Vítima de queimadura grave poderá receber assistência no ES

0
366
queimadura
Proposta em tramitação no Legislativo capixaba prevê tratamento integral e gratuito para vítimas de queimaduras com sequelas - Foto: Freepik

Proposta em tramitação no Legislativo capixaba prevê tratamento integral e gratuito para vítima de queimadura com sequelas

Por Robson Maia

A Assembleia Legislativa (Ales) discute o Projeto de Lei (PL) que estabelece uma série de direitos para vítimas de queimaduras com sequelas graves. A medida, assinada pelo deputado Dr. Bruno Resende (União), garante tratamento integral e gratuito para realização de cirurgias de reconstrução e fornecimento de órteses, próteses, malhas compressivas e silicones, entre outros procedimentos.

- Continua após a publicidade -

Na medida, fica estabelecido que sequelas graves são aquelas que causam perda de membro ou órgão ou perda integral – ou de pelo menos 50% – da função desses; cicatrizes que geram danos funcionais e desfiguramento; além de traumas que comprometam a capacidade intelectual e de convivência.

Segundo Dr. Bruno, a proposta visa promover a reinserção social do paciente por meio da reabilitação física, estética, psicológica, educacional e profissional.

“Essas vítimas carregam consigo o trauma psicológico, as marcas no corpo e, na maioria das vezes, ficam em condições de desigualdade para o mercado de trabalho”, salienta o autor na justificativa da proposta.

“Assim o projeto de lei visa assegurar a essas pessoas uma assistência integral especializada, que inclua não apenas o atendimento de urgência, mas também as cirurgias plásticas reparadoras, a reabilitação física e psicológica necessária para devolver a autoestima a estes pacientes”, completa Dr. Bruno.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Queimaduras, 1 milhão de pessoas são vítimas desse tipo de acidente no país, anualmente. No Espírito Santo são cerca de 25 mil casos a cada ano.

O presidente regional da Sociedade Brasileira de Queimaduras explicou que em 2023 foi elaborada uma campanha com foco na prevenção de queimaduras elétricas. O especialista ressaltou que 45% dos casos terminam em óbito.

As comissões de Justiça, Direitos Humanos, Saúde e Finanças emitirão parecer sobre o PL protocolado por Dr. Bruno.

Acima da média mundial

O cirurgião afirmou que o país registra um número alto de queimaduras graves em comparação com a média mundial.

“A maioria são queimaduras domésticas, simples, a pessoa se queimou com um líquido quente, encostou na panela, são queimaduras que se resolvem em casa. Mas tem os queimados médios e tem os grandes queimados, que são muito graves. O Brasil em relação ao mundo tem um posicionamento muito ruim, porque tem um número muito alto de queimaduras”, lamentou.

Estatísticas

As crianças aparecem no topo das estatísticas, representando 78% dos casos de queimaduras no Brasil. Crianças de até 12 anos somam 40% dos registros. Os acidentes envolvendo o uso de álcool correspondem a 20% dos incidentes, são cerca de 200 mil pessoas por ano.

“É o único país do mundo que você consegue ir ao supermercado e comprar álcool. Em nenhum país do mundo, se você tentar comprar álcool, você vai achar, porque é proibido vender álcool”, afirmou.

O médico explicou que, com a pandemia, o álcool voltou a ser livremente comercializado no Brasil (acima do volume anteriormente permitido que era de 48%) por conta das necessidades de reforço na higienização das mãos e isso acarretou aumento de 30% no número de pacientes queimados no país. “O lobby da indústria alcooleira é muito forte, voltaram a comercializar álcool e agora estão pensando em suspender de novo ou diminuir”, ponderou.