Equador: a promotoria pediu que a Corte Suprema vincule Jorge Glas a uma investigação penal pelos US$ 33,5 milhões de suborno que a Odebrecht admitiu ter pago a funcionários públicos equatorianos.
O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, afirmou nesta terça-feira (22) que não renunciará a seu cargo nem sairá do país. A afirmação foi feita após Glas ser vinculado ao escândalo de corrupção da construtora brasileira Odebrecht, segundo a Associated Press.
“Por que vou renunciar? Fui eleito na chapa, se renuncio saímos os dois”, afirmou em entrevista à rádio local Sonorama, em referência ao presidente Lenín Moreno. “Fui eleito igual ao presidente Moreno e vou permanecer os quatro anos do mandato”, assegurou.
O mandato do presidente e de Glas teve início este ano e vai até 2021. Glas afirmou ainda que tem uma função “essencial” de “substituir o presidente quando isso se requer”. No Equador, o presidente determina as atividades do vice.
Esquema
A relação entre Moreno e Glas se rompeu no início de agosto, quando foram divulgados áudios de um delator da Odebrecht vinculando o vice a atos de corrupção. Imediatamente o presidente retirou todas as funções de Glas que, desde então, não tem nenhuma atividade de governo.
A promotoria pediu que a Corte Suprema vincule Glas a uma investigação penal pelos US$ 33,5 milhões em suborno. Valor que a Odebrecht admitiu ter pago para funcionários públicos equatorianos.
“Enfrentarei isso com a força de sempre, dando a cara para bater. Não tenho nada a ocultar”, garantiu. Para vincular o vice a uma investigação penal, a Assembleia Nacional deve dar autorização com pelo menos 92 votos dos 137 legisladores. O partido do governo, Alianza País, tem uma bancada de 75 integrantes.
O esquema de corrupção da Odebrecht no Equador provocou em junho a renúncia do controlador geral Carlos Pólit, investigado pela promotoria. O ex-ministro de Eletricidade, Alecksey Mosquera, um tio de Glas e ex-gerentes da estatal Petroecuador estão presos.
A promotoria também avalia cerca de 30 contratos firmados pela Odebrecht com o Equador – entre 1980 e 2015 – para verificar as condições em que foram outorgados. O governo do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) realizou projetos de cerca de US$ 1,6 bilhão com a Odebrecht.