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quinta-feira, 25 abril, 2024

A Indústria pode transformar o país

Embora os números traduzam a importância da indústria para o crescimento do país, o segmento não tem recebido a atenção que merece

Por Cris Samorini

A indústria capixaba, assim como a nacional, tem grande protagonismo na geração de riqueza, empregos e oportunidades. A indústria é um grande motor do crescimento econômico e, portanto, motor do desenvolvimento. E os números que retratam o setor provam isso.

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Com uma participação no PIB capixaba de 26,5%, a indústria tem uma fatia de 85% das exportações do Estado. Emprega quase 220 mil profissionais em mais de 15 mil empresas de diversas áreas — uma cadeia produtiva com capacidade enorme de transbordar benefícios, irradiar oportunidades e impulsionar o crescimento.

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Tanto é assim que o poder de alavancagem da indústria é o maior entre os segmentos econômicos. A cada R$ 1 que produz, são gerados R$ 2,43 na economia brasileira. Na agropecuária, esse valor é de R$ 1,75 e no setor de comércio e serviços, de R$ 1,49. Ou seja, estamos falando de um setor que é capaz de transformar vidas, de impulsionar negócios, de desenvolver uma nação.

Embora os números traduzam a importância da indústria para o crescimento do país, entendemos que o segmento não tem recebido nos últimos anos a atenção que merece, do ponto de vista de política de desenvolvimento industrial, de planejamento de curto, médio e longo prazos.

Tanto é que voltamos a trazer para o centro dos debates a palavra desindustrialização, que é a perda de protagonismo da indústria na geração de empregos e na participação do PIB.

Não há no país, entre especialistas, um consenso de que o Brasil vive um processo. Mas, de qualquer modo, precisamos discutir se estamos caminhando precocemente para ele e adotar ações que nos afastem dessa possibilidade.

Vale ressaltar aqui que a desindustrialização pode ser até classificada como positiva se for acompanhada por um aumento da participação de produtos com maior conteúdo tecnológico, maior valor adicionado na pauta de exportações e crescimento de serviços complexos e especializados, como aconteceu em países da Europa e nos Estados Unidos. Mas a perda de participação da indústria na economia brasileira ocorre antes mesmo de o país atingir um nível de renda per capita similar ao dos países mais industrializados e desenvolvidos.

Por isso, me incomoda quando ouço pessoas dizendo de maneira simplória que há uma desindustrialização no Brasil. É preciso lembrar que não se trata de uma paralisia do setor produtivo. Nossas indústrias não estão deixando de investir, de inovar. Elas são as principais responsáveis pela inovação, respondendo por 68,6% dos investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento. Elas desejam expandir seus parques fabris, contratar mão de obra, qualificar seus profissionais, gerar mais riquezas.

Mas acontece que o investimento que a indústria faz ainda não é suficiente para compensar a desvantagem competitiva com outras nações que têm política industrial forte. Nós estamos pedindo apenas para concorrer em pé de igualdade. Porque a nossa parte sabemos que somos capazes de fazer.

Defendemos que o país precisa estimular uma política pública de desenvolvimento da indústria. Por exemplo, criar uma Pasta dedicada ao setor.
Ao compararmos com o segmento do agronegócio, que tem um Ministério da Agricultura, percebemos o quanto a dedicação ao setor influi no crescimento. Precisamos de uma atenção forte do governo federal.

Outro ponto determinante é destravar uma agenda antiga: a redução do Custo Brasil, que retira R$ 1,5 trilhão por ano das empresas instaladas no país, representando 20,5% do PIB. Isto não é nem um pouco razoável.

Temos ainda a agenda clássica: melhoria da infraestrutura, da segurança jurídica e as reformas estruturantes. A reforma tributária, por exemplo, é urgente e decisiva para um ambiente de negócios saudável, para garantir mais competitividade às empresas, e tem a força de tornar tais avanços permanentes para o setor produtivo.

Acreditamos que é possível avançar em todas essas frentes para, assim, ampliarmos o dinamismo e a competitividade da indústria e para colocarmos o país em uma trajetória sólida de crescimento socioeconômico.

Cris Samorini é presidente da Findes.

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