27.1 C
Vitória
terça-feira, 23 abril, 2024

Itaipava intermediava o pagamento de propina a políticos

Delações premiadas de executivos da Oderbrecht apontam novo parceiro na distribuição de propina: o grupo Petrópolis, comandado pelo empresário Walter Faria.

O pacote de delações premiadas da Oderbrecht causou mais uma inesperada revelação ao Brasil e, novamente, sacudiu o cenário político: os depoimentos agora atingem gigantes da iniciativa privada. Relatos preliminares cedidos aos procuradores responsáveis pelas investigações no âmbito da Operação Jato apontam o um novo parceiro da empreiteira na distribuição de propina: o grupo Petrópolis, proprietário da marca Itaipava, comandado pelo empresário Walter Faria.

- Continua após a publicidade -

A relação entre as duas empresas foi desvendada pelo depoimento do diretor-presidente da construtora, Benedicto Barbosa Junior. Sediado no Rio, “BJ”, como se tornou conhecido, era um dos elos com Walter Faria. Com ele, a Polícia Federal apreendeu diversas planilhas de pagamentos a políticos que apontaram a relação com o grupo Petrópolis. Em uma delas, ao lado do nome do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), aparece a palavra manuscrita: “Itaipava”. No fim da linha, o valor total: “1.000”. Na campanha de 2014, vencida por Pezão, a Petrópolis doou R$ 6,6 milhões ao comitê financeiro único da campanha do PMDB ao governo do Rio, além de outros R$ 4 milhões à direção estadual do PMDB do Rio.

De acordo com os relatos, entre os métodos mais empregados para o pagamento de propinas estava a utilização de operadores financeiros que geravam dinheiro em espécie repassado aos políticos. Também ocorriam transferências bancárias no exterior, em operações de lavagem de dinheiro, e o uso de empresas intermediárias, como era o caso do grupo de Walter Faria. 

Nos próximos dias, deverá ser esclarecido o percurso do dinheiro até o bolso dos políticos. Até agora, os depoimentos colocaram sob suspeita a construção de três fábricas da cervejaria Petrópolis, feitas pela Odebrecht em Pernambuco, Bahia e Mato Grosso. A empreiteira teria acordado com o grupo Petrópolis que repassasse parte do valor das obras diretamente aos políticos, sendo depois abatida dos pagamentos do contrato de construção das cervejarias. 

Itaipava intermediava o pagamento de propina a políticosVanuê Faria, sobrinho de Walter faria, foi sócio da Odebrecht na compra do Meinl Bank, no paraíso fiscal de Antigua, no Caribe.  

A delação premiada do administrador Vinicius Borin, responsável por abrir contas secretas para a Odebrecht no exterior, foi um dos indícios mais contundentes até agora: ele contou que um dos herdeiros do grupo Petrópolis, Vanuê Faria, foi sócio da Odebrecht na compra de um banco no Caribe para movimentar propina. Vanuê é sobrinho de Walter Faria e entrou com um terço da participação na filial do Meinl Bank, em Antígua. Há ainda a suspeita de que uma conta na Suíça de Walter Faria tenha recebido transferências do lobista Júlio Camargo, que atuava na Petrobras.

As investigações apontam que o dono da cervejaria recebeu um empréstimo milionário do Banco do Nordeste para construir uma fábrica, e fez doações igualmente milionárias à campanha presidencial de Dilma Rousseff. Por nota, o Grupo Petrópolis afirmou que “fez exclusivamente doações eleitorais legais e devidamente registradas no TRE”. 

Imagem: Reprodução web

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA