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terça-feira, 8 DE outubro DE 2024

Músicos e empresários discutem transformações do mercado fonográfico no ES

Artistas destacam desafios de remuneração e proprietários de lojas de discos descrevem aumento da procura por formato físico

Por Mariah Friedrich

A Pro-Música Brasil, entidade que representa os produtores fonográficos do país, afiliada à Federação Internacional da Indústria Fonográfica (International Federation of the Phonographic Industry – FPI), divulgou recentemente informações sobre o desempenho do segmento musical brasileiro e os dados revelados se refletem em desafios e oportunidades para os capixabas envolvidos nessa cadeia produtiva.

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De acordo com o relatório, a indústria fonográfica brasileira alcançou um faturamento superior a R$ 1,4 bilhão durante o primeiro semestre de 2024, o que representa um crescimento de 21% em relação ao mesmo período de 2023. Em um resumo postado no Instagram, a Pro-Música indicou que o aumento das receitas do setor foi impulsionado pelo crescimento do streaming.

Enquanto os dados mostram um mercado em expansão, a experiência de músicos como o capixaba Fábio Carvalho, que presenciou uma série de transformações na indústria musical desde o início de sua carreira nos anos 1990, aponta desafios para os artistas para obter a a remuneração por seu trabalhonos streamings.

Músicos e empresários discutem transformações do mercado fonográfico no ES
Fábio Carvalho indica desafios da atual configuração da indústria fonográfica – Foto: Luara Monteiro/ Divulgação

“As plataformas funcionam bem para grandes artistas, mas em questão de dinheiro e até direito autoral no Brasil, assim, através das editoras, a gente recebe muito pouco. Eu, por exemplo, nunca recebi nada de Spotify, nem de outro streaming diretamente. Então é importante na divulgação do trabalho do artista que não é mainstream, tem vantagens e desvantagens, mas financeiramente nunca acrescentou nada na minha vida”, compartilha. 

A experiência de Fábio Carvalho reflete uma das principais críticas ao modelo atual de distribuição de música digital, onde a maior parte das receitas vai para grandes artistas e gravadoras, enquanto os músicos independentes recebem uma parcela muito menor. Desde a era das vendas físicas até a era digital e do streaming, cada fase do mercado digital traz seus próprios desafios e oportunidades e molda a maneira como os artistas produzem, distribuem e monetizam sua música.

Mercado físico cresce e discos de vinil são formato mais procurado

Enquanto as plataformas consolidam seu domínio sobre a indústria fonográfica, a comercialização de música em formatos físicos representa uma parcela ínfima das receitas do setor. No entanto, as vendas físicas também experimentaram um crescimento de suas receitas no período descrito pelo relatório da Pro-Música.

Músicos e empresários discutem transformações do mercado fonográfico no ES
André Loyolla é sócio da loja de discos e selo musical Amigos do Vinil – Foto: Acervo pessoal

O faturamento com vendas de mídias musicais físicas equivaleu a R$ 9 milhões no primeiro semestre, representando apenas 0,6% da receita da indústria fonográfica brasileira. Os discos de vinil foram os mais comercializados entre os formatos, com faturamento de R$ 6 milhões e um crescimento de 22,4%, seguido pela venda de CDs, que atingiu R$ 2,5 milhões.

Segundo o colecionador de discos André Castro Loyolla, sócio da loja de CDs e LPs Amigos do Vinil, a procura pela mídia física tem aumentado cada vez mais, principalmente nos últimos cinco anos. “Com a ajuda do digital, muitos já conhecem artistas novos que estão lançando os seus vinis em forma independente e estão aderindo a isso”, relata o sócio proprietário do empreendimento.

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O interesse por produtos físicos na loja Amigos do Vinil, localizada no Shopping Praia da Costa, em Vila Velha, cresceu também entre o público mais jovem, como revela André Loyolla. “Atualmente, 65% dos clientes da loja têm menos de 35 anos, e desses, 70% têm menos de 25 anos, muitos conhecem os artistas digitalmente, mas preferem o vinil pela qualidade sonora superior”, detalha.

O grupo Amigos do Vinil, que mantém um selo musical além da loja de discos, realizou nove projetos de financiamento coletivo para lançar vinis de artistas capixabas, tanto de gravações antigas quanto de novos lançamentos. “Nosso objetivo é fomentar a cultura capixaba. Tanto que os vinis que produzimos, durante a fase do financiamento coletivo, sai a preço de custo para todos que aderirem ao projeto”, explica André Loyolla.

O décimo lançamento pelo selo já está em desenvolvimento e será divulgado em breve no Instagram da loja, @amigodoviniloficial.

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