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domingo, 28 abril, 2024

Trump e Biden estão cada vez mais próximos de reencontro

Candidatos venceram em 14 dos 15 estados que foram às urnas e podem reeditar a disputa presidencial do pelito anterior, o que não acontece nos EUA desde 1956

Era matematicamente impossível que Donald Trump ou Joe Biden garantissem a nomeação para concorrer à presidência dos Estados Unidos nesta Superterça. Mas atingir o “número mágico” de delegados, parece só uma questão de tempo – 2024 deve ser uma reedição da disputa de 2020. E as primárias simultâneas em 15 Estados apontam para as dificuldades que os dois lados terão na corrida à Casa Branca, em novembro.

Sem concorrentes de peso, Biden venceu as primárias democratas em todos os Estados nesta terça-feira, 5, mas voltou a ser alvo dos votos de protesto pela guerra em Gaza. Trump, do outro lado, consolidou sua liderança no Partido Republicano, vencendo em 14 dos 15 Estados que foram às urnas.

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A exceção na noite foi Vermont, onde o ex-presidente perdeu para Nikki Haley. Nesta quarta, Haley anunciou a retirada da sua candidatura à presidência pelo Partido Republicano após os resultados desfavoráveis obtidos nesta Superterça. Com isso, o ex-presidente Donald Trump não tem mais rivais nas primárias republicanas e se confirma como nomeação do partido, em uma reedição da disputa eleitoral de 2020 contra o democrata Joe Biden.

Biden e o voto de protesto

O democrata, por sua vez, venceu em todos os 15 Estados sem dificuldades, com margens que variam, em média, entre 70 e 80 pontos porcentuais. O presidente é candidato natural à reeleição e não tem oponentes realmente competitivos.

Ainda que tenha conquistado uma vitória expressiva, Biden voltou a ser alvo de votos de protesto pelo apoio dos EUA a Israel, que trava uma guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O conflito foi desencadeado pelo atentado que matou 1,2 mil pessoas em 7 de outubro. Do lado palestino, o número de mortos passa de 30 mil (segundo ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas). E o drama humanitário no enclave aumenta a pressão por um cessar-fogo.

O presidente esperava que uma trégua nos combates fosse anunciada até esta segunda, mas Tel-Aviv desistiu da última rodada de negociações, no fim de semana. O motivo é que o Hamas teria se recusado a apresentar uma lista com os reféns vivos que continuam no enclave.

Como já havia acontecido no Michigan, na semana passada, as campanhas pelo voto “não comprometido” se repetiram nesta Superterça. A mais expressiva delas ocorreu em Minnesota, onde esse voto de protesto estava perto dos 20% com mais de 85% das urnas apuradas.

“No caso dos democratas, a crítica a uma política de apoio irrestrito a Israel tem gerado movimentação na comunidade muçulmana e árabe dos Estados Unidos em favor do voto de protesto. Além disso, 3/4 da população jovem do país é contrária à manutenção do apoio financeiro a Israel”, destaca Lucas Leite

Além da pressão do eleitorado árabe-americano, Biden tem visto Trump avançar parcelas da população que costumam escolher os democratas.

“Os resultados podem confirmar o que as pesquisas têm indicado, que Trump tem capturado parte desse eleitorado que outrora era dado como certo para o Partido Democrata, notadamente, hispânicos, negros e jovens”, afirma o analista político e professor do departamento de ciência política do Berea College Carlos Gustavo Poggio, ao alertar que a situação do presidente é complicada.

Nas pesquisas para novembro, o líder republicano ampliou a vantagem sobre o democrata, mesmo acumulando uma série de problemas com a Justiça. No levantamento do New York Times/Siena College, divulgado no fim de semana, a diferença foi de cinco pontos porcentuais: Trump com 48% e Biden com 43% das intenções de voto.

Biden diz que Trump ‘ameaça o progresso’

O presidente americano Joe Biden disse que a volta de Donald Trump à Casa Branca levaria ao “caos, divisão e escuridão”. O democrata acumula vitórias nesta Superterça e deve enfrentar Trump mais uma vez na corrida à Casa Branca, em novembro.

“Os resultados desta noite deixam ao povo americano uma escolha clara”, disse Biden, em nota reproduzida pela imprensa americana na noite desta terça-feira, 5. “Vamos continuar avançando ou vamos permitir que Donald Trump nos arraste para trás, para o caos, a divisão e a escuridão que definiram o seu mandato?”

O democrata citou dados econômicos, como taxas de desemprego e aumento dos salários ao elogiar o seu governo. E disse que “todo esse progresso estará em risco se Trump voltar à Casa Branca”.

Trump comemora vitória e critica Biden

Em um discurso de comemoração pelas vitórias nas primárias republicanas na Superterça, o ex-presidente Donald Trump realizou diversas críticas ao governo de Joe Biden e à crise na fronteira entre Estados Unidos e México.

“Temos milhões de pessoas invadindo nosso país” através da fronteira sul, disse Donald Trump em seu discurso de vitória em Mar-a-Lago, na Flórida, nesta noite desta terça-feira, 5. “Isso é uma invasão. Esta é provavelmente a pior invasão”, afirmou o ex-presidente, se referindo à entrada de migrantes aos Estados Unidos.

Trump também citou no seu discurso números não oficiais e não confirmados da suposta imigração ilegal no país, reforçando sua mensagem anti-imigrantes. “O número hoje poderia ser de 15 milhões de pessoas. E elas vêm de lugares difíceis e perigosos”, disse ele.

À medida que a segurança na fronteira se torna cada vez mais uma questão importante para os eleitores, Trump tem reiterado essa mensagem – assim como fez em sua campanha de 2016.

As políticas em relação à imigração pela fronteira com o México têm sido um dos assuntos mais controversos no governo. Biden, que tem ficado à defensiva sobre essa questão, tentou apontar que os republicanos sabotaram os esforços para aprovar uma reforma migratória bipartidária no Congresso – depois que Trump disse a eles para não dar ao presidente uma vitória política.

Trump, por sua vez, realizou declarações radicais em relação aos imigrantes que entram nos EUA ilegalmente, afirmando que eles estavam “envenenando o sangue de nosso país”, e aumentou a mensagem infundada de que os imigrantes são perigosos.

Nikki Haley retira a candidatura

A republicana Nikki Haley anunciou nesta quarta-feira, 6, a retirada da sua candidatura à presidência pelo Partido Republicano após os resultados desfavoráveis obtidos nesta Superterça. Com isso, o ex-presidente Donald Trump não tem mais rivais nas primárias republicanas e se confirma como nomeação do partido, em uma reedição da disputa eleitoral de 2020 contra o democrata Joe Biden.

O anúncio foi feito durante em um discurso final da conservadora para apoiadores em Charleston, Carolina do Sul, onde ela foi governadora. “É hora de suspender a minha campanha”, afirmou. “Eu disse que queria que as vozes dos americanos fossem ouvidas. Eu fiz isso. Não estou arrependida”.

Ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU e ex-governadora da Carolina do Sul, Haley venceu apenas em um dos 15 Estados, Vermont, que realizaram as primárias na Superterça. O restante foi vencido por Trump, que totalizou 995 delegados contra 89 da republicana. São necessários 1.215 para confirmar a nomeação.

Antes desta terça-feira, 5, Haley havia vencido Trump nas primárias de apenas um outro Estado, Washington, e possuía 43 delegados. A vitória do ex-presidente era esperada, mas havia dúvidas se Haley iria se manter na disputa até as convenções partidárias, em julho, na expectativa de Trump ser retirado da disputa por alguma questão jurídica – tese praticamente selada após a Suprema Corte decidir no dia 4 que o ex-presidente pode concorrer à reeleição.

Única mulher na corrida republicana e última grande rival de Trump, Nikki Haley se apresentou nas primárias como representante de uma mudança geracional que poderia agregar mais eleitores aos republicanos. Ela foi a primeira candidata a desafiar Trump e a última a retirar a candidatura, em uma eleição primária que possuía outros adversários, vistos no início como mais viáveis que Haley para derrotar o ex-presidente

A campanha da ex-governadora da Carolina do Sul, no entanto, não encontrou o apelo necessário em uma base republicana que se tornou majoritariamente apoiadora do ex-presidente.

As pesquisas mostram que Haley teve força entre independentes e mulheres suburbanas, grupos-chave nas eleições gerais. No final da campanha, ela agregou os diferentes grupos opositores, atraindo financiadores ricos, ativistas e outros republicanos que perderam a influência nos últimos anos, mas não foi suficiente para ameaçar o domínio de Trump sobre o partido.

Agora que ela retirou a candidatura, resta a dúvida se esses grupos irão ampliar a base apoiadora de Donald Trump. Há pelo menos três grupos entre eles, identificados em uma reportagem do The New York Times após entrevistar mais de 40 eleitores de Haley na Carolina do Sul: os que não irão votar; os que votarão em Trump, apesar da insatisfação; e os que cogitam votar em Biden.

Nas primárias, o ex-presidente republicano conseguiu reverter a seu favor o dano das 91 acusações criminais que enfrenta na Justiça americana, que serviram para mobilizar a sua base. Entretanto, não se sabe se Trump terá o mesmo sucesso entre grupos que estiveram com Haley, ou mesmo se irá buscar o apoio destes.

No discurso de encerramento nesta quarta-feira, a ex-embaixadora ampliou sua agenda política para pautas mais alinhadas à agenda de Donald Trump, citando preocupações com os gastos públicos, apoio à Ucrânia e limite de mandatos, no que pareceu uma tentativa de aproximar seus apoiadores do republicano. Ela também afirmou sempre apoiar o candidato republicano, independente da escolha. “Parabenizo-o e desejo-lhe boa sorte. Desejo felicidades a qualquer um que seja o presidente da América”, declarou. Com informações de Agência Estado

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