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sábado, 27 abril, 2024

Economia do ES cresce mais que a do Brasil no primeiro semestre

Serviços, comércio e indústria levaram ao aumento de 4% na atividade econômica do estado entre janeiro e julho de 2023

Por Anderson Neto

A economia do Espírito Santo cresceu 4% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. Em meio a um cenário marcado pela desaceleração da inflação e pelo aumento da geração de empregos e renda, o Estado teve um desempenho acima da média nacional (3,7%). Os protagonistas do resultado capixaba foram: indústria (2,8%) e serviços (6,3%), que também inclui comércio.

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Os dados fazem parte do Indicador de Atividade Econômica (IAE) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), compilado pelo Observatório da Indústria. Os números foram divulgados nesta quarta-feira (13), em coletiva de imprensa, na sede da entidade, em Vitória.

Para a presidente da Findes, Cris Samorini, é preciso comemorar o bom desempenho da economia capixaba. “Estamos vendo o quanto o Estado vem crescendo e o investidor privado escolhendo o Espírito Santo como o local para implantar seus projetos. Temos novas empresas chegando e algumas expandindo as suas plantas industriais”. 

De acordo com a Bússola do Investimento da Findes, o Espírito Santo já tem quase R$ 42 bilhões em investimentos anunciados até 2027. São mais de 320 projetos previstos.

Outros indicadores importantes para o crescimento do ES e do Brasil também foram favoráveis. De acordo com o IBGE, no primeiro semestre do ano, a inflação ao consumidor (IPCA), acumulada em 12 meses, ficou em 3,16% e a taxa de desocupação no Brasil chegou a 8% no segundo trimestre encerrado em junho, enquanto no ES atingiu 6,4%.

Além disso, a taxa básica de juros, a Selic, foi reduzida no final de julho para 13,25% e a expectativa é que a taxa continue em trajetória de queda. A presidente da Findes comenta que para a economia do ES e do Brasil continuar nessa trajetória de resultados positivos, medidas de extrema importância precisam ser fortalecidas.

“Maior segurança jurídica, juros mais baixos e estabilidade econômica no país são indispensáveis para que o empresário tome a decisão de investir e o Brasil cresça”, afirma Cris Samorini.

A presidente complementa que juros mais baixos e crédito mais barato são sinônimo de mais investimento nas empresas e de geração de emprego e renda. “Outro ponto fundamental é aprovar a Reforma Tributária de forma que ela traga simplicidade, transparência e isonomia para o sistema tributário brasileiro”, afirma. 

Desempenho

De acordo com o IAE-Findes, a economia capixaba foi impulsionada por dois segmentos no primeiro semestre deste ano, na comparação com o primeiro semestre de 2022. 

“O aumento de 6,3% nas atividades do setor de serviços (que inclui comércio) e o avanço de 2,8% na indústria justificaram o crescimento da economia capixaba no período. Por sua vez, a atividade da agropecuária apresentou expressiva queda de 12,1%”, detalha a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório da Indústria da Federação, Marília Silva.

O desempenho positivo do setor de serviços foi influenciado pelas taxas positivas em todas as suas atividades: comércio (6,4%), transporte (4,0%) e demais atividades de serviços (6,6%).

“O mercado de trabalho favorável, a descompressão inflacionária, os programas governamentais de transferência de renda e a melhora das expectativas dos agentes econômicos ajudam a explicar essas taxas de crescimento”, esclarece Marília Silva.

O avanço de 2,8% da indústria capixaba foi motivado pelo crescimento de 13,8% da indústria extrativa, bem como pelas expansões da atividade de energia e saneamento (2,8%) e da construção (2,2%). 

A única atividade industrial a recuar no primeiro semestre do ano foi a indústria de transformação (-10,2%). Ela foi impactada pelas quedas em todas as atividades: fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-19,5%), metalurgia (-10,2%), fabricação de celulose e papel (-5,3%), fabricação de produtos alimentícios (-1,5%) e fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-0,9%).

No caso da indústria extrativa, o resultado positivo deve-se principalmente à atividade de pelotização do minério de ferro, que cresceu 21,5% no primeiro semestre do ano, e a produção de petróleo e gás natural que aumentou em 6,9%.

“O setor extrativo é uma parte importante da economia do Estado. Em 2022, esse foi um segmento que apresentou resultados negativos (-18,7%). A indústria capixaba representa 27,4% da economia do Estado e a extrativa (commodities como petróleo, gás, minério) tem um peso de quase um terço desse valor”, comenta a gerente de Inteligência de Dados e Pesquisas do Observatório da Indústria, Suiani Febroni.

Já a agropecuária retraiu de 12,1% devido às quedas tanto na pecuária (-4,2%), quanto na agricultura (-15%), sendo esta última influenciada, entre outros motivos, pela bienalidade negativa do café esperada para 2023.

Na comparação do segundo trimestre de 2023 em relação ao segundo trimestre de 2022, a economia do Espírito Santo cresceu 3%. O resultado é fruto do bom desempenho da indústria (3,9%) e do setor de serviços (6,5%), que se sobrepuseram ao recuo de 15,7% da agropecuária. 

Com a exceção da queda de 9,6% da indústria de transformação, todas as demais atividades industriais capixabas cresceram no período: indústria extrativa (17,1%), construção (2,1%) e energia e saneamento (2,9%).

Para o Brasil, houve crescimento de 3,4% do PIB do país nesta base de comparação, motivado pelas expansões em todos os setores: agropecuária (17%), serviços (2,3%) e indústria (1,5%).

Cenário nacional

A atividade econômica nacional cresceu 3,7% no primeiro semestre de 2023, ante o primeiro semestre de 2022. O crescimento do PIB do País foi impulsionado pelo avanço de 17,9% na atividade da agropecuária, assim como pelas altas no setor de serviços (2,6%) e na indústria (1,7%). 

O resultado positivo na indústria foi justificado pelas expansões na indústria extrativa (8,2%), na construção (0,9%) e no setor de energia e saneamento (5,6%), enquanto a indústria de transformação apresentou queda de 1,3%.

Cenário internacional

A economista-chefe da Findes, Marília Silva, explica que, ao longo dos seis primeiros meses do ano, o cenário externo foi desafiador.

“As principais economias do mundo ainda não iniciaram o processo de flexibilização das políticas monetárias, com isso, muitos países permaneceram convivendo com os juros elevados. Isso acabou impactando negativamente países, que são grandes exportadores de commodities industriais, como é o caso do Brasil e, consequentemente, o Espírito Santo”, pontua a economista.

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