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sexta-feira, 19 abril, 2024

Por direct é crime

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Pesquisas realizadas nas próprias redes sociais mostram que mais de 95% dos consumidores desistem da compra por não terem acesso aos valores no instante que veem o produto

Por Suellen Mendes

A legalidade de inúmeros vendedores omitirem os valores de seus produtos nas redes sociais, o famoso “preço no direct”, tem se tornado tema de discussões recorrentes, tanto nas mídias como fora delas. Seja pela indignação dos consumidores ou pela afirmação do Código de Defesa do Consumidor de que o preço é elemento essencial na hora da oferta dos produtos, o preço tornou-se um tema de grandes debates.

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Essa discussão ultrapassa as barreiras de indignações com a internet e chega ao Código de Defesa do Consumidor que apresenta, no inciso terceiro do Artigo 6º, como direitos básicos do consumidor a “informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem” (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012).

Para entendermos a necessidade da exposição dos valores, precisamos analisar a forma como o produto é exposto nas redes. A primeira coisa é se perguntar se a rede social está sendo usada como vitrine para seus produtos, ou seja, se é local de venda. Caso sim, a exposição do preço é necessária.

O costume dos consumidores é uma fonte do Direito, portanto são considerados para elaboração de novas leis. Mais do que nunca, hoje, defendo que as ações dos consumidores são grandes termômetros sociais e sabemos como o preço influencia os e as brasileiras na hora da compra. É o preço que tem o poder de aproximar ou distanciar o consumidor. Portanto, faz-se justo que seja divulgado sem dar brechas para que o consumidor não seja ludibriado, de qualquer forma, pelos vendedores.

Além dos valores, ao consume da famosa “olhadinha” – o ver, tocar e experimentar o produto – foi dificultada durante a pandemia do novo Coronavírus, reduzindo a experiência do consumidor antes da compra. Muitas vezes os consumidores precisam percorrem longos caminhos para ter acesso ao preço. Vai no direct, depois no WhatsApp e, mesmo com o contato, continua recebendo várias mensagens, enquanto queria saber apenas uma informação. Nesse momento complexo que estamos vivendo, acontecimentos que complicam o nosso dia-a-dia já são muitos. Será que os anunciantes precisam integrar essas dificuldades? Eles desejam vender ou complicara venda?

Pesquisas realizadas nas próprias redes sociais mostram que mais de 95% dos consumidores desistem da compra por não terem acesso aos valores no instante que veem o produto. Esse percentual significa que menos de 5% dos consumidores perguntam o preço por direct. A partir disso, desconsiderando o aspecto legal, quem utiliza a rede social para venda perde grandes chances de venda ou de conversão do seguidor em cliente. Acredito que essa constatação demonstra que cumprir a lei, além de necessário, pode ajudar quem vende. É como dizem, cumprir a lei vale a pena!

Suellen Mendes é advogada especialista em direito do consumidor, associada a Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Cindes Jovem e idealizadora da A Sua Melhor Advocacia.

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