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sexta-feira, 26 abril, 2024

Superação: idosas começam a estudar juntas para aprenderem a ler

Uma história inspiradora. Duas amigas, Custória Pereira e Santilia Maria, de 84 e 69 anos respectivamente, estão estudando juntas para aprenderem a ler, em Vila Velha.

Por Munik Vieira

“Dizem que é loucura minha, da minha cabeça, querer aprender a ler nessa idade. Mas eu não acho não”. Custódia nunca teve oportunidade de frequentar a escola para se alfabetizar. Hoje, aos 84 anos, ela está matriculada na turma de Jovens e Adultos (EJA) da UMEF Pedro Herkenhoff, por influência de Santilia Maria, sua amiga e vizinha.

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Santilia até chegou a frequentar a escola por uns dias, mas não pôde continuar. “Eu estudei uma semana, quando era garota. Mas meus pais descobriram e me tiraram da escola. Eu tinha que ir pra roça ajudar, quebrando cacau. Acordava às 3 horas da manhã e acabava só às cinco da tarde”, compartilhou.

Santilia se matriculou na EJA no ano passado, mas por causa do início da pandemia, não conseguiu frequentar as aulas. Este ano, no retorno presencial, a unidade de ensino propôs que cada aluno convidasse um amigo para participar da aula. Ela logo pensou na amiga Custódia, que topou na hora.

As duas moram na mesma casa, uma no andar de cima e outra no de baixo. Todos os dias, uma espera a outra para ir à escola. As duas saem juntas, caminham até o ponto do ônibus e pegam o transporte público. Mais algumas quadras depois caminhando, elas chegam para a aula. “Somos só nós duas e o mundo não tá fácil hoje, mas estamos vindo direitinho. Eu pergunto: Você vai hoje, Santilia? Se você for, eu vou”, contou Custódia.

O que as motiva a estudar nessa idade é a vontade de aprender a ler, um sonho de criança que continua até hoje. Mas nem sempre é fácil, como disse Santilia: “É difícil. É muito ruim olhar as coisas, conhecer as letras e não saber o que é. Não saber juntar as letras e dizer. Quantas vezes eu já chorei. No segundo dia de aula eu chorei, porque achei que não ia conseguir. É triste”, desabafou.

Mas a dificuldade presente não diminui a esperança de que elas vão conseguir. “Eu olho a bíblia fechada, eu tenho vontade de ler ela. Se Deus me der a oportunidade, um dia vou conseguir ler”. Custódia disse e Santilia concordou, essa é uma vontade das duas amigas.

Elas são inspiração para os outros alunos, para os professores e toda a equipe escolar que tem a oportunidade de vê-las caminhando juntas pelos corredores. Cada uma no seu passo, no seu ritmo, mas compartilhando o mesmo sonho: se alfabetizar.

Para a coordenadora da EJA, Fabiana Valentina Nápoli, conhecer essas histórias é um reforço da importância da Educação de Jovens e Adultos no município: “Esse segmento da educação básica tem oportunizado a inclusão social, o aprendizado e a garantia da elevação da auto estima de muitos alunos, principalmente dos idosos que ficaram fora da escola. Isso só engrandece a nossa iniciativa de fazer uma educação de qualidade para todos”, disse.

*Com informações da Prefeitura de Vila Velha

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