Campanhas seguem a todo vapor com Trump enfrentando Kamala, que substitui Biden após desistência de concorrer novamente à presidência
Por Antonio Marcus Carvalho Machado
A pouco mais de três meses da eleição, em 13 de julho de 2024, o candidato Trump foi baleado em uma tentativa de assassinato, na Pensilvânia. Em uma situação muito estranha em termos de deficiência do serviço secreto responsável pela sua segurança. Além de candidato, ele é ex-presidente daquela nação. De Lincoln a Kennedy, outros presidentes passaram por isso, mas creio que nunca um candidato a três meses da data de eleição.
Logo depois, em 11 de agosto, Biden renunciou à candidatura e ato contínuo indicou Kamala Harris como candidata à presidência. No país que se intitula exemplo de democracia, o presidente em exercício, pegando de surpresa todo seu staff de campanha, indicou sumariamente sua vice-presidente. Isso depois de sua própria participação em debate no qual apresentou indícios de senilidade. Aliás, Biden já tem demonstrado essa fragilidade mental em outras situações.
O curioso é como pode uma das mais poderosas nações do mundo atual, ser governada por um presidente senil e que, inclusive, assim se reconheceu ao desistir da campanha? Racionalmente, deveria renunciar passar a presidência para Kamala. Afinal, a posse do novo ocupante do cargo máximo daquele país será em 20 de janeiro de 2025. Até lá, o presidente é Biden e o mundo está em convulsão.
Já se imaginava a possiblidade de Kamala ser a candidata à sucessão de Biden. Mas ao longo desse governo, ela pouco se destacou e não conseguiu resolver as questões básicas que a alçaram ao cargo de vice-presidente: as questões relacionadas aos imigrantes ilegais e as políticas sociais inclusivas.
Passou praticamente despercebida, também, em nível global. E Biden se lançou à sua sucessão, sem qualquer alarde ou ruído social. Não fosse o tal debate, ele ainda seria o candidato. Mas, foi preciso a exposição de um presidente para todo o mundo entender que ele não tem condições de governar o país? Mas continua e ainda indica a candidata.
Em agosto de 2000, eu estava na cidade de Nova Iorque, numa feirinha de artigos usados, no Soho, e me interessei por uma pequena licoreira de prata. Comprei e, ao me entregar, a moça, com forte sotaque dos hillbilies, disse: isso é da época do made in America.
Esse é o cerne da plataforma eleitoral de Trump, o MAGA, make América great again. Para tanto, de forma inteligente escolheu J.D Vance para seu vice. Novo na política, escritor de um livro (Era uma Vez um Sonho) no qual conta sua saga naquela região da tradicional classe operária da sociedade norte-americana.
Por seu lado, Kamala, além de demonstrar seu vínculo com a cultura musical de seu país, mostrando discos de vinil de Mingus, Ella e Louis Armstrong, se apresenta como uma ordinary woman, daquelas que você encontra em um café qualquer da cidade ou em uma loja de shopping. Tipicamente popular, inclusive no jeito de falar e no fraseado que usa, é mais complacente com os EUA de hoje e trata assuntos complexos com longas risadas, como se tudo fosse fácil de resolver.
Antonio Marcus Carvalho Machado é economista (Ufes) e mestre em Administração (UFMG).