26 C
Vitória
sábado, 27 abril, 2024

Imigrantes afegãos acampam no aeroporto de Guarulhos

Nesta quinta-feira (6), a presidente da União das Mulheres Muçulmanas no Brasil informou que havia 46 imigrantes no local

Imigrantes afegãos voltaram a acampar no Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado no município de Guarulhos. Desde o último sábado (1º), o fluxo começou a aumentar, diz a presidente da União das Mulheres Muçulmanas no Brasil, Aline Sobral, que também é fundadora do Coletivo Frente Afegã, rede humanitária criada em agosto de 2022. Por volta das 15h30 desta quinta-feira (6), Aline informou que havia 46 imigrantes no local, sendo 12 crianças.

Na manhã de hoje, o Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, equipamento da prefeitura instalado no aeroporto, informava que 33 afegãos aguardavam acolhimento no local. Desde o ano passado, migrantes afegãos começaram a chegar no país, mas, como não tinham onde se instalar, ficavam nas aéreas comuns do terminal.

- Continua após a publicidade -

Segundo levantamento da prefeitura, no ano passado, os meses em que o posto avançado mais atendeu a afegãos foram outubro, novembro e dezembro – 338, 416 e 290, respectivamente. No total, foram 2.844 atendimentos em 2022. Desde janeiro deste ano, quando 153 afegãos foram atendidos no posto, o número voltou a aumentar. Em fevereiro, foram 186 e, em março, 360.

Enquanto os refugiados permanecem no local, a prefeitura fornece a alimentação – café da manhã, almoço e jantar –, além de água, cobertores e atendimentos socioassistenciais e de saúde. “Em Guarulhos, são cinco residências para acolhimento de migrantes e refugiados, quatro geridas pela prefeitura, somando 127 vagas, e uma gerida pelo governo estadual, com 50 vagas. Todas estão no limite”, diz a prefeitura, em nota.

De acordo com Aline Sobral, a prefeitura, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a organização humanitária Cáritas procuram conseguir abrigo para os imigrantes, mas a falta de vagas dificulta a alocação dessas pessoas. Segundo Aline, o prazo para abrigá-las tem variado de cinco a sete dias e, até lá, elas permanecem no aeroporto. O Coletivo Frente Afegã tenta manter a oferta de café da manhã e jantar.

“Não dão cobertores, não dão colchonetes, e o café da manhã chega às 10h, com um suco pequeno e um bolo daqueles da Ana Maria. Eles estão no jejum do Ramadã e, na hora de iniciar o jejum, não têm o que comer. Se não fossemos nós, da sociedade civil, eles não teriam nem os pães. Para quem está de jejum, tem que esperar até as 19h, para jantar. O almoço para os que não fazem jejum chega após as 14h. Me entristece ler nas outras matérias que eles estão fornecendo o que não estão”, disse Aline.

O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico, em que os muçulmanos ficam em jejum, do nascer ao pôr do Sol.

O posto humanizado do aeroporto de Guarulhos fecha às 19h, e a maioria dos voos chega depois desse horário. “Então, se não fosse o coletivo, e nossos amados voluntários, eles [refugiados] dormiriam no chão e no frio.”

Apoio do estado

Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, nos últimos 12 meses, o estado de São Paulo atendeu, acolheu e encaminhou cerca de 3 mil afegãos. Somente neste ano, foram feitos 700 atendimentos e abrigamentos com recursos próprios do estado e dos municípios de Guarulhos e de São Paulo.

Em fevereiro, com a construção da Casa de Passagem Terra Nova Guarulhos, com 50 vagas, que já estão ocupadas pelos afegãos, a secretaria informou que havia zerado o número de refugiados que acampados na ocasião. Além disso, os sete equipamentos para migrantes e refugiados do estado, com 200 pessoas acolhidas, estão com capacidade esgotada.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo informou que estuda novos cofinanciamentos para atender refugiados em parceria com a capital paulista e municípios da região metropolitana. “[A secretaria] aguarda coordenação e orientação do governo federal para ampliar o acolhimento aos refugiados afegãos e de outras nacionalidades.”

Cidade de fronteira

No dia 23 de fevereiro, a prefeitura de Guarulhos protocolou, no Ministério de Portos e Aeroportos, um pedido para que a cidade seja reconhecida como fronteira aérea do país por causa da chegada de pessoas refugiadas no terminal. A solicitação visa a facilitar o recebimento de recursos para o atendimento de migrantes e refugiados na cidade, que conta com o maior aeroporto da América do Sul.

“A crise humanitária que ocorre devido ao alto número de afegãos que aterrissaram no Brasil pelo aeroporto internacional e que, sem ter para onde ir, permaneceram acampados no local, revelou uma deficiência do país na recepção de refugiados e imigrantes. O prefeito Guti [Gustavo Henric Costa] defende que, como fronteira, Guarulhos poderá desenvolver junto ao Estado e à União uma política permanente de recepção a esse público”, diz nota divulgada pelo município, que informou ainda não haver prazo para devolutiva.

Com informações de Agência Brasil

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA