Investimentos serão voltados para modernização de plantas e aumentar processo de descarbonização.
Por Gustavo Costa
A despeito do “efeito China”, com o país asiático batendo recorde de importação de aço para o Brasil, a ArcelorMittal reafirma o seu posto de principal produtora brasileira e anunciou que seguirá com com o plano de investir R$ 25 bilhões até 2027.
O montante mais expressivo foi utilizado na compra da Companhia Siderúrgica de Pecém junto à Vale por R$ 11,4 bilhões. Com a integração da operação localizada no Ceará concluída em março, a ArcelorMittal adicionou 3 milhões de toneladas por ano de capacidade de produção ao seu portfólio com potencial para aumentar para 5 milhões ao ano.
Outros R$ 9,3 bilhões serão destinados para a modernização das unidades operacionais no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina e Rio de Janeiro. O principal aporte será na unidade mineira de João Monlevade (MG), com cerca de R$ 4 bilhões. A informação foi dada em entrevista do presidente da ArcelorMittal no Brasil, Jefferson De Paula, em conversa com o IM Business. De Paula aproveitou para defender um aumento de tributação sobre o aço vindo da China dos atuais 10% para 25% por pelo menos um ano. O pedido ganha respaldo na disparada de 58% das importações de aço da China no acumulado do ano até setembro, enquanto a produção nacional caiu 8,4%.
Parceria no Espírito Santo
Entre os investimentos previstos e mantidos está o acordo no Espírito Santo com a EDP para avaliar a viabilidade técnica de uma planta-piloto para a produção e uso de hidrogênio verde no processo de fabricação do aço na planta da empresa em Tubarão. A unidade de produção integrada de aços planos segue investindo em iniciativas para produzir aço com baixo teor de carbono. A primeira etapa, de viabilidade preliminar, servirá para avaliar os aspectos técnicos, econômicos e ambientais do projeto. Também serão definidos o escopo e os requisitos para a execução, para subsidiar as decisões relacionadas às próximas fases do empreendimento.
Os grupos de trabalho das áreas como engenharia, financeiro, desenvolvimento de projeto, ambiental e utilidades começaram os estudos em agosto, identificando modelos de negócios com retornos interessantes para as duas empresas. A viabilidade de instalação de uma planta-piloto será avaliada de acordo com os resultados obtidos nas diversas etapas do estudo, principalmente no Estágio de Definição do Projeto. O estudo deverá ser concluído em 2024. “O estudo em parceria com a EDP representa mais um passo significativo nessa jornada. Com essa colaboração, exploraremos a possibilidade e viabilidade de, futuramente, incorporar e aplicar o hidrogênio como parte do nosso processo produtivo contribuindo, juntamente, com alternativas para nos tornarmos no futuro uma empresa carbono neutro”, disse o CEO ArcelorMittal Aços Planos América Latina, Jorge Oliveira durante o evento em que a parceria foi firmada. Ele aproveitou para dizer que se trata apenas do projeto-piloto e que, após a sua conclusão no Estado, poderá ser replicado para outras unidades da empresa no país.