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sexta-feira, 20 DE setembro DE 2024

Tabagismo: um inimigo persistente da saúde

Segundo a OMS, mais de 20% dos brasileiros adultos são fumantes, sendo o tabagismo o responsável por mais de 150 mil mortes por ano no país

Por Caroline Secatto

Numa era em que as redes sociais moldam escolhas e influenciam ações, é alarmante notar que, apesar dos avanços na conscientização, o hábito de fumar persiste como um problema grave, especialmente entre os jovens. Cada vez mais seduzidos e ostentando o uso de vapes, narguilés e cigarros eletrônicos, não é difícil encontrar em suas postagens online os produtos.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 20% dos brasileiros adultos são fumantes, sendo o tabagismo o responsável por mais de 150 mil mortes por ano no país. Outra pesquisa, realizada pela Fundação do Câncer, mostrou que o tabagismo no Brasil está relacionado a 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e quase 80% entre as mulheres.

O impacto na saúde é imenso, incluindo não apenas câncer de pulmão, garganta e boca, mas também problemas de fertilidade, no sistema imunológico e complicações durante a gravidez.

Para se ter uma ideia, o Brasil gasta aproximadamente R$ 125 bilhões por ano para combater doenças relacionadas ao uso de produtos derivados do fumo, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O valor soma custos os diretos e indiretos que o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta para tratar aproximadamente 50 enfermidades, entre elas vários os tipos de tumores malignos, doenças do aparelho respiratórias e cardiovasculares.

Além dos riscos à saúde, o cigarro afeta a produtividade e o ambiente de trabalho. Fumantes têm taxas mais altas de absenteísmo e menor desempenho em suas atividades laborais. Isso não apenas prejudica sua própria carreira, mas impacta negativamente a eficiência geral das empresas. A presença de influenciadores nas redes sociais, muitos populares entre os jovens, apenas agrava o problema, promovendo uma imagem glamourizada do fumo e minimizando seus riscos.

A exposição constante a essas representações pode levar os jovens a experimentar produtos de tabaco na tentativa de se enquadrar em padrões sociais distorcidos, sem considerar as consequências graves para sua saúde. Para enfrentar esse desafio, é fundamental intensificar os esforços de prevenção e controle do tabagismo.

O Brasil tem avançado com políticas públicas de controle do tabaco, como a proibição de publicidade e a implementação de ambientes livres de fumo, mas ainda há muito a ser feito para proteger as gerações futuras dos danos do fumo.

À medida que nos deparamos com os impactos do hábito de fumar em um mundo cada vez mais conectado, é indispensável reconhecer a urgência da situação e redobrar nossos esforços para promover uma cultura livre do tabagismo.

Somente com uma abordagem abrangente, envolvendo educação, regulamentação e apoio à cessação do hábito de fumar, é possível chegar mais perto de um futuro onde o cigarro e outros produtos prejudiciais à saúde sejam uma relíquia do passado.

Vale lembrar que tabagismo é uma doença crônica causada pela dependência à nicotina, segundo a OMS, e está inserido no grupo de “transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento” da Classificação Internacional de Doenças (CID11). Nesse contexto de dependência, a ajuda especializada é fundamental para quem quer se livrar da escravidão do vício.

Caroline Secatto é oncologista e uma das fundadoras do projeto Ellas Oncologia.

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