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segunda-feira, 6 maio, 2024

Rafael Pagatini expõe xilogravuras na Homero Massena

Obra que dá nome à mostra impressionou general Médici e foi reproduzida a pedido do então diretor da pinacoteca para presentear governante

Por Mariah Friedrich

Conhecido por sua abordagem crítica sobre as memórias políticas brasileiras e as convenções museológicas, o artista Rafael Pagatini inaugura a exposição “A Cópia” na Galeria Homero Massena, em Vitória. Com inauguração na próxima terça-feira (5), das 17h às 20h, e exposição aberta até o dia 10 de fevereiro de 2024, a mostra apresenta um conjunto de xilogravuras em grande formato. 

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A partir do trabalho de arte “Fim de Romance” (1912), de Antônio Parreiras, como ponto focal, Rafael Pagatini revela camadas ocultas de informações, explorando as interações entre a obra, o museu e a história política do Brasil. O trabalho também dialoga com o cenário no qual a digitalização e as redes sociais transformam o modo de o público interagir com a arte. 

Segundo o artista, o projeto surgiu do interesse de explorar a relação da classe artística com a ditadura militar brasileira, para isso realizou uma pesquisa minuciosa nos arquivos da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

“Durante minha pesquisa, dediquei um longo período ao estudo dos arquivos da instituição, buscando evidências de possíveis interações entre o museu e o Estado ditatorial. Um achado significativo foi a descoberta de documentos não digitalizados, os quais revelaram que, durante a reabertura do museu, após reformas em 1973, o general Emílio Garrastazu Médici, acompanhado pelo então diretor Walter Ney e pelo governador de São Paulo da época, visitou o local. Inclusive, apresentou na exposição um documento e uma fotografia desse encontro”, relata Rafael Pagatini.

Ele revela que Médici se interessou pela obra “Fim de Romance”, de Antônio Parreiras, durante a visita e após esse encontro o diretor Walter Ney encomendou a um pintor a uma reprodução da obra, posteriormente presenteada ao general. Pagatini destaca a importância da descoberta desses documentos que revelam a vontade do diretor do museu em estreitar laços com o general.

“Além disso, a escolha da pintura, que retrata um homem morto com um revólver em mãos ao lado de um cavalo, chamou minha atenção pela sua natureza sombria. Principalmente por ser o auge da repressão política, na qual presos políticos eram torturados no espaço que hoje pertence à Pinacoteca. Com essas informações, consegui adicionar à ficha catalográfica da obra a existência dessa cópia e a relevância dos arquivos encontrados”, acrescenta Pagatini.

Serviço:

Exposição “A Cópia”

Abertura: Terça-feira (5), das 17h às 20h
Galeria Homero Massena – Rua Pedro Palácios, 99, Centro de Vitória
Visitação: até 10 de fevereiro de 2024
De segunda a sexta, das 9h às 18h; quarta, das 10h às 20h; sábados e feriados, das 10h às 16h
Entrada gratuita

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