Especialistas explicam a relação do dólar com a taxa de juros e como dolarizar os investimentos nesse momento
Por Amanda Amaral
O dólar comercial em janeiro estava em torno de R$ 5,35, porém, na última semana do encerramento do 1º semestre de 2023, a moeda americana fechou na quinta-feira a R$ 4,84. A melhora na economia brasileira e fatores externos contribuíram com a baixa ao longo do ano, conforme especialistas definiram ao Portal ES Brasil. Mas será que este é melhor momento para investir neste ativo?
O professor da Fucape Business School, o economista Gercione Dionizio, explica que há dois tipos de investidores, para um deles, caso a taxa de juros de um país seja considerada alta, o custo do empréstimo se torna mais caro para o investimento. Mas, para outras pessoas, quanto mais alta for a taxa, melhor o retorno do investimento em títulos de dívida pública, por exemplo.
“Caso os EUA venham a reduzir a taxa de juros, o investimento financeiro, de um modo geral, pode ficar menos atrativo, e aqueles que investem em ativos acabam buscando pela bolsa de outros países”, comenta.
No Brasil, a taxa básica de juros, Taxa Selic, manteve alta desde agosto de 2022, e estabilizou nos atuais 1,375%. Porém, a expectativa, conforme mencionado em ATA do Comitê de Política Monetária (Copom), é de que haja uma redução gradual a partir de agosto. “A elevação da taxa de juros brasileira foi mais forte, acima da inflação. O investidor estrangeiro busca rentabilidade, por isso esse olhar para o Brasil. Os pagamentos por títulos de renda fixa aqui são mais altos do que em outros países, o que favorece a entrada de dólar no país, com isso o preço da moeda americana cai. É o carry trade – movimentação de dinheiro estrangeiro em um país com taxas de juros mais altas”, analisa O conselheiro do Comitê Qualificado de Conteúdo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), o especialista em investimentos Marcel Lima.
Qual o melhor momento?
De acordo com ele, muitos clientes questionam qual o melhor momento para comprar dólar. “Quando vão viajar, os clientes questionam “preciso comprar agora ou depois?”, como isso é muito difícil de prever – apesar da sinalização de que o dólar vai continuar caindo, o ideal é fazer um preço médio. Comprar um pouco agora e um pouco mais para frente. Isso porque se ele cair mais do que o valor atual, essa, por exemplo, não será uma boa hora, mas se a alta disparar, hoje é o melhor momento. O ideal é alocar aos poucos”, explica.
Sobre o dólar continuar caindo, o assessor de investimentos e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), o economista do Jardel Lago, destaca que existem diferentes variáveis que impactam o preço da moeda americana, mas caso a economia brasileira continue crescendo e a haja redução da Taxa Selic, existe espaço para um dólar mais barato e um real mais valorizado.
“Mas lembrando que isso envolve a percepção de risco do país, existem muitos fatores que mudam o tempo todo e influenciam no câmbio”, aleta. Quem pretende investir no dólar como ativo pode ousar um pouco, segundo ele: “Quanto mais o dólar cai, mais interessante fica para quem quer investir nos EUA. Para quem deseja comprar dólar, essa pode ser a hora de ter um investimento offshore ou até mesmo uma carteira de investimentos, é um incentivo a mais para começar a montar uma posição”.
