Mais de 120 alunos do 6º ao 9º ano do Sesi se desafiaram na criação de alternativas para questões hídricas
Por Robson Maia
No coração da educação contemporânea, onde a tecnologia e a sustentabilidade convergem, o Desafio ArcelorMittal de Robótica, realizado em parceria com as unidades de Jardim da Penha e Maruípe do colégio Sesi, se destaca como um bom exemplo de como a juventude pode moldar um futuro mais sustentável.
No último dia 19 de outubro, a segunda edição da competição reuniu mais de 120 alunos do 6º ao 9º ano, totalizando mais de 20 equipes, todas em torno de um só objetivo: encontrar soluções inovadoras para a gestão de recursos hídricos.
A Importância do Tema
A gestão eficiente da água é um dos maiores desafios enfrentados pela sociedade atual. Com o crescimento populacional e as mudanças climáticas, a pressão sobre os recursos hídricos só aumenta. Nesse cenário, a educação pode ser uma ferramenta fundamental e uma alternativa no desenvolvimento de uma nova geração.
Ao envolver os alunos nesse desafio, a ArcelorMittal escolheu não apenas promover a consciência ambiental, mas também incentivar a criatividade e o pensamento crítico, habilidades essenciais para a formação de cidadãos conscientes e preparados para enfrentar os desafios do futuro.
“A ArcelorMittal acredita que essa juventude é capaz de transformar a sociedade. O Desafio de Robótica estimula o desenvolvimento de habilidades, além de abrir o nosso espaço para a elaboração de soluções para situações que estão presentes no cotidiano. A gente projeta que esses jovens sejam capazes de elaborarem soluções eficientes, mas a ideia é ir muito além disso: fomentar o interesse pela transformação”, destacou o gerente geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal, Bernardo Enne.
O Desafio em Ação
O evento foi projetado para estimular a imaginação dos jovens. Durante quase dois meses, os alunos participantes do desafio alternaram a construção do projeto entre visitas à unidade Tubarão da ArcelorMittal, onde trocaram experiências com os profissionais da empresa, e mentorias com os chamados “anjos”. A Legotrix, The Walking Lego e Pocadores, equipes formadas por estudantes do 1° ao 3° ano do ensino médio e são destaques no circuito nacional e até internacional de robótica, “apadrinharam” as equipes durante o processo.
A partir daí os alunos, divididos em equipes, se dedicaram ao desenvolvimento de soluções tecnológicas que poderiam realizar tarefas relacionadas à gestão e preservação da água. O professor de Robótica da unidade de ensino, Bruno de Castro, frisou a importância de desafios como este para o desenvolvimento de habilidades em situações do cotidiano.
“Queremos que os alunos aprendam a aplicar a tecnologia na resolução de problemas reais, e a questão da água é fundamental no contexto atual”, afirmou o educador.
Os temas escolhidos pelas equipes variaram conforme a observação realizada pelos alunos durante as visitas. Desde a medição da efetividade na distribuição dos recursos hídricos, até mesmo a elaboração de um mecanismo inteligente capaz de identificar possíveis vazamentos na rede, os alunos despertaram a curiosidade dos presentes.
A equipe All Piece, devidamente trajada com acessórios característicos de um anime, elaborou um projeto de baixo custo para ser implementado em residências. O robô é capaz de identificar a qualidade da água recebida (com monitoramento de PH, índices de impurezas e até mesmo quantificar os elementos presentes) e informá-la ao consumidor por meio de um aplicativo simples.
A rede seria interligada ao sistema de abastecimento municipal, sendo possível realizar mapeamento de regiões e identificar as possíveis barreiras para o abastecimento e tratamento de dejetos em regiões distintas, conforme destaca o jovem Felipe Lino França, do 4° ano.
“Nossa equipe preferiu concentrar esforços em uma situação capaz de trazer um bom resultado e que não seja tão difícil para fazer funcionar. Foi muito legal poder fazer o trabalho com meus colegas e aprender coisas novas”, disse o estudante.
A mentoria como diferencial
Um dos grandes diferenciais do desafio foi a mentoria oferecida por profissionais da ArcelorMittal. Engenheiros e especialistas em sustentabilidade compartilharam suas experiências, orientando os alunos em suas criações.
“As nossas visitas à ArcelorMittal foram muito importantes para conseguirmos desenvolver o nosso projeto. Nossa equipe conseguiu aprender com as pessoas que trabalham por lá sobre como pensar em uma ideia que seja viável e ao mesmo tempo inovadora”, destacou Felipe Lino.
Para a gerente regional do Sesi Vitória, Josefina Prezentino, a chave do desafio é que os alunos se tornam líderes durante as etapas de desenvolvimento dos projetos. A educadora frisa o processo como parte fundamental do estímulo pedagógico.
“Projetos como esse não apenas demonstraram a capacidade técnica dos alunos, mas também sua consciência social e ambiental. As visitas servem como um estímulo, inspiração e mostram para esses alunos que o que é trabalhado dentro do desafio tem capacidade de se tornar algo viável para mudar o mundo”.
Papais entram na competição
No dia do evento, o clima era de expectativa misturado com entusiasmo. Não foram só os pequenos que entraram no clima da competição. Os papais dos estudantes também “participaram” do desafio, auxiliando os filhos durante o processo de elaboração do robô.
“É interessante porque acabou se tornando um desafio para nós [pais], também. Claro, não interferimos nas decisões deles [filhos], mas auxiliamos em quase tudo. Somos engenheiros e gostamos de ver como eles pensavam durante o processo criativo. Acabou sendo um estímulo para a gente e uma aproximação interessante entre as famílias”, destacou Cleidson, engenheiro civil e pai do Felipe.
Hora de apresentar. Robôs em ação!
O clima de empolgação ficava somente na área externa. Nas salas de apresentações, o tom era de seriedade e nervosismo. Os grupos foram avaliados por três especialistas da ArcelorMittal: Rafael Schaffeln Ximenes, analista de Aprendizagem e Desenvolvimento (Valores de Equipe); Vinícius Rampinelli, especialista em Pesquisa e Desenvolvimento (Projeto de Inovação) e Fabíola Muta, gerente de Transformação Digital (Design/Desafio do Robô).
Entre os pontos de avaliação, foram 4 os pilares listados como fundamentais:
- Projeto de Inovação: as equipes devem apresentar soluções inovadoras para os desafios relacionados à gestão dos recursos hídricos, explicando suas propostas de forma clara e prática. A criatividade, aplicabilidade e impacto das ideias serão fatores determinantes.
- Design do Robô: nessa categoria, os juízes avaliarão a eficiência do design do robô, levando em consideração critérios como funcionalidade, uso de materiais, originalidade e a solução de problemas estruturais durante a construção.
- Desafio do Robô: os robôs serão programados para realizar uma série de missões em um ambiente virtual, utilizando a plataforma ‘Open Roberta Lab’. A precisão, o tempo de execução e a capacidade de adaptação dos robôs às tarefas propostas definirão o desempenho de cada equipe nessa categoria.
- Valores de Equipe: as equipes deverão trabalhar de forma colaborativa, demonstrar respeito e cooperação, comemorar pequenas conquistas e se divertir ao longo do torneio.
Após a descrição do trabalho elaborado, os alunos tiveram ainda que expor a funcionalidade (mesmo que remota) dos projetos diante dos jurados. Após o período de 20 minutos cronometrados, o espaço para a discussão dos temas era uma etapa importante para que o projeto alcançasse o objetivo: desenvolver o estudante a explorar temáticas de tecnologia, inovação e desenvolvimento social.
Julgamento e premiação
Após quase 10 horas intensas de competição, veio a premiação. A equipe “Lego Wonder” foi a grande vencedora, recebendo troféus e medalhas por sua proposta inovadora.
Para Josefina, a experiência com a segunda edição vai muito além da competição por premiações. “É nítido o impacto entre os alunos. Com toda certeza é uma experiência de sucesso o Desafio ArcelorMittal”, disse a gestora.
Impacto a longo prazo
Além das habilidades técnicas adquiridas, o Desafio ArcelorMittal de Robótica plantou uma semente de responsabilidade ambiental. “Queremos contribuir na formação de indivíduos que consigam carregar valores da ArcelorMittal, de sustentabilidade e transformação da realidade, do mundo. O desafio, como um todo, é a demonstração de que isso é possível”, reforçou Bernardo Enne.
*Matéria publicada originalmente na revista ES Brasil 224, de novembro de 2024. Leia a edição completa de Turismo aqui.