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terça-feira, 19 março, 2024

Descoberto ninho com filhote de gavião-real em Sooretama

Devido ao desmatamento e alteração do habitat, a ave é dificilmente avistada em boa parte do Brasil

Pesquisadores descobriram na última semana um ninho com filhote de gavião-real (Harpia harpyja), na Reserva Biológica (Rebio) de Sooretama, um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica de tabuleiro, no norte do Espírito Santo. A unidade de conservação é gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O gavião-real, também conhecido como harpia, é a maior águia da América do Sul. Mede até 105 cm de comprimento. Os machos pesam de 4 a 5 kg e as fêmeas podem chegar até 9 kg. A envergadura chega a 2 m de comprimento. Devido ao desmatamento e alteração do habitat, a ave é dificilmente avistada em boa parte do Brasil.

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Esse é o primeiro ninho de harpia descoberto na Reserva Biológica de Sooretama e o primeiro com filhote na região. Desde 1997, o gavião-real é estudado pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), por meio do projeto Harpia (antes chamava-se Gavião-Real), que busca conhecer e conservar a espécie no País.

Os pesquisadores vistoriavam outro ninho encontrado no início do mês de julho deste ano pelo fotógrafo Gustavo Magnago. “Estávamos buscando o ninho, mas, na metade do caminho, encontramos outro ninho, e este sim era de harpia”, relata o professor Aureo Banhos, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Integrante do Projeto Harpia e do Programa de Pesquisa em Biodiversidade Mata Atlântica (PPBIO-MA), ele estava com dois membros de sua equipe, o ecólogo Frederico Pereira e a graduanda em biologia Kézia Catein, quando encontrou o ninho a partir de uma trilha em um dos módulos Rapeld instalados na reserva para estudar os efeitos da rodovia BR-101 na biodiversidade.

“Ouvimos a vocalização e fomos andando em sua direção. De longe avistei o grande volume de galhos na forquilha da árvore. No chão, embaixo da árvore, encontramos penas que confirmaram se tratar de harpia. Após mais de uma hora buscando e recolhendo os vestígios no chão, olhei novamente para cima e vi a cabeça do filhote de harpia”, contou o professor.

O ecólogo Frederico, que acabou de entrar na equipe, se mostrou emocionado com a descoberta. “Muito obrigado a vida por me proporcionar cenas como esta, me colocar diante das harpias na Mata Atlântica e ainda poder monitorá-las”.

Reserva

A pesquisadora Tânia Sanaiotti, do Inpa e coordenadora do Projeto Harpia, analisou as fotos do filhote. “Aparentemente tem entre 4 a 5 meses de idade”, afirmou. Em março, ela visitou a Rebio de Sooretama, durante o workshop Harpia, que ocorreu na Reserva Natural Vale. “Passamos próximo do ninho. Já devia estar chocando, mas não tivemos a sorte de tê-lo encontrado naquele momento. Fico muito feliz com essa descoberta!”, comemorou.

“É preciso que a integridade da Rebio de Sooretama seja mantida, garantindo a dispersão desse filhote. Isso significa uma BR-101 com um trecho alternativo ao território desses animais que são os primeiros moradores”, defendeu Tânia, preocupada com as ameaças à conservação da espécie na unidade de conservação.

 

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