O CEO da Cacau Show explica que é preciso vocação para empreender no Brasil e fala sobre coerência na liderança empresarial
Por Amanda Amaral
Ele pegou dinheiro emprestado com o tio para começar a vender chocolates aos 17 anos. Em 1988, vendia trufas em pequenos comércios e supermercados de São Paulo, quando fundou a Cacau Show. Daí em diante, a marca só cresceu. Como disse o próprio fundador da empresa, Alê Costa, durante sua palestra: “foguete não tem ré”.
Hoje a Cacau Show é a maior rede de chocolates finos do mundo e maior franquia no país em número de lojas. São cerca de quatro mil espalhadas pelo Brasil, além de várias fazendas de cacau e fábricas, inclusive no Espírito Santo. A empresa também planeja a construção de um parque temático de chocolate com uma área de 500 mil metros quadrados. A meta é expandir no mercado internacional.
Alê Costa esteve no Espírito Santo, neste mês, para uma palestra a convite do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Espírito Santo (Sebrae-ES). Na ocasião, ele atendeu com exclusividade o Portal ES Brasil. Na entrevista, ele dá dicas para os líderes empresariais e comenta sobre o novo olhar do mercado sobre o produto chocolate.
Muita coisa mudou desde que a Cacau Show começou, em 1988. Quais são as tendências hoje no mercado de chocolate a partir das suas observações?
Eu acho que a tendência é o produto com mais cacau e menos açúcar. É o cacau cada vez mais sendo visto como produto nutracêutico, ou seja, um produto que faz bem para a saúde. O chocolate vai sair desse lugar de ser uma guloseima, um doce, para ser um produto cujos ingredientes fazem bem para a saúde. Os flavonoides, por exemplo, ajudam a reduzir a pressão arterial, e tantos outros ingredientes que estão lá contidos e podem ajudar na saúde das pessoas. É agregar valor ao produto.
Você começou a Cacau Show solicitando empréstimo para conseguir realizar as vendas e agora é um grande empresário. Empreendedor no Brasil é para os fortes?
É para os vocacionados. Claro, que a gente vive em um ambiente árido, de grandes tormentas, mas isso nos faz mais fortes. Então, se você realmente tem uma vocação para fazer isso, vai suportar a dor, suportar os contratempos para fazer acontecer.
E como está a expansão da Cacau Show no mercado internacional?
Estamos chegando a quatro mil lojas no Brasil e deve chegar a cinco mil, que é o que entendemos como maturidade do mercado. E a gente quer levar essa alegria, esse modelo e essa vontade de tocar a vida dos outros para o mundo todo. A Colômbia é um país que a gente entende e acha que tem muitas oportunidades por conta do momento da economia e da evolução que o país enfrenta. Mas estamos olhando o mundo inteiro. Estados Unidos, Europa, Ásia.
Você comentou sobre Portugal em sua palestra.
Portugal, claro. Estava há pouco almoçando com um potencial sócio de lá. A gente conseguiu relevância em uma geografia de 200 e tantos milhões de pessoas. E o mundo tem quase 8 bilhões, então “vão bora” entender onde a gente pode fazer mais gente feliz.
Um recado para os líderes de hoje na era das redes sociais, da inovação e da tecnologia. Que dica você dá para estas pessoas?
Tem muita coisa para dizer. Mas uma coisa que me vem à cabeça é seja coerente. Lidere com o coração, defina as decisões empresariais com o carinho que o ser humano precisa, assim como o cacau, que é hermafrodita, que tem o masculino e o feminino. Seja acolhedor e tenha disciplina para alcançar grandes feitos.