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sábado, 20 abril, 2024

O preso de hoje é Sérgio Cabral

Ex-governador do Rio de Janeiro foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (17), alvo de dois mandados de prisão, um deles expedido por Moro. 

Alvo de dois mandados de prisão, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (17) em seu apartamento, no Leblon, zona sul. Cabral é o segundo ex-governador do Rio preso em menos 24 horas. Ontem, a PF prendeu Anthony Garotinho (PR) em uma investigação sobre esquema de compra de votos em Campos dos Goytacazes (RJ) comandada pelo Ministério Público Eleitoral (MPF).

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Um dos mandados contra Cabral foi expedido pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. O outro é assinado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, e faz parte da Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato, deflagrada pela PF junto com o MPF e a Receita Federal. A operação investiga o desvio de recursos públicos federais e pagamento de propina em obras realizadas pelo governo do Rio. O prejuízo estimado é superior a R$ 224 milhões, de acordo com o MPF.

O preso de hoje é Sérgio CabralImagem: Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo (Reprodução). PF chega ao prédio de Cabral, no Leblon 

Segundo a PF, 230 policiais federais cumprem 38 mandados de busca e apreensão, dez mandados de prisão –sendo oito preventivos (sem prazo) e dois temporários (com prazo determinado)– e 14 mandados de condução coercitiva expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. As dez ordens de prisão decretadas pela Justiça fluminense foram cumpridas.

A mulher de Cabral e ex-primeira dama, Adriana Ancelmo, também foi levada pela PF, em condução coercitiva – quando a pessoa é encaminhada para prestar esclarecimentos em sede policial. O casal deixou o prédio onde mora sob gritos de “bandido” e “ladrão”, por volta das 7h. Os policiais federais usaram spray de pimenta para dispersar um grupo de manifestantes, que se colocou em frente à viatura policial. 

O preso de hoje é Sérgio Cabral

Além disso, mais 14 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, de Moro. O MPF informou que a Justiça ainda determinou o sequestro e arresto de bens de Cabral e outras 11 pessoas físicas e 41 pessoas jurídicas.

São investigados os crimes de pertencimento a organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências dezenove procuradores do MPF e cinco auditores fiscais da Receita Federal.

No primeiro semestre, executivos da empreiteira Andrade Gutierrez relataram em delação premiada o acerto de propinas sobre obras de urbanização do conjunto de favelas de Manguinhos, além da cobrança de um percentual na obra de reforma do estádio do Maracanã. Segundo os ex-executivos, Cabral teria recebido R$ 60 milhões de propina na reforma do estádio. O consórcio da obra teria sido definido em 2009, antes mesmo da licitação. O custo foi de R$ 1,2 bilhão.

De acordo com as investigações, outras empreiteiras podem ter participado do esquema durante a gestão Cabral. O MPF estima que, no total, as propinas pagas representariam cerca de R$ 224 milhões. “Foi identificado que integrantes da organização criminosa de Sérgio Cabral amealharam e lavaram fortuna imensa, inclusive mediante a aquisição de bens de luxo, assim como a prestação de serviços de consultoria fictícios”, informou o Ministério Público Federal.

Em Curitiba, o desdobramento das investigações da Operação Lava Jato revelaram, de acordo com o MPF, que houve pagamento de propina diretamente a Cabral em razão de um contrato firmado entre a Petrobras e a empreiteira Andrade Gutierrez. O acordo diz respeito a obras de terraplanagem no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio).

Cabral teria recebido, entre os anos de 2007 e 2011, ao menos R$ 2,7 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez “por meio de entregas de dinheiro em espécie”, informou o MPF, com repasses realizados por executivos da empresa para emissários do ex-governador, inclusive na sede da empreiteira em São Paulo. Além disso, os investigadores descobriram evidências do crime de lavagem de dinheiro. Apenas dois investigados, entre os anos de 2009 e 2015, teriam efetuado pagamentos em espécie, de diversos produtos e serviços, em valores que se aproximam de R$ 1 milhão. O crime de lavagem prevê pena entre três e dez anos de reclusão; o crime de corrupção, entre dois e 12 anos, e o crime de integrar organização criminosa, pena entre três e oito anos.

 O preso de hoje é Sérgio CabralFernando Cavendish, proprietário da Delta Construções

Em 2008, a relação dele com empresários do ramo da construção civil, sobretudo o dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, foi investigada –em julho desse ano, o empreiteiro acabou sendo preso pela Polícia Federal na Operação Saqueador.

Perfil 

Cabral foi eleito governador do Estado em 2006 e reeleito quatro anos depois. Antes, havia sido deputado estadual, tendo presidido a Assembleia Legislativa do Rio, e senador. Sua gestão ficou marcada pela implementação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) – 2008, programa que passou a enfrentar problemas na metade do segundo do mandato do ex-governador. Cabral foi alvo de sucessivas denúncias e escândalos de corrupção.

Em 2014, seu nome chegou a ser cogitado pra disputar a Presidência. Pouco antes, ele renunciou ao cargo e assumiu então o vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Mesmo diante da impopularidade de Cabral no estado, Pezão foi reeleito governador do Rio em 2014. 

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