Copom manterá redução em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões

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A indicação de que os próximos cortes nos juros serão da mesma magnitude do promovido em agosto vai ao encontro da estimativa do mercado. Foto: EBC

Novos cortes da mesma magnitude vão ao encontro da estimativa do mercado, que espera Selic de 11,75% ao fim de 2023

Por Anderson Neto

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgou sua ata nesta terça-feira (8). Os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

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Na quarta-feira (2) o Copom decidiu, pela primeira vez em três anos, cortar a taxa básica de juros do país, a Selic, em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa passou de 13,75% para 13,25% ao ano.

De acordo com Gabriel Meira, membro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), a informação na ata de corte de juros vai em linha com as expectativas do mercado, que já previam no boletim Focus uma Selic entre 11,75 e 12 ao final do ano.

“As doses homeopáticas fazem sentido no atual cenário econômico, caso não tenhamos maiores pressões inflacionárias. Estivemos com um juro real alto, o que facilitou o ciclo de corte iniciado pelo BC agora. Mas a ata deixa bem claro que precisamos melhorar ainda mais as expectativas de inflação, ou seja, o governo também precisa fazer o dever de casa”, explicou Meira.

A ata da reunião anterior, em meados de julho, já sinalizava o início do afrouxamento monetário, com a avaliação predominante entre os membros do comitê de que o processo desinflacionário em curso — com consequente impacto sobre as expectativas — poderia permitir acumular a confiança necessária para iniciar “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.

Próximos passos

Ainda de acordo com a ata divulgada nesta terça-feira (05), o ritmo de cortes de 0,5 ponto conjuga, de um lado, o “firme compromisso” com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da melhora das expectativas para a inflação.

O Copom também julga como “pouco provável” um ritmo maior que o proposto, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva.

Conjuntura

Para os membros do Copom, o ambiente externo ainda é incerto, com início de desinflação em curso, mas com núcleos elevados, desaceleração gradual da atividade e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países.

No âmbito doméstico, o conjunto de indicadores recentes sugere um cenário de desaceleração gradual da atividade. “De modo geral, observa-se alguma retração no setor de comércio, estabilidade na indústria e certa acomodação no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores. O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem”, cita a ata.

Ainda de acordo com os membros do Copom, a inflação ao consumidor segue com uma dinâmica corrente mais benigna, em particular nos componentes referentes a bens industriais e alimentos.

Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram queda, mas mantêm-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus recuaram e encontram-se em torno de 4,8%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.