprego foi ainda menor, chegando a 7,3% nesse mesmo trimestre (redução de 1,9 p.p. frente ao 1º trimestre de 2022).

Além disso, ao longo de 2022, o governo federal adotou algumas medidas de estímulo econômico. Dentre elas está a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de produtos selecionados e os incrementos de renda (liberação parcial do FGTS, a antecipação de 13º salário e aumento da média da parcela do Auxílio Brasil até dezembro).

Agropecuária e serviços

O indicador positivo no acumulado até setembro foi impulsionado pelo aumento de 15,4% na produção agrícola, com expansão nas principais lavouras do Estado: café (com bienalidade positiva do arábica), banana, cana-de-açúcar e tomate. Mas, no caso da pecuária, houve recuo de 2,3% devido à redução na produção de leite e de aves e ovos.

As três atividades que envolvem o setor de serviços (4,6%) também tiveram resultados positivos influenciados pela continuidade no processo de retomada do setor, que teve início no ano passado. Com isso, transporte (2%), comércio (2,2%) e demais atividades de serviços (6,3%) cresceram nos três primeiros trimestres do ano.

Desempenho da indústria

Ao longo de 2022, o cenário internacional não foi favorável às economias emergentes, é o que explicou a economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva:

“Isso vem ocorrendo uma vez que a aceleração inflacionária e os ajustes monetários nas principais economias mundiais provocaram uma resistência ao aumento de demanda por commodities e demais insumos industriais. Além disso, ainda estamos vendo, no preço dos insumos, os impactos gerados pela guerra entre Rússia e Ucrânia”.

A presidente da Findes, Cris Samorini, lembra que a indústria representa 27,4% do PIB do Espírito Santo, quase 30% da arrecadação de impostos (ICMS) e mais de 15,5 mil indústrias responsáveis por gerar 220 mil empregos formais. Segundo ela, os números mostram a importância do setor.

“O Espírito Santo é um estado com alto grau de abertura comercial e a indústria representa 91% de todas as exportações capixabas. Então, as incertezas no mercado internacional afetam diretamente o desempenho do setor. Porém, precisamos lembrar que, mesmo diante de todos os desafios que a indústria enfrentou ao longo deste ano, ela continua mostrando sua relevância e contribuindo para o desenvolvimento economia capixaba”, afirmou Cris.

Indústria extrativa

De acordo com a economista-chefe da Findes, o indicador negativo da indústria deve-se, principalmente, ao desempenho das indústrias extrativas (-22,4%) e de transformação (-2%).

“A queda de 22,4% na indústria extrativa é explicada pela redução nas produções das duas atividades que compõem o setor no Estado: petróleo e gás natural (-34%) e pelotização do minério de ferro e outras atividades (-6,1%)”, disse.

Indústria da transformação

economia do espírito santo
A presidente da Findes, Cris Samorini, comentou sobre as perspectivas do setor industrial para 2023. Foto: Divulgação/Findes

No caso da indústria de transformação, a fabricação de celulose, papel e produtos de papel continuou crescendo. Ao longo dos três primeiros trimestres de 2022, ela acumulou alta de 15,7%, devido ao aumento da demanda interna e externa do produto. Com isso, o segmento acumula três anos de crescimentos consecutivos.

Todavia, esse bom desempeno não foi suficiente para conter os resultados da fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-8,8%), fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-6,6%), metalurgia (-2,0%) e fabricação de produtos alimentícios (-2,0%), deixando o resultado geral da indústria de transformação negativo.

“Como destaques positivos, podemos citar o desempenho da indústria da construção (16,3%) e do segmento de energia e saneamento (6,8%) do Estado. Vale ressaltar que, de acordo com a análise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o ano de 2022 tem se revelado favorável ao setor, configurando o segundo melhor ano da última década, atrás apenas de 2021”, apontou Marília.

Retração no 3º trim

A atividade econômica do Espírito Santo, mensurada pelo IAE-Findes, recuou 1,4% na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano. O indicador foi resultado do desempenho dos setores de serviços (1,3%), agropecuária (4%) e indústria (-5,9%).

O desempenho da economia do Estado no trimestre ficou abaixo do verificado para o PIB do Brasil, que registrou leve aumento de 0,4% no trimestre. A nível nacional, a indústria avançou 0,8%, e os serviços cresceram 1,1%, enquanto a agropecuária caiu 0,9%.

Restrições sanitárias

Segundo a presidente da Federação, Cris Samorini, a melhora no quadro da pandemia do novo coronavírus foi um dos fatores que contribuíram com os resultados positivos do Estado, já que 2022 vem sendo o primeiro ano com a manutenção da redução das restrições sanitárias em relação à Covid-19.

“Também tivemos a desaceleração da inflação e dos indicadores de desemprego, resultados positivos para a economia. Por outro lado, passamos pelo período de eleições para o Executivo nacional e estadual, que sempre é um ponto de atenção para o mercado. Estamos ainda vivendo outros desafios como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que vem gerando um desalinhamento nas cadeias produtivas, freando o avanço da nossa economia”, elencou.

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Os resultados da economia no 3º trimestre do ano foram apresentados aos jornalistas na sede da Findes, Vitória. Foto: Divulgação

Perspectivas para 2023

A presidente da Findes também trouxe algumas perspectivas para o próximo ano. “Sabemos que 2023 será um ano que continuará exigindo a nossa atenção, mas construímos uma agenda coletiva e sólida, a Agenda da Indústria Capixaba, para nortear os principais projetos e medidas que precisam ser tomados para continuarmos no caminho do desenvolvimento.”

De acordo com a presidente, no âmbito nacional, a principal pauta da Federação é a recriação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). “Ter uma pasta especializada em desenvolver planejamentos de curto, médio e longo prazo para o contínuo desenvolvimento do setor industrial é fundamental. Assim, poderemos ampliar os ganhos e oportunidades que são gerados pela indústria e que impactam no processo de desenvolvimento do país”, apontou.

Pautas da indústria do ES

Cris ainda afirmou que a indústria seguirá defendendo as pautas que são importantes para o desenvolvimento do ES e do país. “Um exemplo é a reforma tributária, imprescindível para dar mais competitividade às empresas nacionais e, consequentemente, incentivar o crescimento econômico sustentado”, enfatizou.

Outro destaque feito pela presidente foi em relação aos investimentos e projetos industriais previstos para os próximos anos. “Para os próximos cinco anos serão R$ 27,3 bilhões em investimentos no ES distribuídos em 383 projetos identificados pela Bússola de Investimentos da Findes. Estamos falando de negócios como da Olam, Britânia, Suzano, Garoto e Marcopolo”.

Com informações da Findes. 

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