O economista Vaner Corrêa faz uma análise sobre a economia mundial e brasileira, e como a pandemia de covid-19 e a política influenciam no cenário e na tomada de ações
por Samantha Dias
Nessa entrevista, o especialista fala também sobre as diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e defende a nomeação de um profissional de economia para estar à frente do Ministério, devido à importância da área.
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ES Brasil: Qual sua avaliação da economia mundial e, principalmente, do Brasil na atualidade? Quais são os os principais desafios?
Vaner Corrêa: No cenário mundial, já foi retomado. As previsões são boas, a economia americana demonstra que já estão em plena recuperação. O que está causando problema lá e também aqui no Brasil é a escassez de matéria prima, que estão pressionando os preços e permitindo alta generalizada, o retorno de inflação. Obviamento que lá é mais controlado, porque sempre tiveram uma história de prestação sob controle. No Brasil, ao contrário, o retorna da inflação é mais forte, com problema mais sério de recuperação, se bem que desde o ano passado já começou a despontar a retomada, o PIB do 1º trimestre mostrou que a gente recupera.
O que pega no Brasil é o canário pandêmico, a vacinação segue a passos mais lentos, mas mais acelerado – e deve acelerar mais. E também problema político, já vemos uma polarização há bastante tempo e ela penetrou em todo tecido social, tecido econômico do país, e essa polarização vai travando as ações do governo. No caso do Brasil o problema politico talvez seja mais serio que o pandêmico, porque se resolve com a escalada da vacinação, o problema política está numa escalada inversa, ele tenta reduzir a relação do governo federal com a população.
A economia é muito forte, essa soltura das amarras é possível que tudo isso fique pra trás, economia brasileira deve mostrar crescimento bom, mas trouxe problema da inflação que começa desde o ano passado, seja pelo dólar que sobe, ajudou a exportar mais, ao mesmo tempo quando importa traz aumento dos insumos pra nossa economia; aumento da demanda interna, escassez de componentes, e a própria pandemia em si, isso tudo fez com que a inflação voltasse.
O Brasil é muito alinhado com economia ocidental, a economia mundial se recuperando o Brasil vem junto, e o Brasil tem uma coisa muito boa, a Agronegócio, que talvez seja a grande alavanca para o futuro. É possível que a gente esteja preparando o 2º semestre e ano que vem que deve ser bom. Economia é carro-chefe sempre, quando ela vai bem acaba rebocando tudo e todos.
ESB: É “mais fácil” ser economista em um país rico e “sem problemas econômicos”?
Na década de 80 os economistas formuladores eram mais inteligentes do que atualmente. Os problemas estruturais que nós temos, eles foram descortinados agora na pandemia – desigualdade de renda, desigualdade setorial, dívida previdenciária, judiciário apático em relação ao tecido social – um ambiente desse fomenta melhores formuladores, na década de 80 a gente tinha excelentes economistas, formuladores que deram conta do problema da inflação. Hoje não temos tanto formuladores, temos leque de economistas tecnocratas, não temos economistas à altura do que tínhamos. Um país com essa fragilidade, com tantos problemas que foram mais desvendados e fragilizados com pandemia. Por isso, eu acho que é muito mais fácil ser economista no norte da América, na Inglaterra.
Mas não confundir com os formuladores, a partir de um país problemática talvez a gente tenha mais capacidade do que eles.
ESB: Qual a importância da economia na lista de prioridades de um governo?
Tem que ser numero 1. Se o Ministério da Economia, as autoridades monetárias, o banco Central, se todo mundo jogar bem, todos os outros ministérios e participantes, todos irão num só caminho numa boa. Por isso que defendo ainda, e é uma crítica que fazemos, que o Ministério da Economia, os bancos públicos devem ser ocupados por economista, não tenho duvida disso.