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sexta-feira, 29 março, 2024

Pesquisa capixaba descobre que o lítio presente em baterias pode ser utilizado na produção biodiesel

Um dos biocombustíveis mais usados no Brasil, o biodiesel é uma fonte de energia renovável que substitui o uso de combustíveis fósseis e pode ser usado para abastecer veículos a diesel sem a necessidade de adaptação nos motores.

Aqui no Espírito Santo, uma pesquisa do professor de Engenharia Química da FAESA, Dr. Gilberto Maia de Brito, produz biodiesel com óleo de fritura desde 2012 e, recentemente, chamou a atenção de todo campo científico com a descoberta de uma nova aplicação para o lítio – material presente em baterias e pilhas – como catalisador da reação química para produzir biodiesel. A pesquisa acaba de ser publicada em revista acadêmica internacional, do Instituto Americano de Física.

Atualmente, a principal matéria-prima na produção do biodiesel é o óleo de soja (aproximadamente 70%). A proposta inicial da pesquisa do professor da FAESA era produzir biodiesel com óleo de fritura, matéria-prima reciclada que só é utilizada em 2% da produção no Brasil. Com a continuidade dos estudos, ele chegou à descoberta de que seria possível produzir biodiesel com mais um componente que poderia vir da reciclagem, o lítio das baterias de aparelhos eletrônicos e pilhas, o que pode tornar o processo ainda mais sustentável.

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O coordenador da pesquisa, prof. Dr. Gilberto Maia de Brito, explica que esta é uma inovação para síntese do biocombustível. “Descobrimos que o lítio pode ser utilizado como catalisador, inovando no processo de produção do biodiesel. Neste momento em que há aumento do consumo e descarte de resíduos de baterias de íon-lítio (íon-Li), devido ao crescente uso de eletrônicos, essa é uma importante descoberta para propor a reciclagem desse material, removendo-o da natureza, para empregá-lo na geração de uma fonte de energia verde, que é o biodiesel”, explica o professor.

Resultados

Os resultados da investigação acabam de ser compartilhados com o mundo por meio da publicação de um artigo científico na revista acadêmica do Instituto Americano de Física, e os trabalhos não param por aí. Agora, em projeto aprovado pela FAPES, um grupo de pesquisa da FAESA, irá pesquisar um método padrão para extrair o lítio das pilhas e baterias em parceria com alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio e Fundamental Jacaraípe.

De acordo com o prof. Dr. Gilberto Brito trata-se de um trabalho em desenvolvimento com expectativa de crescimento. “Essa nova fase da pesquisa irá possibilitar a criação de um método para colocar nossa descoberta em prática. Isso envolve um trabalho de conscientização da população para o descarte correto desses resíduos, assim como o óleo de cozinha, disponibilização de pontos de coletas, entre outras etapas. Futuramente, temos planos de continuar a pesquisa com a criação de uma usina de produção de biodiesel, que poderá utilizar o método desenvolvido por nós, com materiais reciclados, para produzir o biocombustível em maior escala”, revela.

Conhecimento compartilhado

Paralelamente à pesquisa, o prof. Dr. Gilberto Brito criou o Projeto de Extensão Tecnológica, o “Quimicando Biodiesel”, que trabalha com conceitos básicos de sustentabilidade, química verde e aproveitamento de resíduos ligados diretamente à produção de biodiesel, com a comunidade externa. Alunos de escolas públicas de ensino fundamental (9º ano) e ensino médio são recebidos nos laboratórios de química da FAESA para aprenderem na prática sobre sustentabilidade com a produção do biodiesel a partir do óleo de fritura. Em 2019 o projeto recebeu cerca de 80 alunos visitantes e voltará a funcionar assim que puder, considerando as medidas de segurança da pandemia de Covid-19.

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