Preços das mercadorias na área de bebidas e alimentos oscilaram, mês a mês. Setor de panificação agradeceu esforço dos profissionais
Ora, para cima; ora, para baixo. O comportamento dos preços de alimentos e bebidas ilustrou a instabilidade registrada no setor em 2022 no Espírito Santo. A análise é do presidente da Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Vladimir Rossi.
Ele explica que o cenário ainda é consequência da queda do poder aquisitivo da população. Os efeitos desse recuo, observado em 2021, trouxeram redução do consumo, em razão da inflação acumulada. Contribuíram para esse quadro também a escassez de produtos e o aumento dos preços de itens como açúcar, gorduras e carnes.
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“Hoje, uma incerteza muito grande paira sobre o país, que está totalmente dividido. Como empresário do ramo de produtos para a fabricação de sorvetes, estou muito preocupado com as declarações do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que têm seguido na contramão do mercado”, revelou Rossi.
2023 preocupa
O dirigente afirma que, assim como outros empresários de variados setores com quem mantém contato, vê com temor a possibilidade, anunciada pelo próximo presidente da República, de promover um aumento significativo no valor do salário mínimo.
“Caso se confirme, esse reajuste vai ser como uma injeção na veia. Deve impactar, diretamente, a inflação e a empregabilidade e ser repassado aos preços dos produtos.
O consumo, por sua vez, não deve aumentar”, estima.
No cenário nacional, a percepção de Roger Klafke, especialista no setor de alimentos e bebidas do Sebrae, é que os empresários estão otimistas.
Segundo dados apresentados por ele durante o 34º Congresso Nacional Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), realizado em agosto, 52% dos entrevistados revelaram nutrir a expectativa de manter o tamanho de seu negócio, enquanto 42% disseram que pretendem expandir o empreendimento.
Ano do açaí
O açaí se firmou como o carro-chefe da maioria das indústrias de sorvete do Espírito Santo, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Alimentos Congelados, Supercongelados, Sorvetes Concentrados e Liofilizados do Estado do Espírito Santo (Sincongel), Renato Domingues Bragança.
A intensificação do delivery (entrega), impulsionada pela pandemia, foi fundamental para que alguns dos clientes de sua fábrica aumentassem os pedidos em até 400%. “Muita gente acostumou com o conforto e a comodidade de receber, onde estiver, o produto que queira”, avalia Bragança.
Esforço
Em setembro, o setor capixaba de panificação aproveitou o retorno da realização da Acaps Trade Show e da Arena PanShow para dois objetivos principais: lançar tendências de mercado, oportunidades de qualificação e soluções de negócios e parabenizar todos os panificadores, que seguiram firmes e coesos durante a pandemia da Covid-19.
“Foram momentos muitos difíceis para o setor, que tem alta taxa de empregabilidade. Mas sou grato à força e à habilidade dos panificadores que enfrentaram esse período com muita consciência e respeito à vida. Também agradeço o apoio do Governo do Estado, que entendeu naquele momento de incertezas que as padarias – presentes em todos as cidades e bairros do Espírito Santo – são essenciais e poderiam levar com segurança o alimento para a população”, ressalta o presidente do Sindipães, Ricardo Pinto.
Durante a feira no Pavilhão de Exposições de Carapina, na Serra, o estande montado pelo Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado (Sindipães), Associação da Indústria de Panificação do Estado (Aipães), Instituto Panela de Barro e Sebrae mostrou atrativos do setor. O público pôde aproveitar a aula-show de harmonização de pães e vinhos ministrada por André Travaglia, empreendedor na Winet Worl e de vinícolas butiques do Chile. E para fechar a programação, a Arena PanShow realizou, ao vivo, o concurso Melhor Pão Francês.
Mais vinho
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) confirmou o que foi fácil perceber: durante a pandemia, 42% dos brasileiros tiveram alto consumo de álcool, o que impulsionou o mercado de bebidas.
A cerveja segue na preferência dos brasileiros, mas a crise sanitária mundial alterou alguns hábitos de compra. Segundo a Wine Intelligence, o número de amantes de vinho no Brasil subiu de 22 milhões em 2010 para 39 milhões em 2020. E 2021 terminou com 51 milhões de pessoas consumindo a bebida, uma elevação de 12 milhões no ano, representando 36% da população adulta brasileira.
Os clubes de assinatura, que levam vinhos selecionados à casa do consumidor, ganham destaque. “Por trás de cada garrafa de vinho, tem uma história. Depois que alguém entra na categoria de tomador de vinho, fica. É um processo de descoberta que vai fazer o nosso mercado continuar crescendo por vários anos”, defende Marcel Darienzo, CEO da Wine, maior clube de assinatura de vinhos do mundo.
A empresa, que nasceu capixaba e hoje é de capital aberto, chega ao final do terceiro trimestre de 2022 com receita líquida de R$ 201,2 milhões, um avanço de 24,9% em relação a igual período de 2021, significando um incremento de R$ 40 milhões na comparação entre os períodos.
Já o Clube Wine, serviço de assinatura da empresa, encerrou o terceiro trimestre com 351 mil contas ativas, uma adição líquida de 70 mil novos nomes em relação aos 281 mil registrados ao final do mesmo período em 2021.
