26 C
Vitória
sábado, 27 abril, 2024

A história do associativismo no Espírito Santo

Sérgio de Castro conta como se tornou um associativista e criou associações e sindicatos no Espírito Santo, ainda na década de 70

Por Amanda Amaral

É importante saber se comunicar para avançar na busca por soluções de conflitos. E a máxima de quem ninguém faz nada sozinho, vale para o associativismo, que abre espaços para o diálogo entre a sociedade civil organizada e o poder público.

- Continua após a publicidade -

No Espírito Santo, o associativismo deve muito ao empresário Sérgio Rogerio de Castro, um dos maiores nomes do tema no País. Conselheiro no Grupo Fibrasa, ele também presidiu a Federação das Indústrias no Espírito Santo (Findes) e representou o Estado no Senado Federal.

Em entrevista exclusiva ao Portal ES Brasil, Sérgio de Castro comenta sobre a fundação do extinto Sindicato das Indústrias Têxteis do Espírito Santo, da criação da Associação de Empresários da Serra (Ases) e do surgimento da Escola de Associativismo, que ele afirma ser seu maior legado.

A Fibrasa foi uma das primeiras a ocupar o CIVIT I, na Serra, há mais de 50 anos. Hoje, ela está entre as maiores do seu segmento no Brasil.

A Fibrasa não foi uma das primeiras, ela foi a primeira, foi pioneira no CIVIT I, que é o primeiro CIVIT do Espírito Santo. Para você ter uma ideia, o Centro Industrial de Vitoria está localizado na Serra. Naquela ocasião, a Serra tinha 17 mil habitantes e eles nem conseguiram reagir a isso, porque tinha que ser chamado Centro Industrial da Serra. Mas Serra era tão inexpressiva naquele momento, que o nome CIVIT foi adotado. Isso já tem mais de 50 anos. Hoje a Serra é o município mais populoso do Estado e tende a ser o mais forte economicamente.

Como foi a evolução da Fibrasa desde a sacaria de ráfia até hoje?

Quando decidimos implantar a empresa, éramos a terceira indústria de sacaria de ráfia no Brasil. Quando paralisamos, já existiam mais de 40 indústrias produzindo sacaria de ráfia. Em 1989, começamos a produzir um outro tipo de embalagem. Nós começamos a produzir potes e tampas, copos de plásticos para alimentos e outros produtos, materiais de limpeza, e mais tarde passamos a produzir baldes para alimentos e materiais da indústria da construção civil.

Tenho a impressão que a maior contribuição que dei para o associativismo em toda a minha vida foi ter tido uma ideia e a transformado em realidade” – Sérgio de Castro

O associativismo sempre esteve presente na sua vida. O senhor ajudou a fundar a Associação de Empresários da Serra, que hoje é liderada pelo Giuliano de Castro, seu filho. Como foi criar esse movimento na década de 70?

A Prefeitura da Serra fez um evento para discutir o desenvolvimento do município e nasceu a ideia de fundarmos a Associação de Empresários da Serra para discutirmos e enfrentarmos as nossas dificuldades em conjunto. A ASES foi uma associação que desde o seu início foi percebida como uma associação de empreendedores de muita importância para o desenvolvimento da Serra.

A ASES tem uma atividade que se chama Café de Negócios, e quando você vai lá ver esta atividade, você encontra mais de 300 empreendedores reunidos para discutir temas de interesse do empresário da Serra. Foi muito importante para minha vida eu ter tido essa inspiração de ajudar a fundar a Associação de Empresários da Serra e de ter sido seu primeiro presidente.

As suas iniciativas junto às associações e sua vida empresarial te conduziram a presidência da Findes. Como foi para o senhor construir essa interlocução entre a indústria e os sindicatos?

Preciso registrar o quanto foi importante o Sindicato da Indústria Têxtil, que eu participei da fundação e também fui presidente. Chamava-se Sindutex. Era um sindicato que representava a indústria de malharia e a indústria têxtil no Espírito Santo. A Fibrasa é uma indústria de transformação de plástico, mas tinha como seu equipamento principal o tear, era uma tecelagem e se filiou ao sindicato. Lá eu fui tesoureiro e, ao final, também presidente durante a minha caminhada que me levou à presidência da Federação das Indústrias.

O associativismo também foi marcado pela sua presença no Senado Federal, quando representou o Espírito Santo. Como foi para o senhor falar em plenário sobre o tema?

Eu tenho que reconhecer que minha atividade associativista foi muito importante para que eu fosse convidado para ser suplente do senador Ricardo Ferraço. Tenho certeza que ele levou em consideração toda essa minha trajetória no associativismo.

O senador é eleito com dois suplementes, o mandato é compartilhado. Eu tinha muita responsabilidade em responder a essa situação de corresponsabilidade, por isso, me preocupava com o que estava acontecendo, tinha acesso ao plenário, acesso a todas as reuniões de comissões e quando titular tive assento, voz e voto no plenário. Um dos temas principais que eu tratei nesse período foi o associativismo.

Dr. Sérgio Rogério de Castro_ESBrasil
Sérgio de Castro comenta sobre a fundação do extinto Sindicato das Indústrias Têxteis do Espírito Santo – Foto: Redação ES Brasil

A Escola de Associativismos foi fundada em 2015. Que tipo de demanda as associações levaram para o senhor na época? Que necessidades o senhor identificou naquele momento?

Percebi na minha trajetória de que havia uma diferença, se a diretoria era ruim, a produção era muito pequena. Nesse momento da reflexão, de querer fazer de baixo para cima, a ideia foi exatamente fortalecer as associações iniciando por quem tem interesse em receber essa orientação. A orientação pedagógica da Escola de Associativismo é trabalhar com módulos didáticos.

Um módulo didático trata de um tema importante para que a associação se fortaleça. Estamos gravando hoje o módulo 18. Já gravamos 17 módulos, que estão disponíveis no nosso site. Já fizemos inúmero cursos. No ano passado, certificamos mais de 600 associativistas. A gente avalia que esse número deve crescer à medida que a Escola vá se tornando mais conhecida. A Escola tem um conteúdo exclusivo e muito rico.

 “Queremos o jovem e o associativista que é dirigente de uma associação pela primeira vez. Esse é o foco principal” – Sérgio de Castro

Queremos o jovem e o associativista que é dirigente de uma associação pela primeira vez. Esse é o foco principal. A gente quer ensinar a eles uma maneira adequada de conduzir uma associação, de se fazer representar perante as autoridades para conseguir benefícios para todos, uma categoria no caso de empreendedores, mas conseguir um benefício para um hospital filantrópico, por exemplo. Mais de 50% da saúde hoje no Brasil é cuidada por hospitais filantrópicos, e esses hospitais nascem de associações, que os suportam. Nós também estamos cuidado das associações comunitárias de bairros, porque essas associações têm sido chamadas cada vez mais para gerar, modificar ou aperfeiçoar políticas públicas em benefício de toda a sociedade.

Que benefícios o associativismo traz para as pessoas?

O associativismo tem uma outra força, outro benefício, no sentido de que ele pode ajudar a melhorar o sentido de cidadania de cada pessoa. As associações formam lideranças. Na minha trajetória já encontrei pessoas que chegam a uma associação, mas não sabem falar direito, não sabem se expressar, não sabem explicar o que acham que precisa ser feito. Mas com a entrada na associação e a convivência com os companheiros, ela se transforma.

Quais os próximos planos da Escola de Associativismo? O que vem pela frente?

É ter um número de multiplicadores do seu conteúdo maior e que a gente possa ter um alcance mais amplo do que vem tendo, que a gente realmente saia do Espírito Santo. A Escola pretende, à medida que for sendo conhecida, à medida que for sendo feito um trabalho de divulgação, ser mais percebida, mais procurada e mais aceita em todo o Brasil.

Qual a sua maior contribuição para o associativismo no geral?

Tenho a impressão que a maior contribuição que dei para o associativismo em toda a minha vida foi ter tido uma ideia e a transformado em realidade, que é a Escola de Associativismo. Acho que é o legado da minha vida.

A entrevista completa com o empresário Sérgio Rogerio de Castro está disponível no YouTube da Revista ES Brasil.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA