Importante modal ferroviário para a economia do Estado carrega muito menos do que já transportou há 17 anos
Por Kikina Sessa
Uma das vias férreas mais importantes do Brasil, a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) está sendo impactada com a redução de cargas transportadas sobre os seus trilhos.
Para ilustrar, em 2007, a Vale, que detém a concessão da ferrovia, transportou 136,6 milhões de toneladas de produtos, predominando o minério de ferro extraído das suas próprias minas no estado mineiro. Já em 2022 (último dado disponibilizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT), foram transportados pela mesma ferrovia 72 milhões de toneladas de produtos, uma redução de 47,2%.
A ferrovia também faz o transporte de outras cargas para terceiros, como aço, carvão, veículos e combustíveis, além do transporte de passageiros. Mas é substancialmente utilizada para o escoamento dos minérios extraídos e beneficiados pela Vale, provenientes das suas próprias minas, o que representa cerca de 70% do volume anual transportado.
Especialistas demonstram preocupação com esse fato, que reflete na economia capixaba. Consultor industrial, José Ernesto Conti explica que o custo para a Vale exportar minério pelo Porto de Tubarão é muito alto em relação ao custo que tem de exportação de minério pelo de Itaqui, no Maranhão.
“O minério de lá tem uma qualidade melhor e um custo mais baixo. Aqui no Espírito Santo o minério tem uma qualidade inferior e um custo mais alto. Então a Vale está diminuindo aqui e aumentando lá”, comenta Conti.
Analisando o custo FOB (gestão de frete) é possível perceber a diferença. O custo de uma tonelada de minério hoje, embarcado em Carajás, não ultrapassa 22 dólares a tonelada (fica entre 18 a 22 dólares). Já a tonelada embarcada pelo Porto de Tubarão, no Espírito Santo, conforme o FOB, fica entre 22 a 32 dólares.
Outra vantagem para a Vale é que o Porto de Itaqui, no Maranhão, comporta navios de maior calado, como o Valemax, capaz de transportar até 420 mil toneladas, sendo que em Tubarão as embarcações transportam entre 60 mil a 90 mil.
Esse fato pode ser comprovado nos relatórios de demonstração financeira disponíveis no site da ANTT. Em 2007, a Vale transportou pela Estrada de Ferro de Carajás um total de 100,3 milhões de toneladas de produtos. Já no ano de 2022, a ferrovia transportou 172 milhões de toneladas, um aumento de 71%.
VALE APRESENTA DADOS DE MELHORA EM 2023
Prestes a consolidar com o Ministério dos Transportes as condições de contratos de concessões ferroviárias, que envolve acordo de R$ 25,7 bilhões em outorgas não pagas na renovação antecipada dos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) — em dezembro de 2020, a Vale assinou um termo de prorrogação antecipada da concessão das duas ferrovias por um período adicional de 30 anos, de 2027 a 2057 — fica a dúvida sobre o futuro da Vitória-Minas.
À reportagem, a Vale informou que o volume transportado em 2023 foi de 85,1 milhões de toneladas de minério e 20,2 milhões de toneladas de carga geral.
“Cabe destacar que a Vale é uma das maiores transportadoras de carga geral do país. Este volume é compatível com a demanda atual e atende aos critérios de compartilhamento de malha e direito de passagem previstos pela agência reguladora”, informa a empresa por meio de nota.
Com capacidade de transporte que ultrapassa 10 milhões de toneladas por mês, a ferrovia teria condições de transportar cerca de dois a dois milhões e meio de minério para outras empresas que atuam em Minas Gerais e que gostariam de exportar.