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quinta-feira, 25 abril, 2024

Economia: Casar não sai de moda e gera lucro no mercado

Economia: Casar não sai de moda e gera lucro no mercado

O Espírito Santo ocupa o 3º lugar no ranking nacional em número de casamentos, criando um grande mercado e gerando oportunidades para as pequenas e médias empresas especializadas em serviços para a ocasião.

 

*por Ana Lúcia Ayub

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Véu, grinalda, música, igreja, bolo e todos os detalhes embutidos em uma festa de casamento movimentaram R$ 14 bilhões no Brasil em 2012 – valor 40% superior aos R$ 10 bilhões registrados em 2011, de acordo com a Associação Brasileira dos Profissionais, Serviços para Casamentos e Eventos (Abrafesta). Quem quer subir ao altar deve estar preparado: um casamento completo para 400 convidados em Vitória sai por cerca de R$ 100 mil. Uma cerimônia simples, R$ 15 mil, e uma festa para a classe A não sai por menos de R$ 300 mil.

Os números do IBGE indicam um potencial de expansão, pois a quantidade de matrimônios foi de 1,026 milhão no Brasil em 2011 – 5% a mais que em 2010. Isso levou a um aumento na taxa de nupcialidade do país, que subiu para sete casamentos por mil habitantes de 15 anos ou mais de idade, a mais elevada da última década. O Espírito Santo ocupa o 3º lugar no ranking nacional, empatado com o Estado de Goiás. São 8,6 uniões para cada mil habitantes, número superior ao nacional. O Estado que mais celebra casamentos é Rondônia (10,05%), seguido do Distrito Federal (9,0%).

O estudo aponta que esse crescimento decorre de uma mudança no perfil do brasileiro. As mulheres se casam cada vez mais tarde, em média com 26 anos, o que coloca o desejo de ser bem-sucedida à frente do matrimônio. Essas mulheres, que se preocupam com o bem-estar financeiro, acompanham o desenvolvimento econômico no Brasil, que beneficia todos os setores. Inclusive a indústria do casamento.
E a corrida para o altar não deve terminar tão cedo, pois há 39 milhões de solteiros entre 20 e 40 anos no Brasil, segundo o Instituto. Eles nasceram nas décadas de 70 e 80 e formam a maior geração de solteiros de todos os tempos. Cerca de 40% deles – 14 milhões de pessoas – querem se casar nos próximos anos. Se apenas a metade concretizar o desejo, milhões de reais serão movimentados no país.

Profissionalização do mercado
No casamento, é preciso planejar cada detalhe: a igreja, o bufê, uma boa música e até a produção de vídeo e álbuns de fotos. Os noivos investem alto para transformar o sonho em um espetáculo. E quem lucra com isso são as pequenas e médias empresas especializadas em serviços para casamento. “O mercado está em expansão no Estado. Fatores como a média de casamentos superar a nacional, mudanças de comportamento no público feminino – que ao ingressar no mercado do trabalho, delegam a profissionais a organização do casamento – e o aumento do poder aquisitivo da população impulsionam o mercado”, afirma a empresária Flávia Firmino, coordenadora da feira Casar no Espírito Santo.

A mostra já está na sua sexta edição e apresentará, em maio, um diversificado mix de serviços para as noivas. Serão 100 expositores, que trarão novidades e tendências em docinhos, salgados e bolos, fotografia e decoração. Uma inovação é o buquê confeccionado com broches e joias de família, em vez das tradicionais flores, que virou moda nas festas sofisticadas do Rio e São Paulo. Os acessórios para o topo dos bolos também mudaram. Os bonecos de noivos em biscuit dão lugar a casais de pássaros e ursinhos ou a noivinhos feitos com a requintada porcelana espanhola ‘illadró’, que pode custar até R$ 2 mil. Ou então às letras iniciais dos noivos. O evento também contará com uma exposição de carros antigos.

O aquecimento do mercado propiciou a expansão do Itamaraty Hall, casa de festas tradicional de Vitória, que saiu da Praia de Santa Helena, onde funcionou por 31 anos, para inaugurar, no ano passado, um espaço mais amplo, em Santa Lúcia, com uma área de 30 mil m2 e um espaço multifuncional para eventos, podendo abrigar até três eventos ao mesmo tempo. O novo endereço atende a até 1.200 convidados e conta com 350 vagas no estacionamento. Na sede antiga, a capacidade era de 550 lugares.

Com a expansão, o número de festas teve um incremento de 53% nos últimos oito meses. Só em casamentos o Itamaraty atende de seis a sete eventos por mês, segundo a empresária Penha Correa Lima, que comanda o empreendimento. “Antes, o mês de maio era o mais procurado pelas noivas, mas atualmente os casamentos são marcados o ano inteiro e de acordo com a conveniência das noivas, pois muitas fazem faculdade, mestrado ou até estudam fora”, diz.

O Itamaraty se expande principalmente na expertise do mercado. Os tradicionais jantares perderam espaço nos casamentos e o menu diferenciado e volante ganha força. “Sempre implantamos novidades e inovações no cardápio. Como 99% dos casais não querem cerimônias com jantar, introduzimos, há 13 anos, as miniporções e uma infinidade de estações temáticas, com várias opções de bufê: árabe, oriental, mexicano, mineiro ou até nordestino. Os noivos preferem essa informalidade para dar maior mobilidade às pessoas. Assim, elas não precisam parar de dançar para jantar. Além do mais, agregamos tudo o que o cliente busca atualmente: espaço amplo, estacionamento, boa acústica, atendimento e comida com qualidade. Com isso, já temos eventos marcados até para 2015”, diz Penha.

Novidades e tendências
Foi-se o tempo em que a maioria dos casamentos se resumia à cerimônia religiosa, bolo e brindes. O crescimento da indústria de casamentos tem levado à criação de serviços cada vez mais especializados. De olho nesse mercado, o empresário Cezar Romero migrou do segmento publicitário para a área de fotografia e inaugurou, há 16 anos, um estúdio especializado em fotos para noivos, festas de 15 anos e infantis.
“Nós fechamos uma média de dois a cinco casamentos por mês. E nos preparamos para registrar esse momento de forma a atender aos sonhos e às expectativas dos noivos. Hoje, o mercado é muito dinâmico, e as redes sociais ditam as tendências e novidades do momento. Os noivos querem os mesmos efeitos que encontram nas redes virtuais, como do ‘Instagram’ e outros aplicativos, que permitem adicionar vários recursos visuais nas fotos”, explica.

Com a chegada da era digital e com tanta tecnologia à disposição, os profissionais do ramo podem ir além. Mas, segundo Romero, o fotógrafo deve acompanhar as novidades do mercado, mas não se ater só a esses detalhes. “Uma boa foto é aquela que transmite a emoção do momento. Tendências vêm e vão e o fotógrafo deve ter o bom senso de filtrar as informações e apresentar as fotos que melhor contem a história do casal”, disse. Os álbuns com 200 fotos custam de R$ 4,8 a R$ 12,6 mil.

Para se manter atualizado, Romero participa de congressos de fotografia, mantém um site e um blog na internet e propaga o seu trabalho nas redes sociais e em blogs específicos para noivas. “Não dá para ficar longe das redes virtuais. As noivas pesquisam tudo pela internet atualmente”, diz.

Já os preços dos pacotes de filmagem variam de R$ 3,5 a R$ 9 mil. Alguns estúdios fazem verdadeiros casamentos “cinematográficos”, onde os noivos se tornam estrelas de “Hollywood” por um dia. As novidades vão desde a exibição da cerimônia até a gravação em 3D.
O músico Thiago Rocha resolveu investir em produção musical para eventos há cinco anos e montou a empresa Feeling Arte Musical em Vitória, que conta com 60 músicos. Em média, realizam quatro cerimônias por fim de semana. Os preços dos pacotes variam de R$ 2,1 mil (6 integrantes) a R$ 6,3 mil (18 músicos). “Tudo depende da escolha dos noivos, pois podemos formar até uma orquestra propriamente dita”, diz. Já a Monumenthos Produções Musicais atende de quatro a cinco casamentos por mês e o preço da banda, com sete integrantes, varia de R$ 1,5 a R$ 2,5 mil.

Vestidos de noiva
Independentemente do tipo de cerimônia – religiosa ou não – ou se será comemorado com festa ou uma pequena recepção, uma peça especial não pode faltar no casamento: o vestido de noiva. Tradicional ou exclusivo, ele é, junto com as roupas do noivo e dos padrinhos, responsável por grande parte da movimentação financeira desse segmento.

No mercado de luxo nacional estão os modelos do estilista paulista Demi Queiroz, que custam cerca de R$ 50 mil. Sandro Barros, que já desenhou para a grife Daslu, faz cerca de quatro vestidos por mês – o mais barato sai por R$ 20 mil e o mais caro que ele já fez, R$ 120 mil. No Espírito Santo, a loja de Martha Paiva vende peças que podem ser feitas por estilistas nacionais e outras multimarcas, entre elas as das empresas espanholas Pronovias, San Patrick e Pepe Botella. As peças multimarcas variam de R$ 4 mil a R$ 15 mil. Já os vestidos exclusivos feitos por estilistas como Marta Medeiros (Alagoas) saem acima de R$ 30 mil. “São modelos feitos sob medida, com matéria prima requintada e tecidos nobres. Há uma sofisticação e uma qualidade diferenciada”, diz.

No mercado, os modelos feitos por estilistas capixabas, em média, não saem por menos de R$ 4 mil. Para quem prefere economizar, é possível encontrar vestidos mais em conta, em lojas de locação da peça. A Sônia Noivas, no Centro de Vitória e em Jardim da Penha, tem modelos com preços de R$ 700 a R$ 4,5 mil, e aluga, por semana, cerca de 40 vestidos. “Trabalhamos também com vestidos exclusivos, por encomenda, e temos 30 modelos novos, entre confecção e importados, para o primeiro aluguel, o que faz a noiva se sentir como se ele tivesse sido feito especialmente para ela. A vantagem da primeira locação é que a cliente prova e gosta, diferente de quando ela encomenda um vestido igual ao que viu na revista”, explica a gerente de Marketing e Relacionamento da loja, Karolline Zanelato.

Custos devem ser planejados
Organizar um casamento nos dias de hoje pode ser quase tão complicado quanto encontrar a pessoa ideal. É difícil achar bufês de qualidade e uma boa casa de festa disponível. Ou encontrar decoradores que caibam no orçamento. Mas, acima de tudo, é difícil ter tempo para cuidar de tantos detalhes. É aí que entra uma figura cada vez mais requisitada: a cerimonialista, que ajuda em todos os detalhes, encurta o tempo que os noivos gastam com a organização da festa e colabora no corte dos gastos, selecionando fornecedores com preços acessíveis aos noivos. Um evento tradicional conta com 21 fornecedores diferentes e, nos mais personalizados, são cerca de 31. “Para ficar dentro do orçamento, os noivos devem ter muito planejamento, resistir aos excessos e controlar a quantidade de convidados”, ensina a cerimonialista Stella Miranda.
No novo cenário dos casamentos, saem os pais e entram os noivos como os provedores – são eles que arcam com os custos, ou pelo menos parte deles. E nessa nova etapa as festas ficam mais personalizadas, com destaque para aquelas que vão até altas horas da manhã, com lanche de madrugada. Isso encareceu os casamentos. “Ainda há pais que arcam com parte do custo da festa, mas o maior envolvimento dos noivos trouxe mais personalização ao evento e, por consequência, o aumento dos custos. Muitos casais querem novas tecnologias, com pistas e painéis de LED no salão, ou uma foto-cabine. E há aqueles que querem surpreender os convidados com atrações mais ousadas, como escola de samba, trio elétrico ou um DJ de funk”, explica Stella.

A cerimonialista afirma que um casamento de luxo não se mede pelas atrações especiais, e sim pela qualidade do padrão apresentado no evento. “Ele é cercado de detalhes da família – como a joia herdada da avó -, vestido de noiva de um estilista famoso, como o do libanês Elie Saab, bebidas harmonizadas e conforto para os convidados. Em qualquer casamento, os noivos devem ser a atração central da festa. E saber a hora de parar. Mesmo nas festas em que se contrata uma banda, uma hora de show é o suficiente para animar os convidados”, esclarece.
A administradora Taís Orllandi, 26 anos, sugere um planejamento de pelo menos um ano e meio de antecedência, período em que ela está planejando o seu casamento, que será em setembro. Ela contratou a cerimonialista Stella Miranda para acompanhar todo o processo e diz que as assessorias são imprescindíveis e ajudam no corte de gastos. “A assessora coordena todos os detalhes com os fornecedores e cuida de tudo, desde a forminha do doce até a orquestra. Isso nos dá maior tranquilidade, principalmente no dia do casamento, que depende de toda uma logística”, conta.

Taís optou por uma cerimônia tradicional e não vai se casar na igreja. Só no civil. Ela vai oferecer um jantar e contratou uma orquestra. Mas tudo pesquisado, pois os preços são muito variados e podem onerar a festa, segundo ela. “Os orçamentos podem ser díspares e muito diferentes, então, é necessário uma boa pesquisa e planejamento. Venho me planejando desde 2011 e todas as minhas expectativas de gastos estão se cumprindo. Tudo depende da formatação do evento. No meu, serão 250 convidados, e não vou passar disso. E nada de modismos, como contratar uma escola de samba, pois optei por uma cerimônia clássica. Não abri mão de nada, mas coloquei tudo na balança. Enxuguei alguns itens e optei por outros mais econômicos”, diz.

Para a lua de mel, uma boa ideia é fazer como Taís e comprar hospedagens pelos sites de compras coletivas, usando milhagens para adquirir as passagens. Ela e o noivo vão passar a lua de mel no Leste Europeu e na Turquia. As redes sociais são outro bom uso para economizar.

Principais etapas e custos de um casamento
Cartório
Para se casar no civil, o custo é de R$ 309,00, preço tabelado nos cartórios. O valor pode ficar um pouco acima se fugir ao padrão da tabela, como reconhecer firma de testemunhas em outro local.

Igreja
Na igreja católica, o casal arca com dois custos: R$ 339,00 para a tramitação de documentos (Vitória), e o outro, a reserva da igreja, varia. A Catedral está em reforma. Na São Gonçalo o valor é R$ 1 mil e na Igreja do Carmo R$ 450,00. A reserva deve ser feita com mais de um ano de antecedência.

Casa de festas
O preço médio de um bufê nas melhores casas de festas da Grande Vitória é de R$ 80,00 por pessoa, mas o valor depende do local, do menu e das bebidas. Nessa média, um casamento com 400 convidados custa R$ 32 mil.

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