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terça-feira, 23 abril, 2024

Depois do vendaval

Novas relações de consumo se instauram em um mundo pós-pandemia, mas qualquer que seja o cenário, a essencialidade do comércio se mantém cumprindo a relevante função de consumo entre a indústria e o consumidor

Por José Lino Sepulcri

O comércio experimenta uma expectativa da retomada do seu nível de atividades saudável depois de, esperamos, vencida a fase mais aguda da pandemia que impôs tantos transtornos ao mundo e a nós, capixabas.

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Da perplexidade inicial quando o desconhecimento do assunto nivelou todos, mesmo a área acadêmica, passando por gestores que se depararam pela primeira vez com o desafio de gerir uma crise desta natureza, o setor comercial buscou gradualmente retomar suas atividades ao nível mínimo de subsistência, com exceção do setor de alimentos que foi circunstancialmente muito favorecido pela situação. Demandas regulares de alimentação, higiene pessoal e limpeza em geral foram até impulsionadas pela tendência natural das famílias buscarem se provisionar num quadro de incertezas.

Agora com a vacinação em curso, as expectativas tornam-se mais consistentes e promissoras como sugerem dados que a Federação do Comércio dispõe sobre o consumo das famílias, nível de endividamento, índice de inadimplência e propensão de consumo. Em todos eles constatam-se sinais de recuperação e nesse aspecto percebe-se que em 2018, o último ano crise deflagrada a partir de 2014, o índice de inadimplência alcançou 48% contra os 34% verificados no ano passado.

Um dado positivo foi o equilíbrio da gestão da crise no âmbito estadual, com o Governo do Estado buscando o diálogo com a representação das forças produtivas na busca de, senão uma solução conjunta, ao menos o consenso sobre procedimentos que para a ocasião se mostravam inadiáveis. Louve-se também a sensibilidade do Governo em graduar o ajuste das ações preventivas, inclusive do confinamento, flexibilizando-o à medida que se constatava a possibilidade de fazê-lo sem recrudescimento do risco sanitário. Além da sensibilidade ao efeito social que um maior ou um destemperado rigor das medidas poderia provocar inviabilizando CNPJs e por extensão a carga expressiva de postos de trabalho que as empresas fechadas produziriam.

Para o comércio, em longo prazo, extraem-se lições que exigirão uma reaprendizagem do empreendedor comercial. O estabelecimento em caráter definitivo da modalidade de trabalho home office implica novos comportamentos de consumo, assim como a logística de distribuição com os serviços de delivery e as adequações de mobilidade urbana que essa nova prática passa a demandar o e-commerce que já era uma opção mais operada pelos consumidores mais familiarizados com o digital também se consolida como uma tendência que deve predominar a médio prazo. E o comércio físico, o varejo, passa a lidar com uma agenda de sobrevivência que vai enfatizar os nichos de consumo e a importância estratégia da proximidade geográfica do consumidor, como se verá nos bairros.

Novas relações de consumo se instauram em um mundo pós-pandemia, mas qualquer que seja o cenário, a essencialidade do comércio se mantém cumprindo a relevante função social de mediar as relações de consumo entre a indústria e o consumidor.

José Lino Sepulcri é presidente do Sistema Fecomércio-ES

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