Economista analisa as consequências na economia e na vida dos capixabas após anúncio de nova alta na taxa de juros
Por Amanda Amaral
Em meio as consequências econômicas geradas pelo conflito no leste europeu, entre a elas o elevado aumento no preço dos combustíveis, os representantes do Comitê de Política Monetária (Copom) decidiram aumentar novamente este ano a taxa básica de juros, a Taxa Selic, de 10,75% para 11,75%.
Os três aumentos anteriores foram de 1.5 percentual, já desta vez, a elevação foi mais branda, 1 ponto. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (16). A medida era esperado pelos analistas financeiros. Este foi o nono reajuste sucessivo.
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Pressão nos Juros
“Há uma pressão para manter os juros neste patamar elevado. Este é o principal instrumento para o controle da inflação no Brasil, que tem um componente externo que é o preço dos combustíveis, principal fator que vem interferindo no momento na inflação”, comentou o integrante do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e consultor do Tesouro Estadual, o economista Eduardo Araújo.
Em fevereiro, a inflação fechou em 10,54% no acumulado de 12 meses, no maior nível para o mês desde 2015. Para 2022, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Havia uma expectativa para que a inflação cedesse em torno de 5% até o final de 2022, segundo o Boletim Focus, salienta Araújo. Os reajustes dos combustíveis têm relação direta como o dia a dia da população do Espírito Santo e também afetam as indústrias capixabas.
“Esse cenário foi traçado antes do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, não esperávamos esse desdobramento, que está causando impacto significativo no preço do barril de petróleo. O aumento do preço dos combustíveis chegou às bombas e impactou diversos setores como o transporte, de energia elétrica, industrial”, explicou.
Estagflação na Economia
Para ele, o Brasil está chegando ao momento estagflação, uma combinação de estagnação e inflação, termo utilizado entre os analistas financeiros. A situação ocorre quando os preços estão em alta constante, o índice de desemprego é elevado e não há crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
“A projeto do PIB é de um baixo crescimento. Em uma situação de normalidade, a projeção deveria indicar em torno de 3%. Mas a população está crescendo aproximadamente 1% ao ano e o PIB a menos de 1%. Com isso, a renda por pessoa vem diminuindo, o que traduz uma situação de empobrecimento coletivo”, analisa.
Inflação por Faixa de Renda
O Indicador de Inflação por Faixa de Renda de fevereiro aponta para uma aceleração inflacionária para todas as faixas de renda. As famílias de renda alta registraram a maior aceleração inflacionária no período, passando de 0,34% em janeiro para 1,07% em fevereiro.
Já no acumulado em 12 meses, as famílias de renda muito baixa apresentam a maior alta inflacionária, com taxa de 10,9%. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Créditos e Financiamentos
Os capixabas terão que pensar duas vezes na aquisição de créditos. Isso porque, apesar de ser um instrumento de controle da inflação, o aumento da Taxa Selic pode ser um remédio amargo, segundo o integrante do Cofecon.
“Quando a taxa sobe, todo mundo pensa em controlar um pouco. Aumentar a taxa de juros, além de criar dificuldade para famílias, também eleva o custo para o setor público e dos investidores na aquisição de dinheiro no mercado. Por outro lado, no passado o crescimento foi estimulado pelos créditos e financiamentos. É a oportunidade para quem tem disponibilidade de capital”, avaliou.
Com informações da Agência Brasil.