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quarta-feira, 4 DE dezembro DE 2024

Domingo (18) tem lançamento de música capixaba

Ilus lançará no domingo (18) primeira música de seu novo álbum, gravado no estúdio da Ufes

Por Rafael Goulart

A cantora e compositora Ilus, já conhecida na cena capixaba por suas interpretações de jazz, blues, música eletrônica e funk feminista, lança neste domingo (18) a primeira faixa do seu álbum “Natureza Líquida”.

A data foi escolhida para coincidir com o Dia Mundial do Orgulho Autista, já que a temática da música a ser lançada, “Quebra Cabeças”, versa sobre a autoestima das pessoas que estão diagnosticadas dentro do espectro autista.

“Essa música é uma crítica aos falsos profetas, os que vendem curas, os que ganham dinheiro com o desconhecimento e com a manutenção do sofrimento”, explicou.

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O single será lançado nas plataformas digitais Spotify, Deezer, Apple Music e YouTube Music.

Álbum

Gravado no Estúdio de Música da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a obra “Natureza Líquida”, deve ser lançada na integra dia 28 de julho com nove composições e um poema da cantora, com o acompanhamento da violonista Cris Bravin.

“Apesar de ser um álbum gravado com apenas esses dois instrumentos, está longe do que se imagina como o estilo de ‘voz e violão’ difundido pela bossa nova”, define Ilus. “É forte, fantástico em muitos momentos, provocativo e cheio de afetos”, completa.

Ilus deve lançar mais uma faixa do novo álbum ainda este mês e outra em julho. Os próximos lançamentos são “Verdades Mortais” (29 de junho) e “Canto Vadio” (14 de julho).

O lançamento de “Natureza Líquida” integra o Projeto “TransIlustríssima”, selecionado pelo Edital de Produção, Difusão e Distribuição Musical da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).

“Natureza Líquida é uma fase musical mais introspectiva, que registra um amadurecimento em relação ao meu processo composicional. Eu queria muito fazer um álbum que tivesse uma sonoridade mais próxima do rock dos anos 1980, ao mesmo tempo em que também bebesse de outras fontes, como a música popular brasileira e a trilha sonora com uma pegada mais fantástica. De certa forma, acabei criando uma sonoridade muito própria, que une as músicas, ainda que em ritmos diferentes”, observa a cantora.

Espectro autista

Diagnosticada há dois anos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Ilus propõe em sua obra um olhar sobre a realidade desse segmento da sociedade, sempre sob o prisma do respeito às diferenças.

Engajada na luta por equidade social, a cantora faz palestras sobre o modo de vida das pessoas autistas e é uma das administradoras do Adultos no Espectro, plataforma de soluções em saúde mental que conta com mais de 25 mil seguidores no Instagram.

O diagnóstico significou um novo começo na sua vida, inspirando composições como “Quebra-cabeças”, que nasce como um desabafo movido pelo desejo de afirmação.

“Essa música é uma crítica aos falsos profetas, os que vendem curas, os que ganham dinheiro com o desconhecimento e com a manutenção do sofrimento. Para essas pessoas, ter pessoas autistas bem, felizes e adaptadas na sociedade é pouco interessante. Ter pais desesperados e pessoas que pensam que o autismo é um fardo se converte em lucro. Por isso, eles mesmos criam e alimentam o sofrimento. Eu quis caminhar na direção oposta. Quis me afirmar como potência. Sei quem eu sou e sei que dentro de mim há infinitas possibilidades de existência”, afirma.

“Sou uma pessoa que luta por um mundo mais gentil, onde as pessoas tenham direito de ser quem são e, dessa forma, serem respeitadas, valorizadas e terem espaço à cidadania plena. E quando me descobri sendo uma pessoa autista, não poderia deixar de abraçar essa luta também no meu trabalho”, reitera.

Faixa a Faixa por Ilus

Faixa 1: O Cheiro da Morte e Faixa 2: A Hora do Não Ser
O álbum começa com o poema “O cheiro da Morte”, que compõe, junto com a primeira faixa, reflexões sobre os primeiros sentimentos do início da pandemia. O caos político e social, aliado ao medo, leva a compositora a buscar refúgio e silêncio nos ensinamentos da natureza. Texto apoiado no livro “O Amanhã Não Está à Venda”, de Ailton Krenak.

Faixa 3: Canto Vadio
Mostrando uma variedade rítmica muito rica, Ilus resgata um lado mais latino na sonoridade da música brasileira. “Canto Vadio” fala sobre expectativas frustradas, e sobre como toda reviravolta tem um pouco de morte e um pouco de reinvenção.

Faixa 4: Anjo Decaído
Nessa faixa, Ilus usa a metáfora de Ícaro para descrever como se sente como pessoa autista no mundo. Suas potencialidades e a grandeza de seus sentimentos são comparadas com asas de cera, que lhe permitem voar, mas que se derretem ao calor do sol, em uma analogia à sua sensibilidade sensorial e emocional.

Faixa 5: Verdades Mortais
Com um baixo bem marcado, “Verdades Mortais” traz os conflitos de uma pessoa com seus dilemas entre o que deseja e o que consegue realmente dar e sobre como um comportamento pode ser classificado como loucura, ou ser invalidado pela maneira como ele é expresso.

Faixa 6: Quebra-Cabeças
Ilus fala sobre a construção da autoestima da pessoa autista. O Símbolo do Quebra-cabeças, popularmente conhecido como o símbolo do autismo, é usado como trocadilho em sua música, quando pede: “Quebra essa cabeça!” (Pare para pensar! Pense diferente!).

Faixa 7: Amor do Fim do Mundo
Em uma pegada mais romântica, Ilus fala de amor num cenário onde as certezas não existem. É possível amar quando não há parâmetros para se guiar? Como é amar num mundo adoecido e caótico? Uma música cheia de elementos lúdicos que cria uma atmosfera de fantasia para falar dos sentimentos mais profundos.

Faixa 8: Antes que o Mundo Acabe
O cenário é de isolamento social, a vacina que não chega, as pessoas relaxando os cuidados sobre a contaminação. Diante do caos, como se colocar e preservar a saúde mental?

Faixa 9: Sou Pequena e o Mar é Grande
Em uma música de uma sinceridade tocante, a compositora coloca como se sente pequena diante das mídias sociais, da profusão de pessoas e do mundo cheio de movimentos e estímulos.

Faixa 10: Ogiva
A última música do álbum fecha a ideia do mesmo. Ilus fala poeticamente sobre meltdown, uma crise comum para pessoas do espectro autista por sobrecarga sensorial ou emocional, e da beleza que é se desfazer em líquido para depois se recompor. É sobre a beleza de existir que se trata todo esse trabalho.

 

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