Na análise do economista capixaba Eduardo Araújo, o preço do combustível foi o vilão na elevação da inflação
Por Amanda Amaral
A variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país, bateu recorde com a variação de 1,62%, entre março e fevereiro, sendo a maior apresentada em 28 anos. Os preços dos combustíveis continuam impactando a economia, segundo especialistas.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (08) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse foi o maior resultado para o mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implantação do Real.
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Acumulado em 12 Meses
No acumulado em 12 meses, o índice registrou 11,3%. Cabe ressaltar que essa também é a maior variação do IPCA desde outubro de 2003, quando havia ficado em 13,98%.
“Nos próximos meses, a inflação deve se manter em torno de 10%. Mas, podemos ter surpresas que mantenham as projeções elevadas. O conflito no leste europeu não se encerrou e o preço dos combustíveis continuam causando efeito em toda a economia.
Também podemos ter problemas com custos de produção na agricultura, já que os fertilizantes são importados dos países do leste europeu”, analisou o integrante do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e Associação dos Consultores do Tesouro Estadual (Acees), o economista Eduardo Araújo.
Cabe registrar ainda que o IPCA, está muito além da meta prevista pelo Banco Central (BC), que era de 3,50% para 2022 e 3,25% para 2023, com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Grupos de Despesa em Destaque
Grupos como o da alimentação, dos transportes e de habitação registram altas de preços acima da média da inflação oficial. Os preços dos alimentos, por exemplo, subiram 11,62% em 12 meses, puxados por itens como cenoura (166,17%), tomate (94,55%) e hortaliças e verduras (33,29%).
Os transportes acumulam alta de preços de 17,37% em 12 meses, puxados pelos combustíveis (27,89%). A gasolina subiu 27,48%, o óleo diesel, 46,47% e o etanol, 24,59%. Também se destacam o transporte por aplicativo (42,74%) e o seguro voluntário de veículos (16,43%).
Já os gastos com habitação tiveram aumento de 15%, com variações de preços de 28,52% para energia elétrica residencial e de 29,80% para os combustíveis domésticos, o que inclui o gás usado para cozinhar.
Preço dos Combustíveis
“Houve uma pequena desaceleração no preço do barril de petróleo, que chegou a US$ 125,00. Atualmente, ele está em torno de US$ 100,00. Além disso, contamos com uma taxa de câmbio baixa, frente à valorização do Real, mas mesmo assim os preços dos combustíveis ainda exercem pressão comparado ao que tínhamos no início do ano, com o barril a US$ 85,00 e US$ 80 dólares”, explica Eduardo Araújo. Para o pesquisador do IBGE Pedro Kislanov, os combustíveis tiveram um destaque no mês, não apenas para aumentar a taxa dos transportes como também de outros itens.
“Em março, há um efeito da alta dos combustíveis, principalmente da gasolina e do diesel, que aumentam o custo do frete, sobre outros componentes do IPCA, como por exemplo, a própria parte de alimentação e bebidas. Há um componente do custo de frete que acaba sendo repassado para o consumidor”, explica.