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sábado, 27 abril, 2024

No 1º ano da pandemia, PIB capixaba teve retração de -4,4%

O 1º ano da pandemia impactou setores como a indústria (-9,5%) e o serviços (-2,9%), já o agro apresentou alta (+0,2%)

Por Amanda Amaral

Em 2020, 1º ano da pandemia da Covid-19, economia capixaba do Espírito Santo registrou queda de -4,4% em comparação a 2019. A Indústria (-9,5%) e os Serviços (-2,9%) puxaram a retração, já a Agropecuária apresentou pequeno acréscimo (+0,2%).

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As informações foram divulgadas, nesta quarta-feira (16), pela equipe do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que apresentou os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo referente ao ano de 2020.

Ranking nacional

O estudo mostrou que o Estado teve o quarto maior decréscimo entre as unidades da federação, ficando à frente apenas dos estados do Rio Grande do Norte (-5,0%), Ceará (-5,7%) e Rio Grande do Sul (-7,2%). Apenas dois estados registraram resultado positivo, sendo Mato Grosso do Sul (+0,2%) e Roraima (+0,1%).

Com o resultado, a participação do Espírito Santo no PIB nacional recuou de 1,9%, em 2019, para 1,8%, em 2020. Apesar da perda, o Estado se manteve na 14ª posição no ranking por Unidade da Federação (UF), posição ocupada desde 2016.

Em termos nominais, o PIB per capita recuou de R$ 34.177, em 2019, para R$ 34.066, em 2020 (-5,5%). A queda não alterou a colocação no ranking de maiores PIB per capita do País, mantendo o Espírito Santo na 9ª posição.

Pandemia da Covid-19

O coordenador de Estudos Econômicos do Instituto Jones dos Santos Neves, Antonio Ricardo Freislebem da Rocha, ressaltou que o desempenho das economias mundial, brasileira e capixaba foi afetado pelas políticas de distanciamento social adotadas naquele ano, com o objetivo de minimizar os efeitos da pandemia de Covid-19. A variação nacional recuou -3,3%, valor acompanhado pela região Sudeste.

“É nesse contexto que devem ser compreendidos esses resultados. Foram tomadas medidas importantes de prevenção por vários países desenvolvidos e pelos estados e municípios brasileiros, num período em que ainda não tínhamos o advento das vacinas. No Espírito Santo, o fraco desempenho pode ser observado em sua variação nominal, ao passar de R$ 137,4, bilhões em 2019 para R$ 138,5 bilhões em 2020. O acréscimo de R$ 1,1 bilhão é explicado pela alta de 5,5% do índice de preço (deflator do PIB), que traduz uma ponderação entre todos os preços de produção e todos os gastos com insumos”, explicou Antonio Freislebem.

Economia mundial

Segundo o diretor de Integração do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira, a economia capixaba já sentia os efeitos da pandemia mesmo antes dos primeiros casos de Covid-19 serem registrados no Brasil.

“Ainda no final de 2019, com o surgimento dos primeiros casos de Covid-19, a China começou a adotar as primeiras medidas de distanciamento social em seu território, com rigoroso sistema de lockdown, inclusive fechando indústrias. A economia capixaba já começava a sentir esses impactos, mesmo antes de surgirem casos no Brasil. Isso devido ao grau de abertura da nossa economia, que é o dobro da nacional, e tudo o que ocorre na economia mundial é sentido primeiramente e de forma mais intensa pelo nosso Estado. Além disso, o Espírito Santo ainda sentia, naquele período, os impactos causados pelo desastre de Brumadinho”, observou Pablo Lira.

Ele destacou ainda a importância da gestão de risco adotada pelo Governo do Estado e a vacinação da população para a retomada do crescimento. “Graças à gestão de risco da pandemia, adotada com bases científicas pelo Governo do Espírito Santo, e, na sequência, a oferta de vacinas à população, foi possibilitada uma retomada do crescimento de nossa economia, já no período seguinte, acima da média nacional”, pontuou Lira.

Desempenho da indústria

O declínio na Indústria foi ocasionado pelo fraco desempenho das indústrias extrativas (-20,1%) e, em menor proporção, das indústrias de transformação (-5,0%) e construção (-1,1%).

As indústrias extrativas, atividade em que o Espírito Santo tem relevância nacional, tiveram queda em volume, influenciada pela extração de petróleo e gás e pela pelotização de minério de ferro.

Apesar da redução em volume, a Indústria ganhou participação na economia capixaba, devido à alta dos preços nas quatro atividades industriais, passando de 26,5%, em 2019, para 27,4%, em 2020.

Desempenho de serviços

Nos Serviços, contribuíram para a variação negativa Transporte, armazenagem e correio (-10,4%), Alojamento e alimentação (-26,8%) e Administração, defesa, educação, saúde públicas e seguridade social (-6,1%).

As duas primeiras estão entre as atividades mais prejudicadas pelas medidas de isolamento social implementadas em função da pandemia da Covid-19. O setor foi o único que registrou redução em volume e preços do valor adicionado, razão pela qual sua importância na economia estadual recuou de 69,8% para 68,1% entre 2019 e 2020.

Desempenho da agricultura

Ponto positivo no PIB 2020 do Estado, a Agropecuária apresentou variação em volume de +0,2% influenciada pela Agricultura, inclusive apoio à agricultura e a pós-colheita, que cresceu +0,5%.

A Pecuária teve acréscimo de +0,7%, determinado pelo aumento na criação de bovinos e outros animais e na criação de aves. Em sentido contrário, a Produção florestal, pesca e aquicultura apresentou retração de -7,7%. Somando os valores das atividades, a Agropecuária ganhou participação na economia Estadual, passando de 3,6% para 4,5%, entre 2019 e 2020.

Cálculo do PIB Estadual

O diretor de Integração Pablo Lira destacou ainda o importante trabalho desempenhado pela equipe de economia do Órgão, com as redes de pesquisas nacionais.

1º ano da pandemia
Equipe do IJSN, que representa oficialmente o Estado no cálculo do PIB, reunida com jornalistas. Foto: Divulgação/IJSN

“O PIB 2020 é um produto de informação resultante de uma rede nacional de pesquisa que o Instituto Jones integra, a rede de contas regionais coordenada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pela participação de longa data, o IJSN foi convidado a integrar duas cadeiras na rede nacional que está revisando a metodologia de cálculo do PIB, visando à otimização e, futuramente, à redução do espaço temporal de divulgação dos resultados oficiais, que hoje é de dois anos”, explicou Lira.

O Produto Interno Bruto dos estados é calculado por meio do Sistema de Contas Regionais, programa de trabalho coordenado pelo IBGE, cuja construção e desenvolvimento é realizado em parceria com os órgãos estaduais de Estatística, as secretarias estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

O Instituto Jones dos Santos Neves é o representante oficial do Estado do Espírito Santo no cálculo do indicador. O Sistema de Contas Regionais estima o PIB pelas óticas da produção e da renda, com metodologia uniforme, por Unidades da Federação, e integrada ao Sistema de Contas Nacionais (SCN) do IBGE.

Para acessar o documento “Produto Interno Bruto (PIB) – Espírito Santo 2020”, clique aqui.

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