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sábado, 27 abril, 2024

Intermodalidade e biodiesel são desafios no transporte no ES

Assuntos foram apontados por especialistas durante o Fórum CNT de Debates, que reuniu governo e empresários na sede da Fetransportes, em Vitória

Por Gustavo Costa

Um espaço de diálogo entre setor de transportes, a sociedade brasileira e os poderes constituídos, em busca de soluções para o desenvolvimento da infraestrutura e do transporte nacional. Essa é a premissa do Fórum CNT de Debates, que chegou à Vitória nesta terça-feira (27).

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Promovido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o apoio da Federação das Empresas de Transporte do Estado do Espírito Santo (Fetransportes), que sediou o evento, o Fórum se coloca como grande oportunidade para os empresários do transporte de cargas e passageiros apresentarem suas necessidades às autoridades locais.

Estiveram presentes o presidente da CNT, Vander Costa; o presidente da Fetransportes, Renan Chieppe; o governador do Estado, Renato Casagrande; e o vice-governador, Ricardo Ferraço. “Mais do que mostrar o trabalho, o objetivo do Fórum é estar nas bases para a gente poder ouvir as reivindicações. Quais são os desejos dos transportadores, para podermos representá-los no Brasil inteiro. O primeiro evento foi feito o ano passado ainda em Natal, estamos aqui em Vitória”, lembrou Costa.

O dirigente explicou que infraestrutura é inerente à CNT e passa pela intermodalidade. “A gente defende que o transporte precisa de ser visto de forma ampla, tem que ser de forma estruturada para poder ter viabilidade. Defendemos que não existe concorrência entre os modais rodoviário, ferroviário e, muito menos, com a cabotagem, um complementa o outro”, disse.

O presidente da CNT lembrou que Vitória teve a experiência de ser a primeira cidade a privatizar um porto no Brasil e mostrou que tem consciência que, para se ter sucesso, é necessário que existam também outros modais eficientes, ferroviário e rodoviário, para poder atrair os investimentos para o porto. “Por mais eficiente que o porto seja, se não tiver contêiner para transportar, não irá atingir o objetivo. Então a intermodalidade é um modelo que tem que ser tratado de forma conjunta. Tem que se estudar o projeto como um todo e é isso que a CNT tem defendido em Brasília e no Brasil”, falou.

A preocupação do biodiesel

Para Costa, um setor de transportes chega à eficiência quando uma série de ações e decisões são feitas, indo da ampliação de estradas, passando por valores justos de tributos e chegando até ao combustível que as empresas usam para transportar as riquezas pelo país. “Estamos, aliás, muito preocupados com a mistura de biodiesel. A CNT já encomendou uma pesquisa que mostrou que aumentar o biodiesel acima de 8% traz o efeito contrário do que está sendo divulgado pelo governo. E o aumento do consumo de diesel traz uma perda de eficiência de até 15% do veículo. Os caminhões perdem eficiência e também aumenta a emissão de CO²”, analisou.

Ele citou que a emissão assusta, já que são 7,5 milhões de caminhões e 1,5 milhão de ônibus. “Eu tenho acompanhado com muita frequência notícias que um caminhão parou, subindo uma BR, na serra, por defeito mecânico. É biodiesel entupindo bico-injetor, que dá uma pane mecânica e o caminhão fica parado. A gente tem experiência disso também no transporte de passageiros, com mais consequência, já que na hora que um ônibus começa a falhar e para no meio da pista, tem um motorista insatisfeito com um caminhão, mas têm mais de 40 passageiros xingando o empresário. A culpa não é nossa, a culpa é de uma mistura feita sem nenhuma base técnica”.

A CNT defende, de acordo com Costa, a inovação, a substituição energética. Isso passa pelo uso do biocombustível de qualidade, diferente do biodiesel de base ester. As grandes montadoras não estão investindo em biocombustível por já terem concluído que isso não é solução. A Europa está preocupada com a emissão de poluentes e ela importa a HVO produzida no Paraguai. Ela não está interessada em importar o biodiesel brasileiro. Então, eu estou sendo repetitivo para poder cumprir o dever de que nós lutamos e lutamos muito para poder manter a mistura nos 10%”, pontuou.

Fazendo o dever de casa

O evento foi aberto pelo presidente da Fetransportes, Renan Chieppe, que falou das realizações da entidade e dos números do setor. “Um dos frutos é esse evento que vai ao encontro de um dos pilares da atuação da nossa gestão à frente do sistema de Fetransportes, que é dar mais protagonismo ao setor, por meio de geração de conteúdo, participação em temas essenciais e a representatividade do setor. Se falamos em protagonismo, precisamos recorrer a alguns grandes números do setor”, disse.

A frota capixaba é composta por mais de 132 mil veículos comerciais. São mais de 47 mil trabalhadores e mais de 3100 empresas do setor no Espírito Santo. “Nossa arrecadação tributária direta da receita dos sistemas é superior a R$ 250 milhões em impostos, fora do que ela gera na sua cadeia produtiva, como combustíveis, por exemplo, peças, veículos, e representamos 5% do PIB capixaba”, falou o presidente.

Esses números são resultados de um banco de dados que está sendo organizando na Fetransportes, criado justamente pela necessidade de mostrar o trabalho da entidade. “Entendemos ser impossível falar em representatividade sem dados, sem números, pois além de você demonstrar o que são as atividades, são fundamentais para desenvolvimento de estratégias e fixação de objetivos”, explicou Chieppe.

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