Diretores da Agência Nacional de Águas e do Instituto Jones abordaram importância do planejamento das bacias hidrográficas. Saneamento foi pauta da Cesan
Por Otávio Gomes*
A cidade de Vitória é palco do I Congresso de Saneamento dos Tribunais de Contas (I CSTC), que acontece entre os dias 25 e 27 de setembro. O evento reúne especialistas e autoridades para discutir o tema “Saneamento Básico na Perspectiva da Gestão Hídrica”, trazendo à tona debates sobre a importância do planejamento das bacias hidrográficas e da universalização do saneamento básico.
O congresso coloca Vitória no centro das discussões sobre saneamento básico e gestão hídrica, reunindo especialistas que buscam soluções inovadoras para um dos maiores desafios ambientais do Brasil. No primeiro dia, destacaram-se palestras da diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Veronica Rios, e de Pablo Lira, diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, que abordaram a relação direta entre o saneamento e o ciclo da água.
Veronica Rios destacou que o saneamento básico é o último elo do ciclo da água e que a qualidade da água devolvida ao sistema afeta o meio ambiente de forma significativa. “Pode parecer algo trivial, mas é importante a gente destacar que o saneamento básico é o último elo do ciclo da água. Então, a qualidade da água que volta para o sistema afeta todo o ciclo novamente”, lembrou.
“Nós sempre tivemos a imagem do Brasil com rios caudalosos e água em abundância, mas não é assim. Observando as bacias hidrográficas, vemos que há uma grande disponibilidade de água em locais pouco populosos e uma escassez de água onde há grande concentração populacional”, disse Veronica, que destacou ainda os eventos extremos que vêm acontecendo de forma mais recorrente.
“Na região Norte estamos enfrentando a pior seca em muitos anos. No Rio Grande do Sul tivemos três registros de chuvas muito intensas em questão de meses. Então, a criação dos planos de bacia hidrográfica precisa dialogar com os planos de desenvolvimento municipais. Precisam dialogar com a sociedade”, concluiu.
Pablo Lira, por sua vez, trouxe à discussão a importância de “Cidades Inteligentes” e do uso de dados científicos para subsidiar políticas públicas transparentes e eficazes para o saneamento. “É preciso ter dados, informações científicas para subsidiar os planos de bacias hidrográficas. Mais que isso, eles precisam ser implementados de forma transparente, com diálogo com a sociedade, e não ficar guardado num HD ou num fundo de gaveta”, alertou ao apresentar dados do ES.
Segundo dia foca em avanços no saneamento no Espírito Santo
No segundo dia do congresso, o presidente da Cesan, Munir Abud, ressaltou o papel de liderança do Espírito Santo em projetos inovadores no setor de saneamento, como o reuso de água e a dessalinização. Segundo Abud, o estado está avançando para alcançar a universalização do saneamento, destacando o compromisso do Espírito Santo em implementar políticas públicas de longo prazo.
Em seu painel sobre a eficiência do sistema de abastecimento de água como solução para a crise hídrica, Abud enfatizou que as iniciativas de saneamento não podem ser limitadas a um único mandato, defendendo a continuidade dos investimentos para garantir o avanço sustentável no setor. “As políticas de saneamento não podem estar restritas a um mandato. Elas precisam ser bem definidas e claras, para que os gestores deem continuidade aos investimentos, assim como estamos fazendo no Espírito Santo”, enfatizou.
*Sob supervisão de Erik Oakes