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quinta-feira, 2 maio, 2024

Brasil precisa de R$ 1 trilhão em investimentos para atingir metas climáticas

Fórum Econômico Mundial aponta mudanças na agricultura como fundamentais para reduzir emissões

Por Anderson Neto

O Brasil precisará de um investimento estimado em R$ 1 trilhão para atingir suas metas climáticas assumidas até 2030, de acordo com novo estudo divulgado pelo Fórum Econômico Mundial. Mais preocupante do que o valor total é o cálculo do órgão de que o País, atualmente, só tem previsto gerar ou receber metade desse valor, ou R$ 500 bilhões, para cumprir seus objetivos.

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O Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (GEE) em 37% até 2025 e em 50% até 2030, com base nos níveis de 2005. Com isso, o governo espera alcançar a neutralidade de carbono até 2050. O País era, em 2019, o sexto maior emissor de GEE no mundo e responsável por 3% das emissões globais, com 70% de suas emissões vindo de mudanças no solo, desmatamento e agricultura, diz o documento.

O estudo “Encontrando Caminhos, Financiando a Inovação: Enfrentando o Desafio da Transição Brasileira” foi publicado pelo FEM em parceria com a consultoria Oliver Wyman, e indica os principais desafios e oportunidades que o país tem em sua agenda de transição climática.

O texto reconhece ações tomadas pelo Brasil para cumprir seus objetivos climáticos, como a criação do Fundo Amazônia e do Programa Nacional de Crescimento Verde. No entanto, aponta “desafios significativos” que se impõem ao Brasil nos próximos anos para de fato cumprir as metas estabelecidas.

Desafios

Os principais são o fim imediato do desmatamento; a adoção de uma estratégia coordenada de descarbonização entre os vários setores da economia; a formação de talentos para liderar essa agenda verde, sobretudo em pequenas e médias empresas; a adoção de uma agricultura de baixo carbono; e o desenvolvimento de novos instrumentos de financiamento.

“Políticos, líderes empresariais e especialistas do setor precisam de se unir para ajudar o Brasil a atrair o investimento necessário para alcançar com sucesso as suas metas climáticas”, destaca Kai Keller, Líder de Estratégia Regional e Parcerias do Fórum Econômico Mundial.

A questão do financiamento é central para a pesquisa, que sugere três soluções potenciais para o Brasil suprir a lacuna financeira existente, caso queira alcançar a redução prometida nas emissões de GEE:

Desenvolver “novas ferramentas financeiras e estruturas de financiamento robustas”, como títulos ligados a obrigações sustentáveis, para facilitar os investimentos climáticos;

Fornecer metas claras de descarbonização intersetoriais, além de medidas de apoio para os líderes da indústria avançarem com as suas estratégias de transição climática;

Mobilizar financiamento privado adaptando caminhos de descarbonização e desenvolvendo uma “taxonomia nacional”, para que os investimentos sejam focados nas necessidades específicas do país. O Fórum cita exemplos da União Europeia e de países como a China, a Colômbia e o México, que fizeram esforços semelhantes.

Agro e energia

Do R$ 1 trilhão necessário para o Brasil atingir suas metas, os autores apontam que 38% deveriam ir para mudanças no agronegócio e uso da terra, desenvolvendo práticas mais sustentáveis de agricultura e pecuária, além de combate ao desmatamento e promoção do reflorestamento.

Outros 30% para o setor de energia, privilegiando fontes renováveis como eólica e solar, além de medidas para geração distribuída de energia e melhoria da eficiência energética; outros 26% para a produção de hidrogênio verde e bioenergia (bioetanol, biodiesel, combustível sustentável de aviação, etc).

O restante iria para melhorias sustentáveis do setor de transporte, siderurgia e outros de menor importância. Guilherme Xavier, Sócio e Head de Clima e Sustentabilidade para a América Latina da Oliver Wyman, afirma que “o Brasil desfruta de uma posição privilegiada para se tornar um centro global de soluções verdes para outros países”.

Entretanto, alcançar esse status depende de “estabelecer estruturas de financiamento robustas, como o desenvolvimento de instrumentos financeiros sustentáveis, a mobilização de investimentos privados e o acesso a recursos internacionais para as mudanças climáticas”.

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